sexta-feira, 9 de outubro de 2015

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Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Henrique Monteiro
Por Henrique Monteiro
Redator Principal
 
9 de Outubro de 2015
 
Há compromisso ou há enguiço? Passos, Costa e Portas reunidos
 

Acertem os relógios. Às 9 horas em ponto está a começar. O quê? O grande encontro do ano! A reunião entre o PSD e o CDS (PàF) e o PS para ver se conseguem um coiso qualquer, que pode ser compromisso, acordo, consenso, ajuste, convenção, combinação, pacto, união – o nome pouco importa – que permita aos vencedores das eleições governar o país, com o beneplácito e certas cedências ao PS.
À direita, diz-se, houve quem ficasse perplexa (até Manuela Ferreira Leite lhe chama aberração) com as reuniões do PS com a esquerda – com o PCP, já realizada – e com o Bloco, que será segunda-feira porque os bloquistas querem preparar-se bem, segundo afirmaram (embora serem os últimos a falar com os socialistas lhes dê, certamente, algum jeito).
Eu gostava de ser mosca para vos contar as conversas. Mas não sou. Sou um triste cidadão preocupado com o futuro do país, que não faz a menor ideia do que se vai passar. Mas, como escrevo no título, ou há um compromisso (ou chamem-lhe o que quiserem, frase de que gosto particularmente) ou há um enguiço. Porque não creio que o flirt do PS com a esquerda passe de bluff. Escrevi-o ontem e ainda não mudei de ideias; também o Ricardo Costa, que nada combinou comigo, além de que nem sempre estamos de acordo, vai no mesmo sentido. Além de ser bluff seria antinatural e contra a nossa tradição que tem assentado na ideia simples de que ganha quem tiver mais votos. Mas a maioria de esquerda versão 2015 parece ser a preferência de parte do PS (o velho Ferro Rodrigues não andou longe de a defender na Antena 1); felizmente a outra parte tem prevalecido. Aquela que levou Costa a dizer na noite eleitoral que não haveria "coligações negativas". No entanto, se uma maioria de esquerda para um Governo é quase tão improvável como os marcianos aterrarem em Lisboa, pode funcionar sempre em relação a leis concretas. O Observador fez as contas e há 13 leis que podem cair e 28 que podem ser impostas

 
OUTRAS NOTÍCIAS
O Presidente da República apresentou uma proposta de revisão constitucional durante a abertura do Ano Judicial. São sete propostas, algumas já anteriormente referidas ou defendidas por ele, que vão desde a nomeação dos juízes do Tribunal Constitucional, ao prazo para o pedido de fiscalização preventiva da constitucionalidade, passando pela nomeação do Governador do Banco de Portugal. A Luísa Meireles explica tudo.

O PCP apresentou Edgar Silva histórico militante da Madeira, ex-sacerdote, como candidato presidencial. Mais uma dor de cabeça para Sampaio da Nóvoa, que apesar de até agora só ser apoiado pelo Livre (que não tem dinheiro e anda a angariar fundos para pagar a campanha legislativa) e por aquelas que foram as mais altas figuras do Estado (que na realidade não andam a fazer grandes figuras) anunciou ontem manter, estoicamente, a candidatura. Afirma-se que recebeu centenas de telefonemas a incentivá-lo. Mas falta o que ele mais queria - António Costa.
No PS há liberdade para os militantes, mas desde que Maria Belém tem o apoio oficial e declarado de Jorge Coelho e também de Francisco Assis é caso para ter esperanças num resultado honroso e num PS mobilizado.
Falta falar o Bloco de Esquerda e… claro, Marcelo. Mas ele vai avançar. E com muitas hipóteses de ganhar… a menos que… bem isso são outras contas.

O BCP fundiu-se com o Banco Privado do Atlântico em Angola. Um dos principais acionistas dos dois bancos é o mesmo - Carlos Silva, um apoiante e protegido do vice-presidente Manuel Vicente que, por sua vez tem todas as ligações diretas ao presidente José Eduardo dos Santos. Mas, em Angola, quem importante não as tem? Esse é justamente o tema de uma tese de Ricardo Soares Oliveira, professor associado de Oxford que publica uma tese sobre o capitalismo de Estado e o Estado paralelo em Angola no livro a ser lançado 'Magnífica e Miserável, Angola desde a guerra civil'. Amanhã, a revista E (a nossa revista) tem um entrevista desenvolvida com o autor.

Armando Vara, co-arguido de José Sócrates na 'Operação Marquês' foi libertado contra uma caução de 300 mil euros. O ex-ministro abandonou assim a prisão domiciliária depois de depositar o pecúlio.

A vigarice da VW já era conhecida pelo presidente da empresa nos EUA desde 2014. Não se pode dizer que tenha sido rápido a atuar. Entretanto, na Alemanha houve buscas na sede da empresa.

Claro que nada disto tem a ver com vigarice, mas ocorreu-me que Joseph Blatter, presidente da FIFA, e Michel Platini, presidente da UEFA, foram ambos suspensos por 90 dias. Foi a própria Comissão de Ética do organismo que rege o futebol a suspendê-los. A ver vamos se e quando o caso chegar aos tribunais comuns.

Mas isto não são só dirigentes. Lionel Messi é acusado de fraude fiscal e a procuradoria espanhola pede a ‘ligeira’ pena de 22 meses e meio de prisão. A fraude deu-se entre 2007 e 2009.

Mais importante no Portugal-Dinamarca, Portugal venceu com um golo de João Moutinho e foi diretamente apurado para a fase final. Vejam aqui como foi o desenrolar da partida explicado pela nossa ponta-de-lança Mariana Cabral.

Os russos enviaram uns mísseis contra a Síria que foram parar ao Irão. Disparados a partir do Mar Cáspio, sofreram um estranho desvio que pôs os EUA em estado de alerta.

No Parlamento do Kosovo a Oposição atirou gás lacrimogénio contra a maioria, como protesto.

E hoje é dia de saber quem é o Prémio Nobel da Paz. Sabe quem vai à frente nas apostas? Não, não é o 'nosso' António Guterres, mas sim Angela Merkel - exatamente pelo modo como lidou com os refugiados (hoje mesmo morreu mais um bebé no Mediterrâneo). Está a par com o Papa Francisco. A propósito de Nobel o Wall Street Journal tem um divertido trabalho sobre a dificuldade de convencer alguns dos laureados que, na verdade, ganharam mesmo o prémio.

Por que razão a venda de cigarros aumentou pela primeira vez numa década? Quer saber? Leia aqui.

No filme ‘Regresso ao Futuro’, de 1980, os protagonistas eram transportados para Outubro de 2015… Pois é agora! E o ‘Financial Times’, com a contagem decrescente até ao dia exato – 21/10/2015 – mostra-lhe as diferenças e semelhanças entre o que se pensava acontecer e o que na realidade existe. Também pode ler no Expresso a história de Alice Bowman que cresceu a ver 'O Caminho das Estrelas' e a sonhar com o espaço e, meio século depois, conduziu, a partir da terra, a nave que viajou até Plutão.

E, finalmente, foi sequenciado o ADN de um antepassado nosso com 4500 anos. O interessante é que isso explica muito sobre o mistério das migrações dos hominídeos.

 
O QUE DIZEM OS NÚMEROS
Para fazer uma análise mais fina dos resultados eleitorais, aqui ficam alguns dados.
43% dos eleitores preferiram não votar, ou seja 4 059 465 cidadãos.

No PàF (mais PSD e CDS nas Ilhas) votaram 2072462, ou seja, 38,51% dos votantes e 21,9% dos eleitores;
No PS votaram 1742002, ou seja, 32,38% dos votantes e 18,4% dos eleitores;
No Bloco votaram 549838, ou seja, 10,22% dos votantes e 5,8% dos eleitores;
No PCP votaram 444905, ou seja, 8,27% dos votantes e 4,7% dos eleitores;
Daqui se retira que:
61,49% dos votantes e 78,1% dos eleitores não votaram no PàF
67,62% dos votantes e 81,6% dos eleitores não votaram PS
89,78% dos votantes e 94,2% dos eleitores não votaram Bloco
91,73% dos votantes e 95,3% dos eleitores não votaram PCP
De onde se infere que um Governo apoiado pelo PàF e com o beneplácito do PS tem o apoio de 70,89% dos votantes e de 40,3% dos eleitores;
Um Governo apoiado pelo PS com o beneplácito do BE e do PCP tem o apoio de 50,87% dos votantes e de 28,9% dos eleitores.

 
FRASES
“O deputado mais velho tem 70 anos e foi eleito - ou eleita - pelo PS”, José Rodrigues dos Santos, pivô da RTP 1. O próprio, assim como a RTP, já disseram tratar-se de um erro, mas há quem suspeite que foi propositado, tendo em conta a homossexualidade assumida do visado. O PS, partido por que foi eleito Alexandre Quintanilha já exigiu desculpas. Mas o jornalista, também escritor de sucesso, acrescenta: “Achar que fiz piada mostra que está tudo louco” (não era preciso estarem todos, bastava ele, digo eu que acredito na sua versão na sinceridade das desculpas que apresentou, em direto, ao visado).

“Posso ser, ao mesmo tempo, uma escritora, uma repórter, uma socióloga, uma psicóloga”, Svetlana Aleksievich, vencedora do prémio Nobel da Literatura, que daquilo tudo sendo essencialmente repórter conseguiu a maior distinção literária do mundo. (Só me preocupa que o jornalismo passe a ser considerado parte da literatura, nomeadamente da ficção).

“Em todo este processo Costa só me faz lembrar aquele jogador de futebol que na hora do penalty (golo fácil) rouba a bola aos colegas para marcar e falha. Pior só quando no jogo seguinte ainda quer ser titular... Como dizem os brasileiros, ‘O cara não se enxerga’”. Duarte Marques, deputado eleito pelo PSD (a tentar ajudar as negociações em curso esta manhã em curso)

"A social-democracia acabou na maior parte da Europa por volta de 1970", Vasco Pulido Valente, no 'Púbico' de hoje. (É possível que tenha acabado há 45 anos, mas só agora é que nós, pessoas menos dotadas, estamos a dar por essa possibilidade).

“Que tal um Presidente verdadeiramente negro que possa realmente lidar com as divisões raciais?” Rupert Murdoch num twitt de apoio ao candidato republicano Ben Carson, que na opinião do magnata da Comunicação Social deve ser, esse sim, mesmo, mesmo negro a sério

 
O QUE EU ANDO A LER (OU ASSIM)
Ando a ler coisas densas (desde a exegese do Laudato Si’ publicado na última revista Brotéria, até um livro que ainda não saiu e cujo título - “Política e Corrupção, Branqueamento e Enriquecimento” – pode não dar a ideia de ser uma coletânea de bons textos jurídicos de Paulo Saragoça da Matta) pelo que resolvi recomendar o mais óbvio, apesar do pequeno pormenor de não o ter lido. Mas é negócio certo.
Trata-se do único livro traduzido em português da mais recente Prémio Nobel da Literatura, a bielorussa Svetlana Aleksievich, colega jornalista que ao longo de 35 anos reflete sobre o passado e o futuro da identidade russa (diz a editora portuguesa). O título é, precisamente, “O Fim do Homem Soviético” e podemos categorizá-lo mais em ensaística jornalística do que em novelística.

E aqui fica o fim do Expresso Curto de hoje e desta semana, recordando sempre com alegria que amanhã é dia de Expresso semanal e que hoje, ainda, terá o seu Expresso Diário às 18 horas em ponto, já com novidades da cimeira Passos-Costa.

Segunda-feira pela manhã aqui teremos, bem tirado pelo Pedro Marta Candeias – homem de vários talentos e recursos, desde o piano ao toque de calcanhar – o Curto a que temos direito logo pela manhãzinha.

Passem um boa dia e um excelente fim de semana

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