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sexta-feira, 16 de março de 2012

sem peias [transcrevo]... o comentário do ricardo montes... das contestações... por onde andam...?

"Muitos questionam o porquê da contestação docente estar pelas "ruas da amargura"... A pergunta é bem feita, pode permitir alguma reflexão, no entanto, permitam-me alargá-la:

Porque é que a contestação docente sempre esteve pelas "ruas da amargura"?

Esta é a questão que todos se deveriam colocar. Eu próprio coloco-a diversas vezes, mas nunca consigo chegar ao cerne da mesma. Assim, e para ver se alguém por aí me ajuda, começo por colocar os argumentos relativos a diversas formas de contestação e que são utilizados de forma recorrente por um "colega junto de si":

a) Greves de um dia dificilmente têm a adesão pretendida (depende se sou diretamente afetado pela medida contestada... como fiz da última vez, já não faço desta);

b) Greves de mais de um dia são tarefa impossível (ninguém vai aderir... não me vou meter nisso. É muito dinheiro);
c) Greves de zelo são de difícil implementação (não é necessária convocatória, não se traduz em prejuízo salarial mas o impacto é bastante reduzido. Para além disso ainda vão dizer que sou preguiçoso agora que sabem que pertenço a uma classe bem paga);
d) Greves aos exames ou às avaliações virtualmente impensáveis (ui... da outra vez, convocaram serviços mínimos. Nem quero pensar nisso);
e) Manifestações e vigílias já cansam (mais uma? Só adiro se for perto ou o transporte for pago. Para além disso não posso lá ficar muito tempo porque tenho outras coisas para fazer);
f) Acréscimo na quota sindical, para suportar os dias de greve é demasiado "pesado" (nem pensar, pois a quota já é suficientemente grande);
g) Mobilização dos professores contratados fraca a inexistente (somos muitos... a organização é complexa... depois não me renovam o contrato... xii... e a avaliação... dou aulas em muitas escolas, é complicado);
h) Petições são às centenas (já assinei várias... é pá, acho que até já assinei duas vezes a mesma... e isso é para quê? Para aumentar a componente letiva de que grupo? Quem é que vai imprimir e entregar? O normal é que depois quem criou a petição não saiba o que fazer a seguir, por isso mais vale estar quieto).

Não sei se esgotei todos os argumentos normalmente utilizados por quem está insatisfeito... O problema é que no meio de tanta insatisfação, de tanta reclamação, quando chega o dia D ou a hora H, lá surge uma qualquer desculpa. E não são dois, nem três colegas que procedem desta forma... São imensos!


Surge então, de novo, a questão: Porque é que a contestação docente sempre esteve pelas "ruas da amargura"?
"

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