"Um dos danos colaterais da política de austeridade
foi confundir medidas desesperadas com grandes virtudes políticas.
Exemplo disso é a justificação dos cortes salariais da Função Pública
com a sua suposta maior protecção contra o desemprego. O desespero para
equilibrar o Orçamento não é uma reforma do sector público. Na
realidade, muitos funcionários tiveram os cortes e correm o risco do
desemprego. Isto porque muitos andam há décadas entre recibos verdes e
contratos a prazo. A saga dos professores ditos "contratados" ilustra o
ponto: são dezenas de milhar a ficar desempregados a partir de Setembro.
A sua situação é igual ou pior do que a dos desempregados do privado.
A grande divisão no mercado laboral não é entre
público e privado, mas entre quem tem contratos de longo prazo e quem os
tem a termo, seja no público ou no privado. Divisão que também é
geracional, já que são os mais jovens (embora muitos a chegar aos 50
anos) também os mais ‘precários'. A tão louvada ‘juventude' é quem mais
arrisca ser dispensada à primeira por empresas e pelo ‘Estado social'.
Não admira que se ponham a milhas daqui."
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