domingo, 3 de novembro de 2013

entrevista [do criador de monstros]... 'Parlamento devia decretar estado de emergência nacional'... de ângelo correia... no i...!

"O antigo deputado considera que o corte nas pensões é imoral, sobretudo porque hoje são os avós que sustentam filhos e netos

Ângelo Correia tem um vasto percurso político: participou na criação do PPD, foi ministro da Administração Interna de Pinto Balsemão, esteve ligado à educação e à cultura e foi deputado à Assembleia da República, onde esteve ligado a diversas comissões parlamentares, da Defesa à Economia e Finanças. Actualmente é presidente da Fomentinvest e da Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa, mas está e esteve ligado a muito mais empresas, de diversos sectores de actividade. Ângelo Correia é considerado o mentor do actual primeiro- -ministro, Pedro Passos Coelho. Falámos sobre proximidades, rupturas e liberdade - a propósito deste texto, em primeiro lugar -, num país que considera estar à beira do abismo.

Os deputados exercem a sua actividade com total liberdade?
Um deputado não tem hoje a liberdade que devia ter num regime democrático, na exacta medida em que está vinculado ao partido de uma maneira excessiva em detrimento da dependência do voto popular. O voto não se exerce na pessoa do deputado.

Esse assunto é recorrente, mas não se altera nada. Porquê?
Os pequenos partidos não o desejam, porque sabem que é uma condicionante muito grande ao seu futuro.

Nas eleições autárquicas os independentes ganharam terreno. Porque são os partidos tão fechados a independentes?
Os partidos são pequenas torres de marfim de qualidade inferior. Em primeiro lugar, estão muito fechados ao mundo, quer ao mundo nacional, quer ao mundo exterior a Portugal. Em segundo lugar, não desejam expressar uma grande capacidade de renovação, porque isso cria um espírito de concorrência interno que, naturalmente, perturba alguns dos seus membros. Em Portugal os partidos políticos funcionam como funciona quase toda a sociedade: entre linhas estanques. Temos horror à colaboração entre vários sectores, áreas, pessoas, debates, diálogos, troca de ideias? Isso é nefasto para um país moderno, plural e aberto. E as grandes ideias devem ser discutidas antes de se formar governo, de modo que se saiba exactamente o que se quer, por onde se vai, com quem se vai e como se vai.

Este governo não sabia isso?
Nenhum governo em Portugal sabe.

Qual é o grau de controlo de um partido no governo que origina?
Se um partido funcionasse com as características de diálogo, de monitorização da acção de um executivo seu ou de outrem, a situação estaria normalizada. Só que em Portugal acontece o oposto, o processo está invertido. Os partidos geram os governos, mas são os governos que controlam os partidos.

Porquê?
Porque o poder, em Portugal, está mais concentrado no executivo do que nos partidos, quando geneticamente ele emerge do partido. Com isso debilita-se - para não dizer anula-se - a capacidade do partido de ser uma influência de monitorização, de correcção ou afirmação empática com o que o governo está a fazer.

O partido deixa de ter essa capacidade por se sentir refém do executivo?
Às vezes os partidos não se sentem reféns, tornam-se reféns.

Em que situação?
Quando não tem expressão suficiente de uma vontade política. O grande jogo, a grande questão, está sempre no exercício de uma vontade. Exercer uma vontade significa correr riscos. Quando ela falha, falha tudo. A guerra é sempre um exercício de vontades, a política, não sendo guerra, também. Para isso é preciso que as pessoas queiram manifestar diferença e a diferença por vezes não é suficientemente bem aceite. E voltamos à questão da liberdade.

Pelas suas respostas, não existe liberdade nenhuma.
As pessoas é que a não desejam suficientemente, às vezes. O problema não está em regras criadas, em rituais estabelecidos. Eu não vejo exercícios deliberados de ninguém no poder para coarctar a liberdade de ninguém? Mas vejo uma submissão excessiva sem haver uma vontade dessa submissão. Não vejo nenhuma liderança partidária a exigir ou impor uma submissão aos militantes, aos deputados, a outros colegas, não vejo. Todavia, muitos dos que estão em planos inferiores aceitam naturalmente, quase acriticamente, uma subordinação que não foi requerida nem desejada."

para ler o resto da entrevista... siga a ligação baixo...


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