no público...
"O presidente da Associação Nacional dos Professores Contratados (ANVPC) e os dirigentes das duas associações que representam os directores escolares afirmaram na manhã desta quarta-feira que estão a receber" inúmeras denúncias" de “situações inexplicáveis” e de “erros aparentes na colocação de docentes”, que estão a criar “uma imensa confusão” nas escolas em cima da abertura do ano lectivo. “As listas foram conhecidas ao fim da tarde de ontem, os professores só agora começam a apresentar-se e a cada minuto que passa são detectadas mais casos – temo bem que isto seja apenas a parte visível do icebergue”, disse o PÚBLICO o dirigente da Associação Nacional de Directores (ANDE) e presidente do Conselho das escolas, José Eduardo Lemos.
Adelino Calado, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Pública (ANDAEP), citou o caso de um professor que entrou no quadro em Agosto e que foi parar à escola que dirige para preencher um horário de 17 horas quando tinha horário completo naquela em que deu aulas no ano passado e para a qual tinha sido pedida a renovação; referiu a situação de dois pedidos de renovação de contratos de pessoas em situações semelhantes, um dos quais ficou colocado na sua escola e o outro não, apesar de o lugar não ter sido ocupado. E também aqui o caso corresponderá a turmas sem professor.
Há outros casos, como o de uma docente do quadro que concorreu à mobilidade interna por falta de componente lectiva, que entretanto foi retirada do concurso porque tinha horário e que aparece nas listas como retirada para a mobilidade estatutária, que não pediu, apontou Eduardo Lemos.
Todos são cuidadosos, evitando referir-se a erros, mas sim a "situações que apontam para erros" ou que "parecem resultar de erros". “São casos que parecem resultar de erros humanos e manuais, digamos assim. De algo que pode acontecer quando um funcionário tira uma pessoa de uma lista e se esquece de a colocar noutra. Não parece ser consequência de um erro de um sistema informático consistente e robusto como deve ser o do MEC”, concretizou o presidente do Conselho das Escolas.
Tanto José Eduardo Lemos como outro dos dirigentes da ANDE, Pedro Araújo, ressalvam que ainda estão a tentar perceber o que se passou, mas dizem que "não será estranho se se concluir que as situações resultam de de erros nas colocações". O primeiro frisa que “na parte final o MEC conduziu todo o processo à pressa, a queimar etapas, com a pressão de ter tudo pronto para o início das aulas”. Pedro Araújo lembra "situações inusitadas", “como os contactos feitos à noite, dando duas horas aos directores para que indicassem os professores que estavam em concurso de mobilidade interna por falta de componente lectiva e a quem, entretanto, tinha sido possível atribuir horário”. “Isso, as plataformas informáticas com indicações pouco claras e de preenchimento confuso, os pedidos de informações avulsas e com prazos de resposta apertados podem ter contribuído para tudo isto, mas não sei”, disse, acrescentando esperar que, "a haver erros, o MEC os assuma e não atire responsabilidades para os directores”.
César Israel Paulo referiu-se essencialmente aos casos dos contratados – professores que não viram satisfeitos os pedidos de renovação (acordados entre eles e os directores) e cujos lugares ficaram vagos; alguns em que foram colocados coutros contratados naqueles lugaeres; e outros ainda em “que nas listas os docentes aparecem como tendo sido colocados num horário de 14 horas, por exemplo, mas que ao procederem à aceitação, na plataforma informática, já estão com um horário de 22” . Tal como os directores, diz ainda estar a recolher dados, "para tirar poder conclusões sobre o que estará na origem de tantas confusões".
Nas redes sociais, professores colocam a hipótese de o problema das renovações de contratos poderem resultar do mau preenchimento da plataforma informática disponibilisada pelo MEC para que que fosse manifestado o interesse nas renovações de contrato e, simultaneamente, os horários (ou horas) sobrantes. Isto, admitindo que os directores teriam pedido a renovação e excluído os horários respectivos das "horas sobrantes". Um possível erro que uns atribuem aos dirigentes escolares e outros à falta de clareza das plataformas informáticas. Nenhum dos professores contactados pelo PÚBLICO admitiu ter cometido esse lapso.
As listas de colocação dos professores foram conhecidas na tarde desta terça-feira. Dados divulgados pelo MEC indicam que o número de docentes do quadro que iniciam o ano sem componente lectiva caiu de 2185, em 2013, para 917, no início deste ano escolar e que de entre os 28.367 professores sem vínculo que se candidataram, ficaram colocados, esta terça-feira, apenas 3256. Foi ainda dito que há 3435 horários por preencher, a maior parte dos quais "são relativos às escolas integradas em Territórios Educativos de Intervenção Prioritária [TEIP] e com contrato de autonomia” e “serão ocupados através da Bolsa de Contratação de Escola", especificou o MEC.
Esta quarta-feira os dirigentes escolares manifestaram-se preocupados com o facto de não saberem ainda quando terão professores para aqueles horários, entre os quais não sabem se estão os que resultam na não renovação de contratos que haviam sido pedidos.
O PÚBLICO aguarda esclarecimentos do MEC sobre este assunto."
aqui.
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