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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

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Expresso
Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Martim Silva
Hoje por Martim Silva
Editor-Executivo

 
5 de Fevereiro de 2015
 
Deram-lhes a gravata… e apertaram (bem) o nó
 
Bom dia!
Esta é a melhor definição que li do que aconteceu nos últimos dias: um italiano, Renzi, deu a Tsipras uma gravata. Outro italiano, Draghi, apertou o nó. E apertou-o bem, acrescento eu.
Em plena tournée de charme de Tsipras e Varoufakis pelas capitais europeias, a notícia vinda do BCE caiu como uma verdadeira bomba (ou como um duche de água fria na pretensões helénicas).

Se há dois dias o ministro da Finanças grego utilizou o Financial Times para divulgar a mudança suave de planos e o suavizar do discurso grego, agora foi o mesmo jornal a divulgar online a notícia que vai seguramente marcar o dia de hoje. A explicação da decisão do banco central é cristalina: “The early ban signals the ECB's intent to take a tough line on Athens' attempts to secure funding from the central bank in the three month period between the exit of the bailout programme and the agreement of a new "contract" with eurozone leaders”.

A decisão do BCE de deixar já nesta altura de aceitar a dívida pública grega como garantia nos empréstimos aos bancos daquele país significa, como afirma João Silvestre, coordenador de Economia do Expresso, “uma pressão adicional para a desvalorização da dívida grega no mercado e dificuldades adicionais para a banca da Grécia.”
Na Rádio Renascença, Francisco Sarsfield Cabral explica a decisão com uma frase lapidar: “Se não querem falar connosco então também não contam com esta facilidade”.

O Governo grego já respondeu entretanto, tirando a pressão dos seus ombros e dizendo que a decisão do BCE tem como consequência aumentar a pressão… sobre o Eurogrupo, para que rapidamente encontre uma solução depois da recusa dos gregos em acordarem a extensão do programa de resgate.

O périplo europeu dos responsáveis gregos, que passou ontem por encontros com Juncker, Schulz, Tusk, tem hoje um momento particularmente sensível, com o encontro na Alemanha entre Varoufakis e o poderoso homólogo alemão, Wolfgang Schauble.
Sobre o que querem fazer os alemães em relação à Grécia vale a pena relembrar o que afirmou ontem a chanceler alemã Angela Merkel, que não se mostrou muito convencida que a pressão grega tenha grandes efeitos nos líderes dos países da Eurozona.

A verdade é que os sinais vindos dos encontros dos últimos dias pareciam positivos para os gregos, que acreditam conseguir ter pronto em seis semanas um plano concreto alternativo à atual política de austeridade.

Falando em Varoufakis e no efeito que está a ter um pouco por toda a Europa, vale a pena passar os olhos por este texto do Expresso online, que mostra a forma desempoeirada (e divertida) como se move nas redes sociais.
Sobre a importância do que os gregos estão a fazer vale a pena ler o texto do Daniel Oliveira no Expresso Diário “Quando a Grécia conquista dizem que cede”. Também a entrevista de António Costa hoje ao Público merece destaque.

Ficou também a saber-se que os governantes gregos estão a pensar passar por Lisboa. É sabido que Passos Coelho tem desempenhado o papel de ponta de lança dos que na Europa torcem o nariz às pretensões gregas. Mas o primeiro-ministro (que ontem voltou a falar do assunto) não ficou sem resposta dos gregos, que à sua tirada do “conto de crianças” respondem, através do Diário Económico, que “os contos de crianças trazem sempre esperança”.

Por tudo o que aqui disse, já percebeu que a Grécia e a economia vão continuar a ser pratos fortes das notícias. E hoje há também a divulgação das previsões económicas de inverno pela Comissão Europeia.


Tema forte da atualidade nacional é a pressão crescente sobre Paulo Macedo. Ontem o ministro esteve no Parlamento, onde foi sujeito ao fogo da oposição. E nem se livrou da presença de populares. Aliás, a frase com que foi presentado por um doente com hepatite C “Não me deixe morrer” está hoje na capa tanto do Público como do DN. Para perceber melhor o que aconteceu e a forma como o ministro respondeu às críticas da oposição passe os olhos pelo texto do Expresso Diário e perceba como é que Paulo Macedo quer disponibilizar o dispendioso medicamento da hepatite C a milhares de doentes. Na sua forma crua de explicar as coisas, Passos Coelho saiu em defesa do seu desgastado ministro da saúde e disse que o preço a que as farmacêuticas vendem o medicamento é inaceitável.
O incidente no Parlamento, com a entrada de dois populares (um doente com hepatite c o outro filho de uma doente que morreu) na comissão em que Paulo Macedo respondia Às perguntas dos deputados, é pouco habitual. E o ministro não foi avisado previamente.


OUTRAS NOTÍCIASHoje faz anos Cristiano Ronaldo. Ontem falámos do tema no Expresso Diário e hoje o assunto é capa dos jornais nacionais. Destaque para o texto de Florentino Perez, presidente do Real Madrid, no Jornal de Notícias. Saibda também que o craque acabou de comprar um apartamento de dois milhões na Avenida da Liberdade, em Lisboa. 

As execuções do Estado Islâmico e a escalada da barbárie continuam a ser notícia. A Foreign Policy aborda o tema por um ângulo curioso: A principal fonte de rendimento do Estado Islâmico está a deixar de ser o petróleo.

No Egito, quatro anos depois da Primavera Árabe, e com o regresso da ditadura, o Spiegel foi descobrir o que é feito de alguns dos líderes da revolta da Praça Tahrir.

Aqui mesmo ao lado, em Espanha, o Podemos, herdeiro dos movimentos dos indignados, já está em segundo lugar nas sondagens e Pablo Iglesias torna-se uma séria ameaça aos tradicionais PSOE e PP para as eleições gerais. Será que depois de um primeiro-ministro sem gravata vamos ter um chefe do governo sem gravata... e sem fato?

No Brasil, mais um escândalo de corrupção levou à subtituição da poderosa líder da Petrobrás, Graça Foster. Já há candidatos ao lugar mas a mudança de nomes não é garantia de que os problemas vão diminuir, aponta The Economist. e o escândalo de corrupção no Brasil.

Na China, O fundador e dono do Ali Baba já não é o homem mais rico.

A NASA está a planear uma missão a uma das luas de Júpiter.

No Reino Unido, Brian May, antigo guitarrista dos Queen, pode candidatar-se a deputado.

No cinema, aguarda-se a estreia da adaptação de "Cinquenta sombras de Grey" filme que também tem uma “marca” nacional.

Finalmente, e se tem descurado a linha e não tem calçado as sapatilhas para uma corridinha, saiba que o excesso de jogging pode fazer mal…



FRASES“Sempre recusei que a renegociação da dívida fosse a única e a necessária solução”, António Costa, líder do PS, em entrevista ao Público

"Essa ideia peregrina de que é possível relançar uma economia sem haver aumento significativo do investimento público é uma ideia absolutamente fracassada", idem

“O Banco Central Europeu só tem desculpa se fez o que fez para forçar os políticos a mudarem de política”, Helena Garrido, no Jornal de Negócios

“Podemos estar à beira de uma viragem positiva? Gostaria de estar enganado, mas para os milagres é necessário um fator crítico, invisível em quem hoje manda na Europa: a empatia”, Viriato Soromenho Marques, no Diário de Notícias


O QUE ANDO A LEREle emigrou para França nos anos 60. Fez fortuna e hoje é o 19º homem mais rico de França. Adivinhou de quem se trata? Não? Mais uma pista: é o sócio e parceiro do dono da poderosa Altice, que acabou de comprar a PT. Já sabe de quem falo? Ainda não. Não há azar, cá vai mais uma dica: trata-se de Armando Ferreira. Se nem assim chega lá ou se nunca tinha ouvido este nome, não pode perder o tema de capa da Visão desta semana, que hoje está nas bancas. A reportagem de Cesaltina Pinto e Emília Monteiro traça o perfil e o retrato do homem que veio de Guilhofrei e vale qualquer coisa como três mil milhões de euros.

Judeu, historiador prolífico com mais de 80 títulos publicados, Sir Martin Gilbert morreu ontem aos 78 anos. Autor da mais aclamada biografia de Winston Churchill, é ainda autor de obras de referência sobre Israel, o Holocausto, a I e a II guerras mundiais. Ainda há poucas semanas, a propósito do 50º aniversário do desaparecimento do antigo chefe do governo britânico, voltei a mergulhar nas mais 700 páginas de “Winston Churchill”. Se já leu, vale bem uma releitura (a história da sua vida é fascinante). Se nunca leu, não dará seguramente por mal empregues as horas imersas na escrita de Gilbert.

"O Novo Estado Islâmico, quem está por trás da maior ameaça mundial?" é uma imperdível e de muito fácil e rápida leitura sobre o movimento terrorista que no último ano choca o mundo com as imagens de execuções e está rapidamente a substituir a Al- Qaeda no nosso imaginário coletivo como sinónimo do mal. Da autoria do jornalista Patrick Cockburn, correspondente do britânico The Independent para o Médio Oriente, é sobretudo um guia para conseguirmos entender um pouco melhor o que se passa na região compreendida entre Arábia Saudita, Turquia, Síria, Iraque e Irão, os ódios e tensões entre muçulmanos xiitas (que têm o poder no Iraque, por exemplo) e sunitas, maioritários no mundo árabe. EIIL, JAN (o sucedâneo do Estado Islâmico na Síria), Ahrar ak-Shram ou AQI, wahabitas, são siglas, nomes e referências imprescindíveis para se compreender o mundo que o rodeia.

Finalmente, referência para o lançamento do livro “José Medeiros Ferreira: A Liberdade Interventiva”, antologia biográfica e de memórias que reúne textos de amigos, políticos e companheiros (a começar em Mário Soares, Ramalho Eanes e Jorge Sampaio, que colaboram) que se cruzaram na vida de um dos mais brilhantes, cultos e elevados políticos portugueses das últimas décadas e que nos deixou no ano passado.
Hoje vamos ter um dia com muito frio. Mas também com sol. Faltam 329 dias para acabar o ano.
Voltamos amanhã, para o Expresso Curto tirado pelo Henrique Monteiro…
Tenha uma boa quinta-feira.

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