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segunda-feira, 1 de junho de 2015

coisas da (des)educação [nas palavras]...de luís sottomaior braga...!

"INDISCIPLINA – OS PROFESSORES NÃO SÃO DE FIAR E ALÉM DISSO SÃO IGNORANTES DA SUA PROFISSÃO…



Numa das informações aos pais sobre as provas que decorrem esta semana, preparadas pelo IAVE e que li numa reunião de acalmação da angústia paternal dos exames dizia-se qualquer coisa como “as provas servem para obter resultados sobre o desempenho dos alunos que sejam fiáveis” o que, a contrario, significa que, fora dos exames, os resultados produzidos pelos docentes não são fiáveis.

A boa vontade levaria a dizer que a coisa foi escrita assim porque a escrita clara não é uma das virtudes dos escribas do IAVE. A má vontade, ou o senso do realismo, permite concluir que é mais um sinal da desconfiança face aos professores e à sua capacidade, atávica da “administração educativa” (constituída por professores que, na sua maioria, “optaram” ou foram “optados” e, até, por alguns que renegaram dar aulas para administrar os que as dão…).

No Público de 20 de Maio a atitude subtil prossegue nas declarações de um grupo de trabalho parlamentar sobre o problema da indisciplina, que o estudou, e conclui que, no quadro da sua compreensão, o facto de maior destaque (daí talvez o título de 1ª página do jornal) é que “60% dos professores não tiveram até hoje qualquer formação específica para lidar com o problema.”

São portanto ignorantes. E ignorantes que são, existe largo mercado para ações de formação que os demovam dessa ignorância, que serão feitas pelas instituições de Ensino Superior que detetaram a alegada carência, que outros dirão não ser as melhores e serão trocadas por produto melhor que o Estado (ou os próprios professores) financiarão para ficarem os docentes certificados na ausência de ignorância do problema.

E ainda hão-de ser ações de formação obrigatórias (como as de TIC, em que se esturrou tanto dinheiro no ciclo formativo passado).

Quem me conhecer sabe que nada tenho contra a formação e que, sobre esse assunto, digo sempre: que haja muita e boa. E que, em vez da mera certificação acho que estudar e realizar formação é essencial (daí recusar os mestrados e especializações certificadas bolonhesas em administração escolar, que hoje pululam em que a experiência, mesmo má, vale pelo estudo).

Esse não é o ponto. O ponto é que, mais uma vez, no momento do toque a rebate, se vai lançar a culpa dos problemas à suposta ignorância dos professores (que se recorda são todos, pelo menos, licenciados e profissionalizados para darem aulas e gerirem a indisciplina delas – que faz parte do quadro do exercício profissional, como sempre fez – pelo mesmo Ensino Superior que lança agora o tema de que o problema é a sua falta de formação).

A indisciplina grave é para uma relação pedagógica como uma doença terminal na relação médico/paciente. Terão 40% de todos os médicos formação na gestão de doenças terminais?

E terão 40% dos deputados formação específica para legislar sobre educação?"



no com regras...


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