terça-feira, 7 de julho de 2015

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Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Bernardo Ferrão
Por Bernardo Ferrão
Editor
 
7 de Julho de 2015
 

A última oportunidade de Alexis Tsipras. Será? 


Antes da Grécia, uma notícia triste que chegou com o nascer do dia: Maria de Jesus Barroso morreu. Tinha 90 anos.
Maria Barroso estava internada em coma profundo no Hospital da Cruz Vermelha desde a madrugada de 26 de Junho. Foi fundadora do PS e mulher do antigo Presidente da República Mário Soares, com quem partilhou quase 70 anos de vida. A família informou que o copo estará em câmara ardente, a partir das 18.00 no Colégio Moderno. E o funeral será amanhã no cemitério dos Prazeres. 
Descanse em paz.

Vamos à Grécia:

Não espere encontrar respostas definitivas neste Expresso Curto. E a razão é simples: elas ainda não existem. Será hoje? Bem, nas próximas horas talvez seja possível perceber qual o rumo que tomará a Grécia e a Europa. O dia é de alta política. E as atenções estarão concentradas primeiro no Eurogrupo e depois na Cimeira de chefes de Estado e de Governo, onde Alexis Tsipras irá apresentar propostas (com a reestruturação da dívida na agenda) e já o avisaram que é a última oportunidade. Encontros que acontecem depois de Merkell e Holande terem dito que a “Europa não é só uma união monetária. Tem espaço para a solidariedade.” Mas que é preciso “responsabilidade”. O dia havia de ficar marcado pela decisão do BCE – aqui explicada pelo Jorge Nascimento Rodrigues – que endureceu a posição face à Grécia: “Não aumentando a linha de emergência a que podem recorrer os bancos gregos e ao “ajustar” a redução de valor dos colaterais que apresentam junto do Banco Central da Grécia. A ameaça de colapso bancário é real.” Tsipras pegou no telefone e, esta noite, ligou a Draghi e a Lagarde. Ao líder do BCE disse-lhe que era urgente levantar os controlos de capitais. E da senhora FMI ouviu que o Fundo não pode libertar mais dinheiro para quem tem pagamentos em atraso. A situação é dramática, e o tempo corre contra os gregos (e nada a favor da Europa). E só tende a piorar. Como se explica neste artigo do Expresso Diário, 20 de Julho é a nova linha vermelha. Já lhe chamam o Dia do Julgamento porque Atenas terá de pagar 3,9 milhões de euros ao BCE. Mas concentremo-nos nas próximas horas, dificílimas, e no que já se sabe: 
Associação de Bancos da Grécia manteve o limite de levantamentos nos 60 euros por dia. E os bancos ficam fechados até quarta-feira
Cristine Largarde disse que o FMI está pronto para ajudar Atenas, se assim for pedido (mas isto foi antes de ter falado ao telefone com Tsipras durante a noite). 
A Alemanha, pela voz do vice-chanceler, Sigmar Gabriel alertou que Grécia encontra-se "em risco de insolvência" e que “os países europeus precisam de estar preparados para fornecer ajuda humanitária.” 
Os mercados, conta o Financial Times, estão a preparar-se para uma nova moeda na Grécia. 
Além do ‘não’ no referendo, Tsipras leva para as negociações o apoio da oposição grega. Os comunistas e o Aurora Dourada ficaram de fora da declaração conjunta. 
​Euclid Tsakalotos (Daniel Oliveira escreve aqui sobre “este marxista mais discreto”) tomou posse como novo ministro das Finanças em substituição de Yannis Varoufakis. 

Tsakalotos (a voz moderada do Syriza, como o descreveu a Luisa Meireles), que hoje se estreia no Eurogrupo, não terá tarefa fácil. E, por isso mesmo, já confessou estar “nervoso”. Para trás fica Yannis Varoufakis, o ministro estrela que deixou o Eurogrupo com os cabelos em pé, e que no dia da sua saída viu-se envolvido em nova polémica nas redes sociais. Segundo conta o Wall Street Journal, três horas e meia depois da demissão (o Ricardo Costa traduz o adeus), a sua editora Zed Books enviou um comunicado com excertos da sua obra e dizia que o ex-ministro era “possivelmente o mais cool, carismático e inteligente ministro das Finanças de sempre”. Sugeria-se até uma hashtag para descrever Varoufakis nas redes sociais: #MinisterofAwesome. Os comentários foram muitos. E desagradáveis para o governante que partiu…de mota.

Vamos às frases. E hoje olhamos para o que cá se disse sobre a Grécia:

"A integridade do euro não está em causa e não creio que o resultado deste referendo ponha em causa, nem a zona euro, nem a integridade do euro", Passos Coelho, primeiro-ministro.

“É absolutamente inaceitável que a recusa desta proposta possa servir de pretexto para tentar, ao arrepio dos tratados, excluir a Grécia do euro", António Costa, líder do PS.

“Se o PS quer outra política europeia relativamente à Grécia, deve, em primeiro lugar, queixar-se dos seus homólogos socialistas que por essa Europa fora têm dito coisas muito diferentes do que o PS tem dito em Portugal”, Paulo Portas, líder do CDS.

"Com a sua posição em relação ao referendo, quis demonstrar não é que quer morrer de pé, antes pelo contrário, é um povo que quer viver de pé, com dignidade através da afirmação da sua soberania", Jerónimo de Sousa, líder do PCP.

"O povo grego deu uma grande lição à Europa mostrando que entre a democracia e a chantagem escolhe a democracia.", Catarina Martins, líder do BE.

Ainda sobre a Grécia, há muita opinião:



OUTRAS NOTÍCIAS
Duas bombeiras ficaram feridas no combate ao incêndio no Parque Nacional do Douro Internacional (que esta manhã ainda se mantinha activo). As duas mulheres foram transportadas para o hospital S. João no Porto.

A Direcção Geral de Saúde avisa que há poeiras vindas do norte de África que hoje vão afectar a qualidade do ar.

Iker Casillas pode estar a caminho do F.C.Porto. O Expresso conta-lhe a história. O espanhol A Marca escreve que o acordo está próximo.

É hoje apresentado em Lisboa o livro-biografia de José Cid, com autoria do jornalista Miguel Gonçalves e prefácio de Nuno Markl.


O QUE ANDO A LER
Ontem estive a apresentar um livro que toca numa das grandes feridas da vida política nacional (e não só): As sondagens. Publicado pela Aletheia, o trabalho de Diogo Agostinho e Alexandre Guerra, “Insondáveis Sondagens”, reflecte sobre o trabalho que é feito em Portugal e os sucessivos erros que têm sido cometidos.

Eleição atrás de eleição – vejam-se por exemplo as últimas europeias ou as regionais na Madeira -, as sondagens têm falhado e muito. E as consequências para os partidos e candidatos não podem ser ignoradas. No livro de Agostinho e Guerra o que se pretende é olhar a fundo para esta realidade (tão importante na gestão política), e os contributos de Pedro Santana Lopes (prefácio) e de Paulo Portas (posfácio), curiosamente duas vítimas de sondagens que não acertaram, são reveladores. Santana diz que os estudos de opinião, conjugados com os títulos de imprensa, se tornaram em “quase armas de destruição política.” Já Portas lembra que “se a opinião é quase unânime que as sondagens podem influenciar uma escolha democrática, então esta é uma questão vital.”

Este assunto mereceu, também aqui no Expresso, uma séria reflexão. Em Maio, na ressaca do caso do Reino Unido, publicámos este artigo onde apontávamos já algumas explicações para o falhanço nas previsões. Na altura, entre outras conclusões, percebemos que “para acertar mais nas sondagens, é preciso gastar mais.”

Por hoje fico por aqui.

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