"Veja aqui como ardem estes dois tipos de materiais usados como
isolamento nos edifícios e até nos carrinhos de bebé, bem como nos
bancos dos veículos, autocarros e barcos.
O sistema "capotto" e as fachadas isoladas e ventiladas, parecem
muito bonitas, mas já alguém se questionou sobre a qualidade e
especificidades da sua aplicação, bem como sobre a segurança que é
requerida?
Há muito empreiteiro e biscateiro que não sabe o que faz, tal como há
muitos autarcas que só querem é mostrar a cara do prédio ou bairro
social, lavada para conseguir votos. Por outro lafo, os investidores e
empreiteiros (incluindo os biscateiros) querem é (re)construir o mais
rapido e mais barato possível para receber o máximo de retorno.
Alerto que os bairros sociais portugueses, entre outros edifícios
antigos, designadamente nos Centros Históricos, estão a ser forrados com
um embelezamento muito perigoso e até criminoso. Na gande maioria dos
casos só fazem uma lavagem de cara, mas todo o corpo, ou seja, a
estrutura e os cuidados de segurança, são esquecidos.
Por isso pergunto:
● Quem verifica e certifica a estrutura que passa a ficar escondida e a boa e segura aplicação dos materiais?
● Quem verifica e certifica os requisitos tecnicos e a segurança?
● Quem tem a responsabilidade de verificar a estrutura antes de
forrar o imóvel e de avisar o proprietário ou inquilino sobre os riscos
estruturais e de incêndio?
● Terão os cidadãos consciência dos riscos que correm? Se não são
técnicos, não têm. Logo, alguma entidade tem essa responsabilidade.
Todos hoje sabemos e vemos que o "capotto" e gesso cartonado tapam
tudo e deixam o imóvel muito bonito, mas é necessário verificar e
(re)validar a estrutura do prédio, saber aplicar, que materiais aplicar e
garantir todos os requisitos de segurança do imóvel e sobretudo contra
derrocada e contra incêndio.
Espero que, quem de direito, autarcas, empreiteiros, arquitectos,
engenheiros e protecção civil, ..., tomem os necessários e devidos
cuidados, sendo que serão os responsáveis pelas futuras mortes.
Aqueles que andam por aí a aplicar estes materiais informem-se e
qualifiquem-se devidamente, sob pena de também virem a responder pela
negligência e pelas consequências causadas.
Sejam conscientes e avisem os
proprietários sobre as estruturas que encontram e que vão
cobrir/esconder. O perigo espreita e as consequências podem ser
devastadoras, tal como observamos agora em Londres.
Tenho vindo a defender um modelo de Inspecção Periódica Obrigatória
para a Habitação, tal como fazemos hoje com os nossos carros e
motociclos, devendo os arquitectos e engenheiros, juntamente com os
bombeiros/protecção civil, desenvolver esse trabalho de modo continuado e
de forma mais aprofundada e, sobretudo, sempre que se vende ou restaura
um imóvel mais antigo.
Nenhum imóvel deveria poder ser reabilitado nem habitado sem a
inspecção periódica obrigatória em dia. E, à medida que os imóveis
envelhecem, a inspecção deveria ser mais exigente e aprofundada, bem
como realizada por períodos mais curtos, até que ocoresse uma nova
reabilitação e certificação estrutural e de segurança global.
Tal como fazemos hoje com as viaturas, sempre que um imóvel não
reunir os requisitos habitacionais ou comerciais determinados,
"abate-se" e, sempre que justificável, apoia-se os proprietários mais
carenciados em todo este processo de aquisição e/ou reabilitação do
imóvel. Não é assim que ocorre o apoio ao abate de viaturas? Porque não
fazer o mesmo com as habitações? É que estas são mais importantes que
os carros."
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