"NAS AULAS DO PROFESSOR FRACOTE
Sofro de doença mental. Aqui há
cerca de um ano adoeci. Consultei um psiquiatra de renome e em quem
confiava. Este retirou-me quase toda a medicação. Piorei e fui internado
na psiquiatria dos CHUC (cerca de um mês). Aquando do internamento
estava muito descompensado.
Só hoje à distância de um ano e já totalmente estável, é que vejo o “sem sentido” da minha verborreia.
O Professor Fracote convidou-me para ir às suas aulas falar do que se
passava comigo. Eu prontamente (e cegamente) aceitei e até dizia: “vocês
querem-me ouvir e eu quero falar - por isso juntamos o útil ao
agradável”.
Lembro-me perfeitamente, entrei nas aulas do Professor, completamente fora de mim: gritava, falava de tudo e mais alguma coisa e principalmente da minha vida íntima e sexual. A sala estava cheia de estudantes de medicina: uns riam, outros “choravam” e a maior parte ficava atónita. Eu “sentia-me” importante quando na verdade fiz figura de estúpido!
Sei que o CHUC é um hospital universitário e por isso os doentes servem de cobaias humanas a bem da humanidade. Não sei se é ilegal esta exploração psicológica, sei que no mínimo, é imoral. Durou um ano a minha reabilitação total. Só hoje me sinto lúcido e me apercebo que fui enxovalhado pelo Professor Fracote e os seus pupilos. Sim, voltei com a palavra atrás, porque só agora recuperei e consigo refletir sobre o que me aconteceu e como estava perturbado.
Os doentes mentais não têm direitos. Não são tratados com dignidade. São fantoches nas mãos de alguns psiquiatras que “brincam” com as suas doenças e condições psicológicas.
Há uma grande falta de humanidade por parte de alguns profissionais que apenas querem progredir na carreira à custa dos “maluquinhos”.
(Fracote é uma alcunha fictícia).
in Diário As Beiras 27-11-2017
José A. Crespo de Carvalho"
nota: quem escreve é meu primo em segundo grau e deixo a transcrição do comentário que deixei no fb -
'eu vou 'roubar' a prosa e fico estupefacto com a situação pois bem sei, por experiência própria, que a coisa pode descambar em benefício interesseiro de terceiros... as palavras impressas são testemunho que jamais se perderá e nem todos têm a tua coragem para falar e lidar com os problemas do foro psiquiátrico... estou contigo...!'
Lembro-me perfeitamente, entrei nas aulas do Professor, completamente fora de mim: gritava, falava de tudo e mais alguma coisa e principalmente da minha vida íntima e sexual. A sala estava cheia de estudantes de medicina: uns riam, outros “choravam” e a maior parte ficava atónita. Eu “sentia-me” importante quando na verdade fiz figura de estúpido!
Sei que o CHUC é um hospital universitário e por isso os doentes servem de cobaias humanas a bem da humanidade. Não sei se é ilegal esta exploração psicológica, sei que no mínimo, é imoral. Durou um ano a minha reabilitação total. Só hoje me sinto lúcido e me apercebo que fui enxovalhado pelo Professor Fracote e os seus pupilos. Sim, voltei com a palavra atrás, porque só agora recuperei e consigo refletir sobre o que me aconteceu e como estava perturbado.
Os doentes mentais não têm direitos. Não são tratados com dignidade. São fantoches nas mãos de alguns psiquiatras que “brincam” com as suas doenças e condições psicológicas.
Há uma grande falta de humanidade por parte de alguns profissionais que apenas querem progredir na carreira à custa dos “maluquinhos”.
(Fracote é uma alcunha fictícia).
in Diário As Beiras 27-11-2017
José A. Crespo de Carvalho"
nota: quem escreve é meu primo em segundo grau e deixo a transcrição do comentário que deixei no fb -
'eu vou 'roubar' a prosa e fico estupefacto com a situação pois bem sei, por experiência própria, que a coisa pode descambar em benefício interesseiro de terceiros... as palavras impressas são testemunho que jamais se perderá e nem todos têm a tua coragem para falar e lidar com os problemas do foro psiquiátrico... estou contigo...!'
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