sexta-feira, 16 de novembro de 2012

opinião... (a) pequena história do grande 'ajustamento'... de josé gusmão... via auditoria cidadã...!

"A mais recente visita da Troika a Portugal teve como objectivo principal a elaboração da quinta revisão do programa de ajustamento. O documento de análise do FMI produzido no âmbito desta última revisão, e agora tornado público, é um bom pretexto para fazer um balanço deste programa de ajustamento. Esse balanço é particularmente pertinente num contexto em que foram também tornadas públicas reuniões entre o Governo e o FMI no âmbito da já famosa «refundação» do Estado Social.

Uma das questões decisivas nesta análise é a de tentar mostrar como as consequências do programa de ajustamento do ponto de vista da recessão, do aumento do desemprego e da consequente e crescente insustentabilidade dos nossos níveis de endividamento estão intimamente associadas às propostas que agora surgem, no sentido de empreender um corte profundo nas funções sociais do Estado, com o único argumento de que estas não seriam, pura e simplesmente, sustentáveis.

Mas comecemos pelo princípio: a lógica do memorando da troika era a de proceder a um ajustamento da economia portuguesa através de, por um lado, uma consolidação orçamental, conseguida sobretudo do lado da despesa (as gorduras, diziam-nos), que resolvesse os problemas de endividamento público e, por outro, um processo de desvalorização salarial, que teria um papel decisivo na redução e eliminação do nosso défice na balança de transacções correntes e na promoção do investimento. Um ano e meio depois do início da aplicação deste programa vejamos quais os resultados conseguidos, comparando-os com os objectivos iniciais.

O indicador mais geral do falhanço do programa de ajustamento é o produto. O cenário inicial do FMI subestimou grosseiramente o carácter recessivo das medidas do memorando e, portanto, a sua eficácia na consolidação orçamental. A recessão em 2012 foi muito mais pronunciada do que previsto e vai prolongar-se em 2013, ao contrário do que o FMI previa. O FMI agora prevê uma quebra no PIB de 1%, o que, diga-se de passagem, será mais um erro de estimação. Mesmo assim, o diferencial para o PIB de 2013 entre o cenário inicial e a quinta revisão já atingiu os 3,4%.

Gráfico 1 – FMI, Programa de Ajustamento para Portugal (Cenário inicial e 5ª revisão)
 
No que diz respeito ao Consumo Público, os dados mostram uma redução em 2012 inferior à prevista. A razão está associada à derrapagem no PIB. Uma recessão mais grave do que a prevista provocou um aumento bem maior no desemprego, o que significa um acréscimo na despesa social."

para ler o resto do artigo... aqui.

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