"Há 15 anos, por iniciativa do falecido jornalista João Carreira Bom e
do seu colega e amigo José Mário Costa, nasceu um projecto chamado
Ciberdúvidas, destinado a divulgar e defender a língua portuguesa
esclarecendo dúvidas de falantes.
Durante este tempo, o Ciberdúvidas afirmou-se, deu mais de 30 mil
respostas a dúvidas vindas de todo o mundo, produziu mais de 40 mil
textos sobre o nosso idioma, esteve na origem de programas radiofónicos e
de televisão, nomeadamente o “Cuidado com a Língua!”, emitido na RTP,
ainda recentemente distinguido com um prémio da Sociedade Portuguesa de
Autores e que é, sem dúvida, uma referência do que pode ser um programa
de serviço público.
Iniciativa pura da sociedade civil, num país em que o poeta
contemporâneo mais ilustre proclamou que a sua pátria era a língua
portuguesa, seria de esperar que o projecto tivesse ganho asas, apoios e
crescido imparavelmente. Mas não. A verdade é que está em risco, pelo
simples facto de os CTT, em maré de contenção, terem cortado o apoio a
uma iniciativa de alto mérito, que agora tem como sustentação apenas o
mecenato da Fundação Vodafone, as instalações cedidas pela Universidade
Lusófona e o destacamento de um professor pelo Ministério da Educação,
depois de muita insistência.
Triste sina esta. Um projecto de qualidade, útil e de grande
visibilidade até no Brasil e noutros países lusófonos, que criou uma
ciberescola, é centro de polémica e informação sobre o Acordo
Ortográfico, serve de consulta rápida, tem no seu acervo documentação e
textos essenciais e acessíveis a partir de todo o mundo, está a definhar
e vai seguramente morrer.
O que mais espanta nesta morte lenta é a indiferença do Estado, dos
governantes, mas também das empresas portuguesas de referência, entre
bancos, gasolineiras, fornecedoras e transportadoras de energia,
seguradoras, editoras e até fundações, que não dispensam uns poucos de
euros para defender, divulgar e acarinhar uma iniciativa que protege o
nosso idioma, tido como o sexto mais falado no mundo.
Ao contrário de Espanha, que conta com uma instituição nacional para
resolver de imediato os problemas da língua, nós por cá não temos uma
instância análoga. Ou, por outra, vamos tendo o Ciberdúvidas, mas já se
percebeu que pode ser por pouco tempo mais. É pena, porque esta obra
gratuita e universal tem prestado, nos seus moldes e potencialidades, um
verdadeiro serviço público de defesa da língua portuguesa, numa
estratégia de afirmação dos valores culturais de Portugal e da lusofonia
em geral.
Dir-se-á que todos os projectos nascem, vivem e morrem e que a
conjuntura está difícil. É verdade. Mas ao menos a partir de agora
poupem-nos os discursos patrióticos sobre a nossa importância universal,
sobre os novos mundos que demos ao mundo e sobre a influência da língua
portuguesa. Se é para depois ninguém fazer nada e não se encontrarem
soluções, que financeiramente estariam abaixo das despesas de
representação de qualquer ministro ou gestor de mérito, então o melhor é
mesmo dobrar a língua e se calhar irmos aprendendo alemão."
É lamentável esta situação do Ciberdúvidas. Recorra sua informação com frequência para dar corpo aos conteúdos que introduzindo/no meu blogue sobre o AO em particular e, em geral, sobre a língua portuguesa.
ResponderEliminarPode que haja um pouco de vergonha e se conclua que a vale neste projeto culturalmente rentáve.
António Pereira
http://acordo-ortografico.blogspot.com
Como sou disléxico, o texto que escrevi está "marado". Por isso, rescrevo-o:
ResponderEliminarÉ lamentável esta situação do Ciberdúvidas. Recorro à sua informação com frequência para dar corpo aos conteúdos que vou introduzindo/divulgando no meu blogue sobre o AO em particular e, em geral, sobre a língua portuguesa.
Pode ser que haja um pouco de vergonha e se conclua que vale a pena investir neste projeto culturalmente rentável.
António Pereira
http://acordo-ortografico.blogspot.com
eu espero bem que 'isto' continue em pé... faz falta e é útil à comunidade da língua portuguesa...!
ResponderEliminar