"Em conferência de imprensa, no Porto, o secretário-geral da Federação
Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, adiantou que está
já agendada para quinta-feira, em Lisboa, uma manifestação de
professores para "mostrar indignação contra o que está a acontecer".
Mário Nogueira disse que a Fenprof calcula que medidas como a criação
de 150 mega-agrupamentos, o aumento do número de alunos (até 30) por
turma e a revisão da estrutura curricular, entre outras, vão "retirar 25
mil horários de trabalho das escolas".
"Desempregados vão ficar praticamente todos os contratados, entre 15
mil a 20 mil professores", salientou, acrescentando que "entre sete a
oito mil professores ficarão com horário zero".
Para a Fenprof, a agregação de escolas e agrupamentos "é apenas uma
peça de um puzzle que vai provocar uma catástrofe verdadeira de emprego
nos professores, em setembro".
Segundo Mário Nogueira, "o objetivo que havia por trás das agregações
não era o melhor, era o pior, era essencialmente despedir gente",
sobretudo, "atingir professores".
O MEC, disse, "tinha uma intenção de limpar do sistema tudo que são
professores contratados, mas a dose foi de tal forma forte que não só
limpa os contratados como entra pelos quadros dentro, e são milhares os
professores que vão ficar com horário zero".
"Isto é uma hecatombe do ponto de vista dos horários e é impossível
pedir mais às escolas, ou pedir o mesmo, quando se retiram das escolas
recursos que são fundamentais (professores)", frisou.
De acordo com um levantamento que a Fenprof realizou no âmbito da
criação de 150 mega-agrupamentos, "a grande maioria (77,8%) dos
conselhos gerais e agrupamentos que agregaram foi contra a agregação".
Para a Fenprof, este dado confirma que o MEC "desrespeitou a vontade das escolas, manifestada pelo seu órgão máximo".
Mas também as "autarquias manifestaram fortes reservas em relação ao
processo: 50 por cento das câmaras municipais que se pronunciaram
estiveram contra as agregações do seu concelho", acrescentou Mário
Nogueira, considerando que o MEC deverá explicar como alegou ter havido
consenso nas agregações.
A manifestação agendada para as 14:30 de quinta-feira, do Rossio até à
Assembleia da República, "não é por acaso", salientou Mário Nogueira.
A Fenprof pretende estar ao lado dos médicos que têm uma greve
marcada para quarta e quinta-feira, porque "há dois pilares
fundamentais" no país: a saúde e a educação.
O responsável afirmou estar convencido que o processo é
"irreversível", mas defendeu que "o MEC ainda está a tempo de o parar", a
bem da educação em Portugal.
A Fenprof, disse, acredita ainda que estas medidas têm já em vista
"reduzir durante três anos dois por cento dos trabalhadores dos quadros
de cada ministério", como prevê o "acordo com a 'troika'"."
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