""Em Portugal, a questão do uniforme em escolas públicas não se coloca, até porque não há tradição", refere Adalmiro Fonseca, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas. No entanto, há casos como o do Liceu Dona Filipa de Lencastre que sugerem a adoção de uma t-shirt com o nome e símbolo da escola e os calções padronizados para a prática de Educação Física, "até porque isso permite-lhes representar a escola em jogos", segundo fonte da escola de Lisboa.
Adalmiro Fonseca frisa, no entanto, que impor normas no vestuário, como aconteceu recentemente na Escola de Valadares, é algo "que tende a ser cada vez mais adotado pelas escolas". Segundo o regulamento interno da escola de Valadares, "o aluno deve apresentar-se asseado, sem ter à vista roupa interior, decotes excessivos, calças descidas ou saias demasiado curtas". Outras escolas impõem também um código de vestuário, como os agrupamentos S. Vicente/Telheiras (Lisboa) e Corga de Lobão (S. M. Feira) e secundárias Afonso III (Faro) e António Sérgio (Gaia).
Na sua atividade de docente, Adalmiro Fonseca já se sentiu "à vontade para chamar a atenção de aluno ou aluna sobre a maneira como se apresentaram na escola", mas frisa que os excessos se devem mais "à permissividade dos pais do que dos próprios jovens". Em sua opinião, o uniforme escolar não evita que se notem as diferenças sociais. "Mesmo com farda, os jovens distinguem-se pelas marcas das sapatilhas ou dos relógios". E lembra a sua experiência enquanto docente no colégio dos Carvalhos, Porto, onde ainda lecionou a alunos com farda nos anos quentes do pós-revolução de 1974. "Usavam uma bata cinzenta, com gola branca, e naquela altura toda a gente começou a ter dinheiro, mas mesmo com a farda distinguiam-se os que tinham mais cultura"."
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