segunda-feira, 30 de abril de 2012
domingo, 29 de abril de 2012
questões de pormenor...?... não, nas palavras... de josé mattoso...!
"Fala da atitude política, mas hoje ela está subjugada ao financeiro. Estamos perante uma usurpação da democracia?
Não
domino suficientemente a terminologia política para poder dizer se se
trata de uma usurpação. Sei que o Estado tem mostrado a sua impotência
perante os abusos do poder financeiro e que o sistema democrático não
resolve os problemas actuais. Ninguém acredita no discurso político, nem
mesmo quem o pronuncia. Os interesses corporativos viciam a democracia.
O "governo do povo" não defende os direitos dos pobres e excluídos.
Favorece quem já tem poder."
para ler a entrevista... aqui.
opinião... do pluralismo educativo... de desidério murcho...!
"Precisamos de pluralismo educativo por três razões principais.
Primeiro, porque andamos há anos numa guerra entre os que pensam que aos filhos dos pobres só se pode ensinar superficialidades, e os que pensam (como eu) que o melhor que podemos fazer por qualquer jovem, pobre ou rico, é ensinar-lhe seriamente física, história, filosofia, matemática, artes, com rigor, esforço, e avaliações que constituam desafios a vencer. Esta guerra nunca terá fim. Num ciclo político dá-se um passo numa direcção, vem outro ciclo político e dá-se outro passo noutra direcção, à mercê das preferências de ministros, secretários de estado e outros responsáveis educativos. O resultado é uma amálgama educativa sem sentido: faz-se agora exames, mas os programas não foram pensados para fazer exames, mas sim para contar histórias da carochinha; além disso, quem faz os exames é contra os exames, e prefere um ensino diferente, pelo que faz exames na melhor das hipóteses sofríveis, mas que nada acrescentam à formação do aluno; aos programas vagos e sem conteúdos científicos ou históricos acrescenta-se directrizes para que se possa fazer exames, mas essas directrizes têm de ser negociadas selvaticamente com quem odeia exames e programas que não sejam vagos. Não estou a ver que isto alguma vez acabe. Mesmo que o professor Nuno Crato conseguisse impor programas de matemática, física e filosofia que não fossem um disparate completo, logo outro responsável se encarregaria de os mudar, noutro ciclo político. Os exames foram reintroduzidos, mas não servem para coisa alguma porque estão mal feitos e são apenas a fingir. Esta guerra que dura há anos faz-nos perder tempo com o que não interessa. Se houvesse diversidade educativa, cada professor faria como quisesse; não perderíamos tempo com guerras. E quem tenta fazer bons manuais para o ensino secundário, como eu, não teria de lutar contra programas e manuais e preconceitos para os tentar fazer: daria o seu melhor, em coordenação com os professores do secundário interessados num bom trabalho, sem perder tempo com guerras inacabáveis.
Segundo, porque a melhor maneira que temos de ver o que resulta melhor no ensino é ter professores diferentes a fazer escolhas diferentes, com manuais diferentes. O pluralismo educativo permitir-nos-ia fazer o que genuinamente pensamos que é melhor, sem termos de obedecer a directrizes e programas nacionais; os conteúdos e métodos seriam plurais e poderíamos aprender a fazer melhor uns com os outros -- pelo menos, aqueles de nós que realmente querem ensinar melhor. Seria natural que ideias surgidas num lugar fossem adoptadas noutro; que as melhores práticas acabariam por ser melhoradas, tornando-se ainda melhores. Isto daria origem a uma espiral de qualidade educativa -- admitidamente, apenas entre os professores genuinamente interessados em ensinar melhor. Mas a alternativa ao pluralismo, o que temos hoje, não dá origem a qualquer espiral de qualidade educativa.
Terceiro, porque o que funciona melhor para alguns alunos pode não ser o melhor para outros. Alunos diferentes podem ter interesses diferentes e diferentes potencialidades. Alguns poderão reagir melhor a um dado método de ensino; outros alunos, a um método diferente. Alguns alunos poderão gostar mais de matemática e filosofia, mas não de história; outros poderão gostar mais de outras áreas. Seria bom que os alunos mais interessados em matemática, por exemplo, ou em filosofia, pudessem ter mais horas de aulas por semana dessas áreas.
Estas são as três razões principais a favor do pluralismo educativo. Acresce a esta uma quarta, mas já vi que essa não cai bem: a simples impossibilidade de se justificar adequadamente o direito de quem tem o poder de impor aos colegas a sua visão do ensino. Acontece que os professores aceitam com tal naturalidade a heteronomia que nem lhes ocorre ver que a situação é caricata. Eu ia escrever "tentasse o Ministério da Educação impor aos professores da universidade o mesmo género de cartilhas e seria uma revolta generalizada" -- quando me lembrei que na verdade quem começou impor cartilhas nas universidades há uns anos foi a FCT e ninguém piou. Nunca devemos menosprezar a capacidade que as pessoas têm para deitar às urtigas a autonomia, prostituindo-se com imensa facilidade em troca de benesses ilusórias."
Primeiro, porque andamos há anos numa guerra entre os que pensam que aos filhos dos pobres só se pode ensinar superficialidades, e os que pensam (como eu) que o melhor que podemos fazer por qualquer jovem, pobre ou rico, é ensinar-lhe seriamente física, história, filosofia, matemática, artes, com rigor, esforço, e avaliações que constituam desafios a vencer. Esta guerra nunca terá fim. Num ciclo político dá-se um passo numa direcção, vem outro ciclo político e dá-se outro passo noutra direcção, à mercê das preferências de ministros, secretários de estado e outros responsáveis educativos. O resultado é uma amálgama educativa sem sentido: faz-se agora exames, mas os programas não foram pensados para fazer exames, mas sim para contar histórias da carochinha; além disso, quem faz os exames é contra os exames, e prefere um ensino diferente, pelo que faz exames na melhor das hipóteses sofríveis, mas que nada acrescentam à formação do aluno; aos programas vagos e sem conteúdos científicos ou históricos acrescenta-se directrizes para que se possa fazer exames, mas essas directrizes têm de ser negociadas selvaticamente com quem odeia exames e programas que não sejam vagos. Não estou a ver que isto alguma vez acabe. Mesmo que o professor Nuno Crato conseguisse impor programas de matemática, física e filosofia que não fossem um disparate completo, logo outro responsável se encarregaria de os mudar, noutro ciclo político. Os exames foram reintroduzidos, mas não servem para coisa alguma porque estão mal feitos e são apenas a fingir. Esta guerra que dura há anos faz-nos perder tempo com o que não interessa. Se houvesse diversidade educativa, cada professor faria como quisesse; não perderíamos tempo com guerras. E quem tenta fazer bons manuais para o ensino secundário, como eu, não teria de lutar contra programas e manuais e preconceitos para os tentar fazer: daria o seu melhor, em coordenação com os professores do secundário interessados num bom trabalho, sem perder tempo com guerras inacabáveis.
Segundo, porque a melhor maneira que temos de ver o que resulta melhor no ensino é ter professores diferentes a fazer escolhas diferentes, com manuais diferentes. O pluralismo educativo permitir-nos-ia fazer o que genuinamente pensamos que é melhor, sem termos de obedecer a directrizes e programas nacionais; os conteúdos e métodos seriam plurais e poderíamos aprender a fazer melhor uns com os outros -- pelo menos, aqueles de nós que realmente querem ensinar melhor. Seria natural que ideias surgidas num lugar fossem adoptadas noutro; que as melhores práticas acabariam por ser melhoradas, tornando-se ainda melhores. Isto daria origem a uma espiral de qualidade educativa -- admitidamente, apenas entre os professores genuinamente interessados em ensinar melhor. Mas a alternativa ao pluralismo, o que temos hoje, não dá origem a qualquer espiral de qualidade educativa.
Terceiro, porque o que funciona melhor para alguns alunos pode não ser o melhor para outros. Alunos diferentes podem ter interesses diferentes e diferentes potencialidades. Alguns poderão reagir melhor a um dado método de ensino; outros alunos, a um método diferente. Alguns alunos poderão gostar mais de matemática e filosofia, mas não de história; outros poderão gostar mais de outras áreas. Seria bom que os alunos mais interessados em matemática, por exemplo, ou em filosofia, pudessem ter mais horas de aulas por semana dessas áreas.
Estas são as três razões principais a favor do pluralismo educativo. Acresce a esta uma quarta, mas já vi que essa não cai bem: a simples impossibilidade de se justificar adequadamente o direito de quem tem o poder de impor aos colegas a sua visão do ensino. Acontece que os professores aceitam com tal naturalidade a heteronomia que nem lhes ocorre ver que a situação é caricata. Eu ia escrever "tentasse o Ministério da Educação impor aos professores da universidade o mesmo género de cartilhas e seria uma revolta generalizada" -- quando me lembrei que na verdade quem começou impor cartilhas nas universidades há uns anos foi a FCT e ninguém piou. Nunca devemos menosprezar a capacidade que as pessoas têm para deitar às urtigas a autonomia, prostituindo-se com imensa facilidade em troca de benesses ilusórias."
boa pergunta... querem desmantelar a escola pública...?... na opinião de joão ruivo...!
As mais recentes medidas da tutela que
visam o regresso a uma concepção conservadora do papel da escola e
da função dos docentes (aumento do número de alunos por turma,
segregação por níveis de aprendizagem, entre outros) colocam na
ordem do dia, e uma vez mais, a defesa da escola
pública.
Não estranha, que nesta escusada conjuntura de
desalento e de fortes emoções, os profissionais do ensino com mais
consciência social e cultural vejam os perigos que espreitam a
escola democrática, erguida sobre a estrutura de ensino elitista
que o Portugal do após Abril herdara da ditadura.
Convenhamos que o então ainda sonho de pensar uma
escola que promovesse a igualdade de oportunidades e atenuasse as
desigualdades sociais se viria a revelar como um dos grandes mitos
educativos das últimas décadas do século XX.
Porém, tal não invalida que, mesmo os mais cépticos,
não reconheçam que as democracias europeias estão longe de poder
inventar uma outra instituição capaz de corresponder, com tanta
eficácia, às demandas sociais, quanto o faz ainda hoje a escola
pública de massas.
Mesmo sabendo que fenómenos mais ou menos recentes,
como o são o abandono e o insucesso escolar, a reprodução das
desigualdades dentro da comunidade educativa, a incapacidade de
manter currículos que valorizem para a vida, a erosão das
competências profissionais dos docentes, acompanhada pela perda de
estatuto remuneratório e social, são problemáticas que colocam em
causa os pressupostos dessa mesma escola pública.
Hoje, a vida nas escolas é muito menos atraente para
quem nelas estuda e trabalha e a desmotivação dos professores e dos
educadores acentua-se com a degradação das suas condições de
trabalho.
Todos sabemos, ou julgamos saber, como deve ser e o que
deve ter uma escola pública que promova a aprendizagem efectiva dos
seus aprendentes e o bem-estar e a profissionalidade dos seus
formadores.
Todavia, há uma questão que introduz toda a entropia
nestas instituições, e esta surge quando os governos se deitam a
fazer contas sobre quanto custa garantir esses direitos. Sobretudo,
quando os políticos sabem que todo o investimento em educação só
produz efeitos a longo prazo.
Não queremos uma escola pública que seja de baixa
qualidade. Por isso estamos com todos aqueles que afirmam ser
urgente relançar a escola pública pela igualdade e pela democracia.
Uma escola que seja exigente na valorização do conhecimento, e
promotora da autonomia pessoal. Uma escola pública, laica e
gratuita, que não desista de uma forte cultura de motivação e de
realização de todos os membros da comunidade escolar. Uma escola
pública que reconheça que os seus alunos são também o seu primeiro
compromisso, que seja lugar de democracia, dentro e fora da sala de
aula, que se revele enquanto espaço de aprendizagem, e que se
envolva no debate, para reflectir e participar no mundo de
hoje.
Formar a geração de amanhã não é tarefa fácil. Mas será
certamente inconclusiva se escrutinarmos a escola e o trabalho dos
professores apenas segundo critérios meramente economicistas,
baseados numa filosofia de desenvolvimento empresarial. A escola é
muito mais que isso: é filha de um outro espaço social e de um
outro tempo matricial. Logo, se o quisermos, neste assunto nada se
deveria confundir, quando claramente estabelecidas as fronteiras
sociais do quadro de competências e dos objectivos de missão de
cada uma daquelas instituições.
Defender a escola pública,
nesta conjuntura de inexplicável desvario, é muito urgente. Para
tal, revela-se necessário que voltemos a exigir políticas públicas
fortes, capazes de criar as condições para que a escolaridade
obrigatória seja, de facto, universal e gratuita e se assuma, sem
tibiezas, que o direito ao sucesso de todos é um direito fundador
da democracia e do Estado português.
sábado, 28 de abril de 2012
pelos 'states' já está assim... por cá...? não tarda muito, pelos vistos...!
"Philadelphia school “recovery” officials have announced a radical restructuring plan that calls for:
* closing 40 low-performing, underutilized schools in 2013 and a total of 64 more by 2017
* organizing “achievement networks” of about 25 schools that would be run by outsiders who bid for management contracts
* increasing the number of charter schools, which now educate about 25 percent of the city’s roughly 200,000 students
* effectively shutting down the central office, which is already half the size it was last year
* phasing out all academic divisions now in place by this summer,
with pilot achievement networks in place as early as this fall."
aqui.
títulos... ocde: função pública portuguesa é a que menos horas trabalha por ano... sem referências [válidas] e o ataque continuado ao funcionalismo público...! a caminho [em absoluto] das privatizações...?
"Os funcionários públicos portugueses são os que menos horas trabalham num grupo de 33 países ricos (OCDE), revela um estudo da organização, que surge na altura em que o Governo quer avançar com medidas que aumentam o tempo de trabalho e reduzem o seu custo."
aqui.
e talvez ocorra por oposição a isto...!
títulos...estado viciou médicos em horas extraordinárias...? agora andamos numa de hipocrisias... pelos vistos...!
"O
secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) acusa o
Estado de ter viciado estes profissionais em horas extraordinárias, que
atingiram valores "inadmissíveis", e acredita que a solução passa pela
tão esperada grelha salarial."
aqui.
do debate de ideias... opinião [na entrevista ao i]... de maria filomena mónica...!
Que avaliação faz do debate de ideias na sociedade portuguesa?
"Sempre foi péssimo, continua péssimo e possivelmente será sempre
péssimo. As pessoas debatem tudo em termos pessoais, não são treinadas
para organizar um pensamento racional, dedutivo, calmo. Isto treina-se
na escola desde pequeninos. Interrompem-se todos, tudo muito emocional. E
os portugueses não são bons a debater também porque acham que há sempre
interesses ocultos por trás. Se disser que não gosto de futebol, vão
pensar “Ah, isto deve ser porque ela tinha um pai que era futebolista”
ou “Ela está ligada a um clube”. A ideia de que alguém pode genuína e
independentemente ter uma opinião é difícil de aceitar para os
portugueses. E, mais uma vez, é por sermos um país pobre e pequeno."
para ler a entrevista... aqui.
da educação... opinião [na entrevista ao i]... de maria filomena mónica...!
E o sistema de ensino?
"É péssimo. O sistema de ensino deixou-se contagiar por uma ideologia
pseudo- -esquerdista que tentou fazer iguais todos os alunos, mas por
baixo. A exigência não foi valorizada. Em 1974, a revolução apanhou-me a
meio do doutoramento e pedi para ficar cá mais um ano, para poder
participar. E estive a dar aulas, mas dois meses depois já não aguentava
os alunos. Os estudantes diziam que não queriam notas, que eles é que
faziam os curricula e que eu não mandava em ninguém. Respondi:
“Óptimo, vou-me embora.” E não é só culpa da esquerda, pois a direita
está penetrada das mesmas utopias pseudo-igualitárias. Ministros como o
Marçal Grilo ou o Roberto Carneiro, em vez de terem uma ideologia
própria, reflectem este banho cultural que considera que aos alunos,
coitadinhos, não se lhes pode dar más notas, pois ficam com auto-estima
negativa. Devemos dar aos filhos dos pobres as mesmas oportunidades que
aos filhos dos ricos e não baixar os níveis de exigência para que toda a
gente passe, como durante anos aconteceu."
a entrevista para ler... aqui.
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