sexta-feira, 27 de abril de 2012

da educação... opinião sobre o estado de coisas, parte I... de desidério murcho...!

"Em primeiro lugar, nunca haverá da parte dos responsáveis ministeriais qualquer disponibilidade para discutir publicamente e de modo genuíno e civilizado ideias opostas. A capacidade para admitir a diferença radical num debate aberto e honesto é uma conquista de uma mentalidade civilizada que não existe no país; os professores só são capazes de fingir que discutem ideias quando toda a gente concorda quanto ao fundamental. Quando há diferenças profundas — precisamente quando o debate honesto é mais necessário — as pessoas abandonam a simulação do debate civilizado e passam para os jogos de poder, a esperteza saloia e a tentativa de silenciar e eliminar quem pensa de maneira muito diferente. Em Portugal não há tradições de debate académico; as pessoas não sabem fazer isso. Tudo o que conhecem é uma simulação de debate académico, quando todos concordam e quando de qualquer modo se estão nas tintas para o que estão debatendo porque são matérias abstractas e académicas que não lhes dizem realmente respeito, pessoalmente; quando se tenta debater matérias que as pessoas consideram que realmente lhes dizem respeito e quando nesse debate há posições muitíssimo diferentes das deles, o único modelo nacional de debate é o pseudodebate político, cheio de retórica, seduções linguísticas, jogos de poder, desonestidade intelectual e pessoal. Desculpa, Sara. Nós ensinamos os alunos a debater de maneira intelectualmente proba, mas a generalidade dos nossos colegas não só não sabem como tal coisa se faz, como não estão minimamente interessados em fazê-lo. Na verdade, muitos deles nem conhecem a palavra “proba”."

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