quinta-feira, 26 de abril de 2012

àcerca da 'polémica'... comentários aos comentários dos teste intermédios de filosofia... de desidério murcho...!

"Os comentários dos leitores às minhas observações sobre os exames intermédios de filosofia tornaram mais claro para mim que o problema central do nosso ensino é a falta de liberdade.

É até curioso que pessoas com as quais concordo completamente -- pessoas que insistem na importância de um ensino objectivo, cognitivamente exigente, imparcialmente avaliado, e que não aceitam a ideia hoje popular de que a escola pública é só para entreter as crianças e lhes ensinar "cidadania" -- sejam algo cegas no que respeita à questão da liberdade no ensino. Vejamos: eu defendo um ensino com as características tal e tal. Mas seria cego da minha parte -- ou pior -- não reconhecer que quem defende o oposto disso tem tanto direito quanto eu de o defender, praticar e divulgar. É incoerente desejar para nós a liberdade de ensino que negamos aos outros, reivindicar para nós o direito de ensinar como pensamos que é correcto, ao mesmo tempo que negamos esse direito aos outros.


A única coisa que está errado no ensino da filosofia em Portugal -- e no ensino das outras áreas -- é não haver a possibilidade de mais diversidade. O centralismo actual tem duas consequências nefastas.


Primeiro, seja quem for que detém o poder, vai impor aos outros a sua visão das coisas, e isso é desagradável. Por exemplo, para muitos professores portugueses de filosofia, a minha perspectiva sobre a natureza da filosofia e sobre o seu ensino é uma merda. E têm todo o direito a pensar isso; e têm todo o direito a ensinar e escrever e publicar filosofia da maneira como lhes aprouver. O problema do centralismo é que põe tudo em termos de luta simiesca pelo poder educativo: se estiverem no poder as pessoas tal e tal, os exames e programas e directrizes são muitíssimo interessantes e estimulantes para uns professores, mas detestáveis para outros; mas se forem estes últimos a ter o poder, será detestável para os primeiros. O centralismo obriga sempre muitos professores a ficar descontentes: aqueles cujas perspectivas não são contempladas nos programas, exames e directrizes. E isto não acontece apenas na filosofia: acontece em todas as disciplinas, como ficou manifesto pelos comentários de alguns colegas da biologia e de outras áreas
."

o resto... [a ler], por... aqui

depois de ter lançado a 'isca' [testes intermédios de filosofia]... aqui.

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