"Os comentários dos leitores às minhas observações sobre os exames
intermédios de filosofia tornaram mais claro para mim que o problema
central do nosso ensino é a falta de liberdade.
É até curioso que pessoas com as quais concordo completamente -- pessoas que insistem na importância de um ensino objectivo, cognitivamente exigente, imparcialmente avaliado, e que não aceitam a ideia hoje popular de que a escola pública é só para entreter as crianças e lhes ensinar "cidadania" -- sejam algo cegas no que respeita à questão da liberdade no ensino. Vejamos: eu defendo um ensino com as características tal e tal. Mas seria cego da minha parte -- ou pior -- não reconhecer que quem defende o oposto disso tem tanto direito quanto eu de o defender, praticar e divulgar. É incoerente desejar para nós a liberdade de ensino que negamos aos outros, reivindicar para nós o direito de ensinar como pensamos que é correcto, ao mesmo tempo que negamos esse direito aos outros.
A única coisa que está errado no ensino da filosofia em Portugal -- e no ensino das outras áreas -- é não haver a possibilidade de mais diversidade. O centralismo actual tem duas consequências nefastas.
Primeiro, seja quem for que detém o poder, vai impor aos outros a sua visão das coisas, e isso é desagradável. Por exemplo, para muitos professores portugueses de filosofia, a minha perspectiva sobre a natureza da filosofia e sobre o seu ensino é uma merda. E têm todo o direito a pensar isso; e têm todo o direito a ensinar e escrever e publicar filosofia da maneira como lhes aprouver. O problema do centralismo é que põe tudo em termos de luta simiesca pelo poder educativo: se estiverem no poder as pessoas tal e tal, os exames e programas e directrizes são muitíssimo interessantes e estimulantes para uns professores, mas detestáveis para outros; mas se forem estes últimos a ter o poder, será detestável para os primeiros. O centralismo obriga sempre muitos professores a ficar descontentes: aqueles cujas perspectivas não são contempladas nos programas, exames e directrizes. E isto não acontece apenas na filosofia: acontece em todas as disciplinas, como ficou manifesto pelos comentários de alguns colegas da biologia e de outras áreas."
É até curioso que pessoas com as quais concordo completamente -- pessoas que insistem na importância de um ensino objectivo, cognitivamente exigente, imparcialmente avaliado, e que não aceitam a ideia hoje popular de que a escola pública é só para entreter as crianças e lhes ensinar "cidadania" -- sejam algo cegas no que respeita à questão da liberdade no ensino. Vejamos: eu defendo um ensino com as características tal e tal. Mas seria cego da minha parte -- ou pior -- não reconhecer que quem defende o oposto disso tem tanto direito quanto eu de o defender, praticar e divulgar. É incoerente desejar para nós a liberdade de ensino que negamos aos outros, reivindicar para nós o direito de ensinar como pensamos que é correcto, ao mesmo tempo que negamos esse direito aos outros.
A única coisa que está errado no ensino da filosofia em Portugal -- e no ensino das outras áreas -- é não haver a possibilidade de mais diversidade. O centralismo actual tem duas consequências nefastas.
Primeiro, seja quem for que detém o poder, vai impor aos outros a sua visão das coisas, e isso é desagradável. Por exemplo, para muitos professores portugueses de filosofia, a minha perspectiva sobre a natureza da filosofia e sobre o seu ensino é uma merda. E têm todo o direito a pensar isso; e têm todo o direito a ensinar e escrever e publicar filosofia da maneira como lhes aprouver. O problema do centralismo é que põe tudo em termos de luta simiesca pelo poder educativo: se estiverem no poder as pessoas tal e tal, os exames e programas e directrizes são muitíssimo interessantes e estimulantes para uns professores, mas detestáveis para outros; mas se forem estes últimos a ter o poder, será detestável para os primeiros. O centralismo obriga sempre muitos professores a ficar descontentes: aqueles cujas perspectivas não são contempladas nos programas, exames e directrizes. E isto não acontece apenas na filosofia: acontece em todas as disciplinas, como ficou manifesto pelos comentários de alguns colegas da biologia e de outras áreas."
o resto... [a ler], por... aqui.
depois de ter lançado a 'isca' [testes intermédios de filosofia]... aqui.
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