quarta-feira, 28 de agosto de 2013

crónica... armas na escola... de joão adelino faria... no dinheiro vivo...!

"Esqueçam livros, cadernos e lápis. Em Los Angeles, os alunos mais desfavorecidos começaram o ano escolar com um iPad na mão, comprado com dinheiros públicos. Já na na outra costa dos Estados Unidos uma universidade comprou novos quadros, mas à prova de bala e para servirem como escudos de proteção contra eventuais atiradores.

São muitos os medos e os anseios que atingem os pais em todo o mundo, quando começa mais um ano escolar. Por causa disso, cada um prepara-se com as armas que considera mais eficazes.

Em Los Angeles, em vez de se construírem novas e mais modernas escolas, utilizaram-se os milhões previstos no orçamento para comprar iPads para os alunos mais pobres. Os responsáveis pela educação sabem que quem não dominar bem os smartphones ou os tablets não poderá competir em quase nenhuma área do saber. Sabem que o melhor ensino nos nosso dias passa por apreender utilizar na perfeição as novas tecnologias. Hoje, aprender, estudar e quase toda a nossa vida são controlados pelo simples toque dos nossos dedos. Por isso, preparar os alunos mais desfavorecidos nos primeiros anos de escola com armas de saber tecnológico é preparar o futuro deles e do país. É, ao mesmo tempo, uma das melhores formas de combater desigualdades e discriminações.

Ver as crianças aqui em LA, muitas que mal falam inglês, a aprender mais rapidamente a língua, a ciência ou até a tocar um instrumento simplesmente porque têm um tablet é reconhecer que há por aqui quem saiba de facto o significado da palavra educação.

Muito diferente é o que acontece na outra costa dos Estados Unidos.

Além do insucesso escolar, o que mais temem todos os pais norte-americanos é um tiroteio dentro da escola. E enquanto que em Los Angeles se compram iPads como armas para ajudar os mais desfavorecidos, numa universidade de Maryland compram-se os primeiros novos quadros que servem agora como escudos antibalas. A empresa Hardwire LLC viu neste medo generalizado das escolas uma grande oportunidade de negócio. Decidiu por isso transformar um instrumento de aprendizagem numa verdadeira arma de defesa. Cem escolas já seguiram o exemplo e encomendaram também milhares destes novos quadros (semelhante às antigas ardósias) que agora passam a ser utilizados para proteção em caso de tiroteio. Curiosamente, quem fornece os quadros é uma empresa de armamento que está obviamente contra a proibição da venda livre de armas. Perante tudo isto dou por mim a pensar que afinal no Maryland, ao contrário de LA, são poucos os responsáveis escolares que entendem de facto o significado da palavra educação.

E enquanto tento encaixar estas duas realidades paradoxais no mesmo país, os meus olhos são desviados para os títulos dos jornais da manhã: “Jovens estudantes matam a tiro um atleta que fazia jogging apenas porque... estavam aborrecidos em casa!”."


Sem comentários:

Enviar um comentário