no público...
domingo, 30 de novembro de 2014
coisas da educação... é acabar de vez com eles...!
no de rerum natura, nas palavras de helena damião...
"Sem recuar muito no tempo, encontramo-lo:
- nos "pacotes didácticos à-prova-de-professor", "inventados", nos anos sessenta, nos Estados Unidos da América e difundidos com grande rapidez por vários países;
- nas velhinhas "máquinas de ensinar" e, depois, no "ensino assistido por computador";
- nos actuais manuais escolares, que, quais "pacotes didácticos", incluem tudo o que é preciso para aprender;
- agora, nos novos equipamentos que são os computadores portáteis, os quadros interactivos, etc.
E, repare bem o leitor: todas estas alternativas que, com a apregoada supremacia de recursos - os quais, dependendo da época, podem ser em papel ou digitais - afastam o professor da sua função de ensinar, são acompanhados da promessa de sucesso educativo garantido.
Note a subtileza do que se encontra implícito no artigo de onde retirei a imagem (aqui): se mantivermos o professor (apenas e só) como intermediário entre os recursos e os alunos, se ele deixar de ser verdadeiramente professor, todos os alunos aprenderão tudo. Assim teremos o céu na terra!
É lamentável que uma sociedade aceite esta ideia e a confirme.
É lamentável que cientistas, tão eruditos como os que se referem na notícia do jornal a que me refiro e muitos outros que tenho ouvido, a promovam.
E, mais lamentável é que haja escolas e professores estejam alinhados por ela e ajam de acordo com ela.
Sociedade, cientistas, escolas, professores, toda a gente deveria perceber que o professor é um profissional intelectual cujo mandato é ensinar.
Isto significa que, face às directrizes e orientações da tutela e da escola, tem por dever filtrar e organizar o conhecimento, aferir os objectivos e dar-lhes sentido, seleccionar os métodos e os recursos que comprovadamente são mais adequados à aprendizagem...
Este trabalho - sim é um trabalho -, que requer uma enorme competência, precisa de ser feito para todas as disciplinas e/ou temáticas que lecciona, tendo em conta, sobretudo, as turmas, os grupos de alunos e os alunos individualmente.
Um professor é um decisor: alguém que, a partir do que se encontra determinado superiormente, tem a obrigação de escolher, em liberdade e com sentido de responsabilidade, de entre as possibilidades de acção aquela que, num determinado momento, se afigura mais adequada na concretização do que é o Bem em termos de educação formal.
Negar-se esta faceta ao professor, que é a matriz da sua função, é negar a sua existência.
Mais honesto seria acabar-se, de vez, com esta profissão!"
aqui.
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coisas da educação [ranquingues]... afinal para quê...?
no observador...
"Todos os anos, os rankings fazem-nos discutir as mesmas questões e
tirar as mesmas conclusões. E, todos os anos, quem não gosta do que os
rankings mostram aplica-se em explicações sobre os porquês destes
constituírem um ataque à escola pública.
Sim, os rankings têm limitações e nem tudo na educação é mensurável.
Mas admitirmos esses limites não nos deve impedir de usar os rankings
com prudência e, claro, de ter em conta aquilo que eles nos revelam
sobre o funcionamento das escolas.
O problema é que isso nem sempre tem acontecido. Com 14 anos de
publicações sucessivas dos rankings, muito melhorou, é certo, mas o
debate público ainda alimenta mitos, os directores continuam a não dar
real importância aos resultados e o Ministério continua a fingir que não
vê os problemas que aparecem retratados nos dados. Há,
obviamente, muitas razões para isso acontecer e muita coisa a dizer
sobre os rankings. Hoje, limito-me a abordar três aspectos relacionados
com uma questão habitualmente mal compreendida – a relação entre o
perfil socioeconómico dos alunos e a responsabilização.
1. O primeiro aspecto é o óbvio: não se pode
comparar desempenhos escolares sem ter em conta os perfis
socioeconómicos dos alunos. Infelizmente, há ainda muita gente que acha
que isso é uma teoria facilitista, quando está provado em milhares de
artigos e estudos
que esse perfil socioeconómico é o melhor indicador para prever o
desempenho escolar. Algo que, na prática, significa que um jovem nascido
numa família privilegiada tem melhores condições para atingir o sucesso
escolar do que um jovem de uma família desfavorecida. Enfim, não é um
fatalismo, mas é uma constatação estatística: um filho de licenciado tem
maior probabilidade de obter uma licenciatura do que um filho de
analfabeto.
Este é um ponto sensível do debate público, porque é habitualmente
usado de forma hipócrita – usa-se quando dá jeito, esquece-se quando não
dá. Por exemplo, quem afirma que as escolas privadas são “melhores”
tende a não valorizar o socioeconómico. Ou, por exemplo, veja-se que são
normalmente os professores das públicas a recordar a importância desse
factor socioeconómico, no sentido de enquadrar os resultados dos seus
alunos (para não serem indevidamente responsabilizados pelas notas).
Mas, o que os professores consideram verdade quando aplicado aos seus
alunos passam a considerar mentira quando aplicado a alunos que querem
ser professores (e que frequentam os cursos de ensino). As reacções de dezenas de professores a este meu texto no Observador falam por si. Ora, o perfil socioeconómico não é para ser usado só quando interessa.
Vale a pena salientar a importância da questão social porque ela tem
implicações importantes na leitura dos rankings. Saber que uma escola
está no top10 porque a média dos exames do secundário dos seus alunos é
de 13 não quer dizer nada se não soubermos o perfil desses alunos e
tivermos, portanto, uma expectativa quanto ao seu desempenho. Se, nessa
escola, a média esperada fosse 14 valores, então 13 não é um bom
resultado. Mas se o esperado fosse 12 valores, então 13 já revela um bom
desempenho. Isto faz toda a diferença.
Um caso concreto: a Escola Secundária António Nobre, no Porto, obteve
uma média de 7,58 valores no secundário (212 provas realizadas) quando o
valor esperado em função do contexto social era de 10,16 valores. Há
aqui alguma coisa que correu mal, visível não tanto pela média alcançada
em si, mas pela distância face ao que se esperava.
(Infelizmente, as escolas privadas, incluindo as escolas com contrato
de associação, continuam a não divulgar os dados socioeconómicos dos
seus alunos, limitando a comparação face às escolas públicas. Não se
percebe porquê, e é cada vez menos aceitável que assim aconteça.)
2. O segundo aspecto é a continuação lógica do
primeiro e tem a ver com responsabilização. Enquanto não foi possível
comparar adequadamente escolas públicas entre si (porque faltavam dados
socioeconómicos), vigorou uma espécie de lei não-escrita que dizia que
as escolas públicas eram todas iguais e que, por isso, não era
necessário avaliá-las – só mudava o tipo de alunos que tinham (bons ou
maus, ricos ou pobres). Falar do perfil socioeconómico era, no fundo,
dizer que não era possível retirar conclusões sobre o desempenho médio
das escolas: durante demasiado tempo, acreditou-se que o sucesso ou
insucesso de um aluno era alheio ao desempenho da escola. Aliás, é
uma das coisas mais surpreendentes no sector da educação em Portugal:
formalmente, ninguém é responsabilizável pelos resultados dos alunos.
Excepto o ministro.
Ora hoje, com rankings melhores, podemos comparar escolas e verificar
que não é assim: há escolas que superam os resultados esperados
(medidos de acordo com esses perfis socioeconómicos) e há escolas que
ficam aquém do esperado. Em 2014, 56% das escolas ficou aquém do
esperado – o que mostra que há muita margem para melhorias. Ou seja,
como em tudo na vida, há boas e más escolas, e estudar numas ou noutras
faz muita diferença para o percurso escolar de um jovem.
Aceitar isto tem consequências, nomeadamente em termos de prestação
de contas. Se as escolas têm níveis de desempenho e qualidade distintos,
é fundamental que isso seja avaliado: as que prestam um mau serviço
educativo têm de ser identificadas e ajudadas a melhorar, pois estão a
prejudicar alunos que não terão uma segunda oportunidade.
Se as escolas têm níveis de desempenho e qualidade distintos, é necessário informar os pais e dar-lhes liberdade para escolher a escola dos seus filhos dentro da rede pública.
Se as escolas têm níveis de desempenho e qualidade distintos, é
indispensável perceber porquê e apurar responsabilidades – recompensando
o mérito de quem trabalhou bem e penalizando o demérito de quem serve
mal os alunos (por exemplo, por que não incluir o desempenho dos alunos
como um entre vários critérios de avaliação dos professores?).
Há, de facto, escolas que precisam de ajuda, e compete ao Ministério
ajudá-las, sabendo que a melhoria se constrói à base de trabalho e de
medidas estruturais. Por exemplo, a ideia dos créditos que o Ministério implementou não é má e poderá ter ajudado algumas escolas, mas é insuficiente e não serve as escolas com maiores dificuldades. Outras medidas se exigem. De resto, é cada vez menos compreensível que seja indiferente para a carreira de um professor o que acontece aos seus alunos.
Tal como é cada vez menos compreensível que as escolas não tenham de se
comprometer com objectivos de melhoria dos desempenhos escolares.
3. O último aspecto tem a ver com o que não aparece
nos rankings e que também é uma questão socioeconómica. Quantos alunos
desfavorecidos são rejeitados por escolas que não querem baixar a sua
classificação nos rankings? Quantos são alvo de retenção porque a escola
não os quer levar a exame, temendo más notas? Quantos desaparecem das
estatísticas por via do absentismo?
Como sempre acontece, há muitas formas de viciar as regras do jogo. E
todos os anos são publicados relatos de directores de escolas que
assumem o dilema: seleccionar alunos (i.e. excluir os da acção social)
para obter melhores resultados nos rankings ou aceitar os mais
desfavorecidos e a consequente queda na classificação dos rankings. Que a
questão se coloque é um problema que vai muito para além dos rankings.
Porque a selecção de alunos por parte da escola é ilegal mas praticada impunemente.
E porque é o retrato de uma escola pública que não cumpre a sua missão e
está disposta a deixar para trás os que mais dependem dela.
Eu sei que há quem encontre neste fenómeno um bom alibi para
desvalorizar os resultados, mas não tenhamos ilusões: há escolas
públicas que seleccionam os alunos, mas a maioria não o faz, pelo que o
fenómeno não terá grande impacto nos rankings. E também sei que há quem
veja nisto tudo uma boa razão para acabar com os rankings – eles têm uma
má influência no comportamento das escolas, mais vale acabar com eles.
Mas, pergunto: não será ao contrário? Esconder um problema não é resolvê-lo. E os rankings são úteis precisamente porque nos revelam que o problema existe.
A nós compete-nos exigir que seja resolvido. E formas de o fazer não
faltam. Por exemplo, com mais e melhor informação nos rankings, que nos
permita acompanhar o que acontece nas escolas ao longo de todo o ciclo
do secundário, e não apenas no dia do exame nacional. Haja vontade."
aqui.
o destaque... é meu.
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coisas da educação [gestão pedagógica]... fala quem sabe ou quem manda...?
no observador...
"O Ministério da Educação e Ciência (MEC) reconheceu este ano três agrupamentos de escolas e uma escola secundária que se distinguiram pela redução dos níveis de abandono escolar. São elas: Escolas da Cidadela de Cascais, Escola Secundária de Amora, Escolas da Baixa-Chiado e Escolas nº 4 de Évora. Esta informação faz parte dos resultados da avaliação externa das escolas, divulgado este sábado.
O Observador falou com três destas escolas e procurou compreender o que permitiu alcançar taxas de redução do abandono escolar entre os 9 e os 11,9%. Diretores, técnicos sociais e presidentes de associações de dirigentes referem a criação de agrupamentos e mega-agrupamentos e o encaminhamento dos alunos em risco para cursos profissionais, vocacionais e outras vias alternativas como as principais razões.
Uma redução de quase 12% no agrupamento da Cidadela de Cascais
A redução mais significativa ocorreu no agrupamento de Escolas da Cidadela de Cascais, onde se passou de uma taxa de abandono de 17,7%, no ano letivo 2011/2012, para 5,8% em 2012/2013. Um decréscimo de quase 12%. José João Gonçalves, diretor do agrupamento, disse ao Observador que esta quebra se explica pela constituição, em 2012, de um agrupamento que passou a reunir seis escolas: uma Secundária que inclui 2º e 3º ciclo e mais cinco estabelecimentos de pré-escolar e primeiro ciclo.
Dado que o abandono escolar se sente sobretudo no 3º ciclo, os valores da redução deste indicador correspondem, essencialmente, ao da Escola Sede do agrupamento, a Secundária da Cidadela. Antes de 2012, os alunos chegavam a este estabelecimento de ensino apenas no 7º ano, o que, segundo José João Gonçalves, muitas vezes significava que outras escolas enviavam para a Secundária da Cidadela os alunos com mais dificuldades. “Com a constituição do agrupamento temos cá o 5º e 6º ano. Os alunos que este ano iniciaram o 7º ano são nossos. É diferente de termos alunos que aterram aqui. Conseguimos controlá-los melhor”, diz o diretor do agrupamento ao Observador.
Mas José João Gonçalves pensa que ainda antes da criação do agrupamento as medidas tomadas pela Secundária da Cidadela estavam a conseguir reduzir este problema. Desde 2010 que a escola atua juntamente com um conjunto de parceiros – o Centro de Saúde de Cascais, a Junta de Freguesia, a Câmara de Cascais e a Comissão de Proteção de Jovens e Menores – para sinalizar e identificar os alunos que se encontrem em risco de abandono escolar, ajudando-os de acordo com as suas necessidades socioeconómicas específicas. Até porque, explica o diretor, é nas classes mais desfavorecidas que se registam os maiores níveis de abandono.
A sinalização e identificação do problema ocorre da seguinte forma: quando os alunos faltam mais do que uma semana sem apresentarem justificação ou atestado médico, a escola contacta os encarregados de educação, pedindo que estes se desloquem ao estabelecimento de ensino. Se os encarregados de educação não justificam comprovadamente as faltas ou se os alunos reincidirem, a escola comunica o caso à Comissão de Proteção de Jovens e Menores. “Com essa entidade, os pais enfrentam uma maior responsabilização. Até porque muitos destes pais recebem Rendimento Social de Inserção (RSI)”, explica ao Observador José João Gonçalves.
Assim, se a escola perceber que o aluno tem dificuldades de pagar o passe para transporte ou a alimentação, há várias respostas que a direção pode dar. “Eu próprio posso mudar o escalão [da Ação Social Escolar] para o A para que ele possa comer. Quanto ao transporte – pedimos à Junta de Freguesia ou à Autarquia que lhe pague o passe”, explica José João Gonçalves.
Esta redução valeu ao agrupamento de escolas uma bonificação de 30 horas letivas, que podem ser aplicadas no reforço à ajuda dos estudantes, nomeadamente ao nível do aumento de horas de projetos como teatro e tutorias, para acompanhar os alunos em risco, diz José João Gonçalves. Desta forma, o diretor espera conseguir reduzir ainda mais a taxa de abandono. “Queremos reduzir abaixo dos 5% este ano. O ideal era o 0%”, diz.
A redução mais significativa ocorreu no agrupamento de Escolas da Cidadela de Cascais, onde se passou de uma taxa de abandono de 17,7%, no ano letivo 2011/2012, para 5,8% em 2012/2013. Um decréscimo de quase 12%. José João Gonçalves, diretor do agrupamento, disse ao Observador que esta quebra se explica pela constituição, em 2012, de um agrupamento que passou a reunir seis escolas: uma Secundária que inclui 2º e 3º ciclo e mais cinco estabelecimentos de pré-escolar e primeiro ciclo.
Dado que o abandono escolar se sente sobretudo no 3º ciclo, os valores da redução deste indicador correspondem, essencialmente, ao da Escola Sede do agrupamento, a Secundária da Cidadela. Antes de 2012, os alunos chegavam a este estabelecimento de ensino apenas no 7º ano, o que, segundo José João Gonçalves, muitas vezes significava que outras escolas enviavam para a Secundária da Cidadela os alunos com mais dificuldades. “Com a constituição do agrupamento temos cá o 5º e 6º ano. Os alunos que este ano iniciaram o 7º ano são nossos. É diferente de termos alunos que aterram aqui. Conseguimos controlá-los melhor”, diz o diretor do agrupamento ao Observador.
Mas José João Gonçalves pensa que ainda antes da criação do agrupamento as medidas tomadas pela Secundária da Cidadela estavam a conseguir reduzir este problema. Desde 2010 que a escola atua juntamente com um conjunto de parceiros – o Centro de Saúde de Cascais, a Junta de Freguesia, a Câmara de Cascais e a Comissão de Proteção de Jovens e Menores – para sinalizar e identificar os alunos que se encontrem em risco de abandono escolar, ajudando-os de acordo com as suas necessidades socioeconómicas específicas. Até porque, explica o diretor, é nas classes mais desfavorecidas que se registam os maiores níveis de abandono.
A sinalização e identificação do problema ocorre da seguinte forma: quando os alunos faltam mais do que uma semana sem apresentarem justificação ou atestado médico, a escola contacta os encarregados de educação, pedindo que estes se desloquem ao estabelecimento de ensino. Se os encarregados de educação não justificam comprovadamente as faltas ou se os alunos reincidirem, a escola comunica o caso à Comissão de Proteção de Jovens e Menores. “Com essa entidade, os pais enfrentam uma maior responsabilização. Até porque muitos destes pais recebem Rendimento Social de Inserção (RSI)”, explica ao Observador José João Gonçalves.
Assim, se a escola perceber que o aluno tem dificuldades de pagar o passe para transporte ou a alimentação, há várias respostas que a direção pode dar. “Eu próprio posso mudar o escalão [da Ação Social Escolar] para o A para que ele possa comer. Quanto ao transporte – pedimos à Junta de Freguesia ou à Autarquia que lhe pague o passe”, explica José João Gonçalves.
Esta redução valeu ao agrupamento de escolas uma bonificação de 30 horas letivas, que podem ser aplicadas no reforço à ajuda dos estudantes, nomeadamente ao nível do aumento de horas de projetos como teatro e tutorias, para acompanhar os alunos em risco, diz José João Gonçalves. Desta forma, o diretor espera conseguir reduzir ainda mais a taxa de abandono. “Queremos reduzir abaixo dos 5% este ano. O ideal era o 0%”, diz.
“Via profissional e vocacional reduz abandono”
O diretor da Escola Secundária de Amora, Simão Cadete, pensa que a redução de quase 10% na taxa de abandono escolar (de 10,9% para 1%) se deve à preocupação em dar aos estudantes “ofertas formativas diversificadas” que permitam “segurar” os alunos. Simão Cadete está a referir-se aos cursos profissionais, aos cursos de educação e formação, aos cursos vocacionais – iniciados este ano – e aos ensino noturno. “Se formos perguntar o que a Secundária da Amora tem? Tem tudo”, diz o diretor, publicitando as vias alternativas disponíveis na escola.
Segundo Simão Cadete, as taxas de abandono foram reduzidas desde que aumentou “a aposta nos percursos alternativos“. O que na prática significa que os alunos que não têm sucesso no ensino regular “são encaminhados para essas alternativas”. Neste momento, este estabelecimento de ensino tem cinco turmas de 10º ano nos cursos científico-humanísticos e seis turmas no ensino profissional.
À semelhança do que acontece no agrupamento de Escolas da Cidadela de Cascais, também na Secundária de Amora existe um trabalho mais antigo no sentido de reduzir o risco de abandono escolar. Há cerca de cinco anos foi criado o Centro de Formação, Reflexão e Aquisição, destinado a alunos com dificuldades de aprendizagem. Este centro permite que os jovens sejam acompanhados em tutoria, encaminhados para o Gabinete de Reflexão sobre Atitudes e Comportamentos quando são expulsos por mau comportamento (fazendo, depois, uma reflexão do sucedido por escrito) ou para o Gabinete de Aquisição de Conhecimentos, onde aprende métodos e técnicas de trabalho. Além disso, a escola conta, desde há dez anos, com o apoio de uma psicóloga clínica, patrocinada pela Junta de Freguesia.
“Às vezes basta dizer aos pais que têm acesso remoto ao número de faltas dos filhos”
Na Escola Básica e Secundária Passos Manuel, Escola Sede do agrupamento de Escolas da Baixa-Chiado, há 704 alunos – num universo de 1100 estudantes – com escalão A e B na Ação Social Escolar. Ainda assim, Carla Soares, educadora social do Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família (GAAF), considera que o risco de abandono escolar não se limita às classes desfavorecidas, mas é “transversal”. No agrupamento de Escolas da Baixa-Chiado, a taxa de abandono diminuiu de 11,2 para 1,6%, sendo que o essencial dessa redução ocorreu na Escola Passos Manuel, um estabelecimento TEIP – Territórios Educativos de Intervenção Prioritária – onde existe um compromisso com o MEC para a redução do abandono escolar.
Além das dificuldades económicas das famílias, as técnicas do GAAF pensam que a situação geral de precariedade profissional – que implica, muitas vezes, longas horas de trabalho – dificulta o envolvimento dos pais na vida escolar e pode levar a situações de abandono que são transversais às classes sociais. Associado a este problema está a desmotivação dos alunos, explica Carla Soares. “Antes via-se que quem estudava e trabalhava tinha emprego. Agora os alunos têm pais desempregados e tanto os pais como os filhos começam a não acreditar que a escola possa facilitar a empregabilidade”, diz.
À semelhança do agrupamento de Escolas da Cidadela de Cascais e da Escola Secundária de Amora, também neste agrupamento do centro de Lisboa existe uma estratégia de articulação com os parceiros comunitários – como a Santa Casa, a Junta de Freguesia da Misericórdia, a Escola Segura da PSP e a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens – e de encaminhamento de jovens em situação de absentismo para a via profissional e vocacional.
Em alguns casos, o abandono dos estudantes está muito relacionado com as dificuldades de os pais conciliarem a vida profissional e familiar. Por isso, existe uma plataforma online onde os encarregados de educação têm acesso online às faltas, ao comportamento, aos resultados dos testes e às atividades extra-curriculares dos filhos. “Às vezes basta divulgar aos pais que têm acesso ao controlo remoto”, diz Sofia Figueiredo, assistente social no GAAF.
Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, diz ao Observador que com o alargamento da escolaridade obrigatória ao 12º ano – um processo progressivo ao longo dos últimos três anos – é normal que as taxas de abandono escolar sejam quase residuais. “Até agora havia mais do que um dígito porque só agora a escolaridade é obrigatória até aos 18 anos”, diz.
Ainda assim, Manuel Pereira diz que nos últimos cinco anos – devido ao agravamento da situação económica – se tem sentido “uma pressão que inverteu o sentido”, havendo neste momento mais tentativas de abandono. Relativamente à solução de encaminhamento para os cursos profissionais e vocacionais, o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares diz que “são uma boa solução”, mas acrescenta que “nem sempre é possível encontrar a área profissional que os alunos desejam – principalmente no interior do país”.
Para Adelino Calado, presidente da Associação dos Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, as vias profissionais e vocacionais conjugadas com o facto de o mercado de trabalho não absorver os jovens fazem com que estes “acabem por ficar na escola“. A criação de agrupamentos e de mega-agrupamentos é, na opinião deste dirigente, uma solução na medida em que torna possível acompanhar os alunos “desde muito cedo e até muito tarde”, o que acaba por “favorecer a manutenção dos alunos na escola”.
*O Observador tentou contactar o Conselho Diretivo do agrupamento de Escolas nº 4 de Évora, onde a taxa de abandono escolar registou uma diminuição de 15,9% para 4,2%, mas não obteve resposta."
aqui.
coisas da educação [ranquingues]... afinal, o que justifica os resultados na melhor escola pública...!
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informações [educação]... professores, formação e educação e artes... via dgeste...!
CURSO DE EDUCAÇÃO ATRAVÉS DAS ARTES
Por Norte ⋅ 27/11/2014 ⋅
Este curso pretende criar um espaço colaborativo de trabalho sobre
artes e educação, oferecendo oportunidades para experimentar processos
artísticos contemporâneos e debater questões ligadas à educação através
das artes a partir de metodologias e paradigmas da educação artística,
das tecnologias digitais e das artes na comunidade.
Mais informações em http://www.apecv.pt/?q=node/31
o roteiro da actualidade [capas e destaques] no remanso dominical... via jornais do dia...!
nota:
esta
apresentação não corresponde a qualquer critério editorial ou
hierarquia, logo não foi editada salvo no tipo de letra, e é a
transcrição exacta da mensagem de comunicação, tal como é recebida,
exceptuando a informação das publicações desportivas.
Cartas à Directora Crónicas adiadas Melhor do que esperar é ser esperado Uma agitação mental O leitor tem opinião sobre o caso José Sócrates? Não tenha Eu estou aqui Uma palavra que veio de França |
sábado, 29 de novembro de 2014
é só um 'cheirinho' [ranquingues]... no dn...!
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'Top' das Escolas: Positiva para 73% das secundárias |
Rankings do DN dominados pelos colégios privados, que ocupam os 33 primeiros lugares da tabela do secundário |
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Uma quase quadratura do círculo Cartas à Directora Inquérito a Um Cidadão acima de Qualquer Suspeita Os três passos para a governação O boicote O combate político de Sócrates não é o nosso A feira |
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
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