no observador...
"Não à mesada, sim à semanada. Tanto a coach parental Cristina Valente como o pediatra Mário Cordeiro concordam
nesse ponto. A quantia monetária – que deve ter em conta a capacidade
financeira da família e a idade da criança – é mais fácil de gerir num
curto espaço do tempo, pelo que os pequenos aprendem com maior rapidez
os conceitos de “gestão”, “poupança” e “consumo”.
Numa altura em que o Parlamento debate o Orçamento do Estado, o
Observador preparou um guia para pais sobre o orçamento dos filhos —
porque é fundamental perceber a partir de que idade se pode dar
dinheiro, qual a quantia indicada e onde devem os mais novos gastar a
semanada.
Ambos os entrevistados defendem que a criança deve ter a
oportunidade de errar, ao gastar mal o dinheiro, e que deve existir um
ligeiro controlo da parte do pai ou da mãe. Acima de tudo, a semanada não deve incluir tarefas que, à partida, já fazem parte da rotina diária das crianças — como arrumar o quarto — ou servir de pretexto para quebrar regras instituídas no seio familiar.
O importante é, tanto filho como pai, honrarem os compromissos. Diz Mário Cordeiro que a
semanada não é uma brincadeira e que os progenitores são convidados a
encarar o assunto com seriedade, como se de um contrato de trabalho se
tratasse. E não esquecer: “Tão importante como ensinar a
administrar o dinheiro e os bens, é transmitir noções de solidariedade e
de partilha. É bom que a semanada (ou parte dela) sirva para coisas que
a criança ou o jovem vá oferecer (…) São práticas que ajudam a formar o
caráter”, esclarece Mário Cordeiro.
Quando é que se começa a dar dinheiro aos filhos?
Para Cristina Valente, entre os seis e os dez anos de idade não se deve dar qualquer tipo de quantia monetária. A coach parental
considera que é a partir dos dez — e mediante a capacidade financeira
da família — que a criança pode receber dinheiro e ficar responsável por
ele.
Mário Cordeiro, por seu turno, argumenta que a partir dos seis anos a
criança começa a entender melhor a grandeza dos números e torna-se uma
consumidora ativa, pelo que o ideal é começar a entrar em contacto com o
mundo financeiro. É também nesta fase que se estabelece uma “melhor
relação entre trabalho e esforço, por um lado, e recompensa, pelo
outro”, explica.
Semanada ou mesada?
Semanada, sempre, e para todas as idades. A periodicidade em causa
permite uma melhor e mais fácil gestão da verba e permite ao adolescente
controlar o dinheiro com maior facilidade dado o curto espaço de tempo,
alega Cristina Valente. “Caso faça um gasto exagerado, só terá de
aguardar sete dias, no máximo, para voltar a ter liquidez”.
O pediatra é da mesma opinião, explicando que a mesada poderá dar à
criança uma sensação de ter muito dinheiro e poder gastá-lo mais
rapidamente. “Creio que um dos objetivos de receber este dinheiro, que
passa por obter os desejos de uma forma calculada e controlada, terá
maior êxito com uma semanada”.
“Os pais nunca podem estar dependentes das circunstâncias das outras
famílias para decidirem que educação dar aos filhos. O que é comum e
popular nem sempre é o melhor.”
Quanto dinheiro de semanada?
O pediatra defende que a quantia deve ser “muito pequena”, de forma a
evitar que as crianças fiquem demasiado entusiasmadas e porque o valor
do dinheiro pode ainda não ser totalmente entendido. Seguindo a mesma
lógica, não é conveniente que esta seja reduzida em excesso, correndo o
risco de humilhar a criança — a quantia depende dos pais, das famílias,
dos hábitos e das tradições. Mário Cordeiro dá o exemplo: “Sugiro 2
euros para o 1º ano, 2,60 no segundo, 3 no terceiro, 4,50 no quinto e
por aí fora. A partir de certa idade (9º ou 10º), os gastos começam a
ser diferentes porque a autonomia da criança/adolescente já obriga a
outro tipo de consumo”.
O essencial é que, independentemente do valor, a semanada não crie a
falsa ilusão de que se vive acima de um nível que é o da família. Ou
seja, se a família estiver a passar por dificuldades, a semanada deverá
ser mais contida. Caso contrário, se gozar de uma certa folga
financeira, a quantia poderá ser um pouco mais elevada. E o que as
outras crianças ganham não serve de argumento para ajustes financeiros
desapropriados.
Pode-se aumentar a semanada com o passar do tempo. O pediatra explica
que considera ser saudável que esta obedeça às regras do mercado e que
haja aumentos substanciais tendo em conta as fases de transição na vida
de uma criança.
Cristina Valente traz outras realidades à equação: “Os pais nunca
podem estar dependentes das circunstâncias das outras famílias para
decidirem que educação dar aos filhos. O que é comum e popular nem
sempre é o melhor”. E quando o assunto resvala para os irmãos? “Os mais
velhos, tendo mais responsabilidades e competências, deverão receber
mais do que os mais novos”.
“Conheço famílias sem recursos que promovem a educação financeira nos
seus filhos e famílias de classe média alta que falham nessa tarefa O
segredo está na forma como os pais ensinam (ou não) a lidar com o
dinheiro e não propriamente com a existência abundante dele.”
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