"...
O desemprego a níveis jamais vistos, a pobreza em expansão, os sistemas
de protecção em crise de recursos, os milhares de falências e
insolvências e a iminente ruptura de serviços públicos estão aí a
confirmar o realismo do veredicto acima resumido. Poupanças de vidas
inteiras perdidas! Vidas activas terminadas aos quarenta anos! As
políticas parecem recuar perante a enormidade. Os Estados revelam
fragilidades insuspeitas. A União Europeia e outros arranjos
internacionais, ainda há duas ou três décadas as partes mais visíveis do
sonho optimista e voluntarioso, demonstram não estarem preparados para
defrontar uma crise omnipresente.
Destes anos, um único valor parece ter saído fortalecido: ganhar, ganhar a todo o custo, vencer, vencer a todo o preço. Transformar o vizinho em rival e destruir o rival. A competitividade e a produtividade, necessárias, com certeza, importantes, certamente, deixaram de ser instrumentos para se tornarem fins em si próprias. A última palavra consiste em ganhar mais que todos. O que quer dizer ganhar à custa de todos.
A capacidade destas doutrinas para desumanizar a sociedade é ilimitada. A pobreza é agora um merecido castigo. A desigualdade, uma condição necessária à vitória dos melhores. A injustiça, uma desculpa dos fracos. A Europa, durante séculos relativamente imune a estes valores, deixou-se contagiar, talvez por uma certa lenda americana. É hoje frequente assistirmos a situações em que a mais dura eficiência e o mais ácido pragmatismo dominam qualquer veleidade humana de compaixão ou solidariedade. De beleza ou de cultura.
Destes anos, um único valor parece ter saído fortalecido: ganhar, ganhar a todo o custo, vencer, vencer a todo o preço. Transformar o vizinho em rival e destruir o rival. A competitividade e a produtividade, necessárias, com certeza, importantes, certamente, deixaram de ser instrumentos para se tornarem fins em si próprias. A última palavra consiste em ganhar mais que todos. O que quer dizer ganhar à custa de todos.
A capacidade destas doutrinas para desumanizar a sociedade é ilimitada. A pobreza é agora um merecido castigo. A desigualdade, uma condição necessária à vitória dos melhores. A injustiça, uma desculpa dos fracos. A Europa, durante séculos relativamente imune a estes valores, deixou-se contagiar, talvez por uma certa lenda americana. É hoje frequente assistirmos a situações em que a mais dura eficiência e o mais ácido pragmatismo dominam qualquer veleidade humana de compaixão ou solidariedade. De beleza ou de cultura.
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