domingo, 1 de abril de 2012

(des)acordo ortográfico... contra... por vasco graça moura...!

Quem comete a ilegalidade é quem está a aplicar o acordo. Qualquer constitucionalista poderia ter informado o governo de que o acordo, enquanto tratado internacional, não entrou em vigor na ordem jurídica internacional por não ter sido ratificado por Angola e Moçambique. Mas, mesmo que estivesse, o acordo não poderia ser aplicado: o seu artigo 2 obriga à elaboração de um Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa, com intervenção de todos os países signatários. Ora, esse vocabulário não existe e não está em vias de ser elaborado. Nenhum vocabulário nacional pode substituí-lo. Por esta razão, o acordo não pode ser aplicado. E quando, se alguma vez acontecer, existir o tal vocabulário, continuará a ser impossível aplicar o acordo por razões de deficiência técnica e utilização de conceitos cientificamente ultrapassados. O que está a acontecer em Portugal é que se pensa que o vocabulário elaborado por um mero centro universitário português (Iltec) se pode substituir ao vocabulário ortográfico comum que o acordo exige. E com isso, os responsáveis políticos adoptaram uma terceira ortografia, que nem corresponde à praticada no Brasil, nem à que está em vigor em Angola e em Moçambique — ou seja, assumiram pouco inteligentemente um resultado que leva à divergência, quando a convergência das grafias era o objectivo essencial. O Centro Cultural de Belém tem responsabilidades estatutárias na promoção da cultura portuguesa. E também por isso não pode pactuar com erros de ortografia.

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