"Pior do que os erros de pormenor, contudo, é o facto de a prova não
avaliar qualquer competência filosófica última; apenas avalia
competências filosóficas instrumentais. A compreensão dos conceitos e
ideias dos filósofos é meramente instrumental para aprender a raciocinar
filosoficamente. Avaliar apenas essa compreensão, mas não aquilo que
constitui a sua finalidade seria como avaliar, no futebol, não a
competência para jogar jogos de futebol, mas antes exercícios de flexões
e corrida, que certamente fazem parte do treino dos futebolistas, mas
não constituem a finalidade deste.
Para se fazer tolices destas, ainda por cima a nível nacional, mais vale
acabar com os exames nacionais e deixar os filhos de cada qual entregue
às arbitrariedades dos seus professores e escolas - desse modo, pelo
menos alguns terão a sorte de ter professores competentes,
que irão prepará-los com carinho e rigor para o que é crucial em
filosofia, ao passo que com exames nacionais deste cariz todos são
vítimas da incompetência educativa nacional costumeira. Ou será que
estou a ver mal?"
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