domingo, 13 de maio de 2012

da (ex)educação visual e tecnológica... sobre o encontro da anapet [(quase ex)educação tecnológica]... e da intervenção da apevt...!

"RESUMO DA COMUNICAÇÃO DA APEVT REALIZADA HOJE PELO COLEGA PAULO FERNANDES NO ENCONTRO NACIONAL DA ANAPET QUE DECORREU EM LISBOA.

COMUNICAÇÃO APEVT

Encontro de professores de Educação Tecnológica
Lisboa, Maio de 2012

A Associação de Professores de Educação Visual e Tecnológica (APEVT) agradece o convite para integrar este painel. A sua presença neste encontro, bem como em outras acções conjuntas
com professores de Educação Tecnológica, demonstram o seu posicionamento inequívoco e incondicional, ao lado destes, pela manutenção da disciplina de Educação Tecnológica no elenco curricular do 3º ciclo ensino básico.

Neste particular,

a APEVT esteve no passado dia 21 de Abril, em Matosinhos, num encontro organizado por um grupo de professores de Educação Tecnológica, onde esteve também a ANAPET, e no qual se assumiram compromissos de acção conjunta.
Assim no dia 3 de Maio a APEVT e a ANAPET estiveram na Tribuna Pública da Fenprof, em Lisboa, em frente ao Ministério da Educação e Ciência.
E, no dia seguinte, dia 04 de Maio, concentramo-nos em frente às Direcções Regionais de Educação (DREs), numa iniciativa brotada desse encontro em Matosinhos, para entregarmos nestas delegações as nossas reivindicações.

A posição de defesa da Educação Tecnológica por parte da APEVT é publicamente conhecida, através dos seus pareceres, comunicados e manifestos, dos quais realçamos o último comunicado de Março de 2012, onde referimos a incongruência na retirada da ET no 3º ciclo.


A APEVT tem tido, nos últimos dois anos, um papel bastante interventivo junto do Ministério da Educação e da sociedade civil, pelas mesmas razões porque a ANAPET se reúne aqui hoje:

Politicas educativas incorrectas, que põe em causa o futuro da educação básica, com alterações injustificadas e sem qualquer argumentação do ponto de vista pedagógico.

Em 2011, o Governo de então, decretava (Decreto-Lei n.º 18/2011 de 2 de Fevereiro) o final do par pedagógico a EVT, pondo em causa a qualidade do ensino desta área curricular e provocando o desemprego para professores que leccionam à mais de uma década.

Também aí as medidas eram infundadas do ponto de vista pedagógico.
Nessa altura a APEVT iniciou movimentações e criou uma dinâmica, que culminou no Encontro de professores de EVT em Aveiro, onde a 15 de Janeiro de 2011, enchemos o Auditório do Centro de Cultura e de Congressos com os mais de 800 professores presentes.
Desse Encontro e das acções que se seguiram conseguimos alguma visibilidade nacional e o apoio dos partidos da oposição. Tendo sido o decreto Decreto-Lei revogado, e mantendo-se a disciplina de EVT a ser leccionada em par pedagógico.

Essa mesma oposição que nos apoiou, chegada ao governo, anuncia, pelo senhor Ministro da Educação e Ciência Nuno Crato, em diversas entrevistas públicas, a intenção de eliminar a disciplina de EVT, desdobrando-a em 2 áreas (EV e ET), numa simplória operação matemática.

Iniciava-se aqui mais um ataque ao ensino artístico e tecnológico e em particular à disciplina de Educação Visual e Tecnológica.
A 27 de Outubro de 2011, e após ter conhecimento destas intenções, a APEVT publicava no seu site oficial a sua perspectiva estratégica alertando que a reforma curricular não pode estar ao sabor das mudanças políticas conjunturais resultantes dos ciclos políticos eleitorais. Defendendo um movimento social amplo que envolvesse associações científicas de professores; cientistas da educação e movimentos associativos de pais e encarregados de educação.
Entre Novembro e Dezembro a APEVT teve uma série de audiências com todos os grupos parlamentares, onde os partidos de apoio ao governo nos garantiam que nada estava estipulado e que a eliminação de EVT não passava de um boato. Que iam ser desenvolvidos estudos que, naturalmente, a APEVT iria conhecer as propostas.
Nada disso aconteceu e a 12 de Dezembro de 2011, o Ministério da Educação e Ciência apresenta oficialmente a sua proposta base de revisão da estrutura curricular, onde se confirma a substituição da disciplina de Educação Visual e Tecnológica pelas disciplinas de Educação Visual e de Educação Tecnológica, no 2.º ciclo, cada uma com programa próprio e cada uma com um só professor.
Não querendo trazer para aqui pormenores das preocupações específicas da disciplina de Educação Visual e Tecnológica, embora a nossa acção possa ser um exemplo e uma força para o que ainda há-de vir, quero deixar apenas algumas problemáticas:
1. O investimento na formação de recursos humanos, que agora se descartam e/ou se aproveitam para “encher pneus”.
2. O descrétido dado a ambas as disciplinas, quando se entende que se fazem programas em meio ano, e que um professor pode leccionar uma disciplina quando “recebe” o programa nas vésperas de iniciar o ano lectivo.
3. O desrespeito pelos alunos que iniciam um ciclo com EVT no 5º ano e no ano seguinte já não têm.
4. O desrespeito com os professores que durante uma década leccionaram, com horário completo e agora não vão ter lugar…
Estes pontos que agora referi servem para acentuar o perfil das pessoas que estamos a enfrentar, para que não se pense que este é um debate justo, em que a retórica e a razão poderão ter algum valor ou fazer a diferença.

A 7 de Janeiro de 2012 a APEVT voltou a encher o Auditório do Centro de Cultura e de Congressos em Aveiro, conseguindo reunir uma alargada representatividade com a presença de todos dos partidos políticos com assento parlamentar, Escolas Superior de Educação, Organizações Sindicais, Confederações de Associação de Pais e outras Associações Pedagógicas e de Professores.

Deste encontro saiu a posição de princípio da APEVT que foi em seguida apresentada a 9 de Janeiro de 2011 na audiência com o Ministério da Educação e Ciência.

A APEVT multiplicou-se também em inúmeras outras acções de iniciativa própria ou de representação:

- em manifestações e acções de rua exibindo o seu “amarelo EVT”;
- forte participação na audição pública na Comissão de Educação, Ciência e Cultura na Assembleia da república a 18 de Janeiro;
- criação de mecanismos de intervenção e debate público nas redes sociais;
- publicação do Manifesto da APEVT e dos professores de EVT ao país e do parecer final da APEVT sobre a proposta da revisão curricular.

A nossa actuação pautou-se num sinuoso e difícil caminho, que consideramos estar longe de ter chegado ao fim. Como nos demonstrou o recente “movimento em defesa da EVT” que reuniu 16328 apoiantes. Uma força que queremos capitalizar. Ou ainda a recente eleição de um conselheiro pela APEVT, designado pelas Associações Pedagógicas, no Conselho Nacional de Educação. Um acontecimento curioso e cheio de ironia.


Em todas estas acções a APEVT defendeu a Educação Tecnológica na sua especificidade e dos seus professores, muitos também nossos associados.


De resto,

A retirada da disciplina de Educação Tecnológica do elenco curricular do 3º ciclo do Ensino Básico foi uma surpresa, pois nada o fazia prever à luz da proposta base de revisão da estrutura curricular apresentada para discussão pública a 12 de Dezembro. Nem qualquer opinião ou contributo saído dessa mesma discussão pública, apontam nesse sentido.

Consideramos por isso legítima a preocupação manifestada pelos professores presentes, e a surpresa com que recebemos a notícia da eliminação da ET no 3º ciclo, só é explicada pela falta de rumo e de estratégia pedagógica. Aliás, arriscamos mesmo dizer que este Ministério está envolvido numa confusão tremenda quando falamos de ET e de TIC. Já tinham mostrado esse equívoco quando queriam desdobrar a ET com a TIC no 2º ciclo, e agora substituindo a ET pelas TIC no 3º ciclo. Saberão eles do que se trata em cada uma destas disciplinas?


A esta falta de estratégia e equívocos soma-se ainda a falta de seriedade, quando afirmam perante a APEVT que a ET do 2º ciclo será leccionada pelo professores de EVT e a seguir garantem à ANAPET que os professores de ET do 3º ciclo poderão leccionar também o 2º ciclo. Estas afirmações só são entendidas como uma forma de colocar os professores uns contra os outros, provocando guerrilhas que em nada favorecem a classe.


Deste modo a APEVT apela à união de todos os professores, de todos os grupos disciplinares, na defesa da especificidade e dignidade de cada disciplina e na formação específica de cada professor, para que de forma concertada, possamos alterar o rumo destes acontecimentos.


Paulo Fernandes

(APEVT)
"

via fb... aqui.

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