no expresso diário...
"Exame de Português deixou ontem milhares de alunos
sem aulas para garantir silêncio nas escolas. Problema repete-se amanhã,
com as provas de Matemática
Há um instante em que
toda a floresta escura se cala. É o silêncio absoluto que precede o som
misterioso, “muito grave e profundo”, de milhões de pequenas folhas
verdes e brilhantes a nascer. Acaba assim o conto “Uma semente de
girassol”, de Teresa Saavedra, texto que abriu a segunda parte da Prova
Final de Português do 4. ano. Ontem, milhares de alunos em todo o país
ficaram sem aulas para que durante os exames as escolas se assemelhassem
à tal floresta. Silenciosas.
O resumo do dia de ontem é, por isso, uma espécie de
antevisão do dia de amanhã - data da Prova Final de Matemática para os
alunos do 4.º ano e 6.º ano, o que implicará o silêncio por ausência de
todos os colegas dos outros anos. Os exames realizaram-se nas escolas
sede, por definição as maiores e melhor equipadas. E, claro, as que mais
alunos têm.“As regras são claras e, ao contrário de um teste normal,
estes exames exigem silêncio absoluto, pelo que não pode haver outros
alunos no espaço”, explica ao Expresso Maria João Gonçalves, da
Associação Sindical de Professores Licenciados.
Tal como o Expresso Diário adiantou ontem, muitas
escolas optaram por realizar programas alternativos para os alunos.
“Organizaram visitas de estudo para estes dias e, em alguns casos, julgo
que em número limitado, garantiram aulas ao 9.º ano”, diz Filinto Lima,
vice-presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e
Escolas Públicas.
No entanto, nem todas as escolas conseguiram – o que
deixou muitos encarregados de educação confrontados com o facto de não
terem onde deixar os educandos. “Não se aprendeu nada”, lamenta Jorge
Ascenção, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais.
“Houve um ano inteiro para preparar dois dias, de modo a que as escolas
pudessem funcionar normalmente. Mas nada se fez”, acrescenta.
Maria João Gonçalves, Filinto Lima e Jorge Ascensão
estão de acordo quanto ao futuro: os três acreditam que amanhã tudo será
igual. “As escolas tiveram de limitar o acesso e quase todos os alunos
dos 5.º, 7.º, 8.º e 9.º anos não tiveram aulas” concretiza Filinto Lima.
“É um constrangimento que poderá ser ultrapassado se as provas finais
forem realizadas após o final do 3.º período, acrescenta.
O Expresso contactou o Ministério da Educação e da
Ciência. “O calendário de provas finais e exames nacionais de 2014 foi
aprovado há quase um ano, exatamente com o intuito de permitir às
escolas, com a máxima antecipação possível, a implementação das medidas
organizativas necessárias a realização das provas, com o mínimo impacto
possível sobre os alunos não sujeitos a exame e respetivas famílias”,
respondeu, por escrito, o gabinete de Nuno Crato.
Ao todo, realizaram a prova 209860 alunos. O nível de
presenças foi de 99,4% na prova de 4.º ano e de 98,6% na prova do 6.º
ano, de acordo com dados do Ministério da Educação e da Ciência. O
resultado das provas do 4.º ano representa 30 % da avaliação final - o
mesmo que os exames do 6.º ano. As notas são conhecidas a 12 de junho,
estando prevista uma segunda fase de exames (para os alunos que tenham
nota negativa), a realizar nos dias 9 e 14 de julho (Português e
Matemática, respetivamente). Os alunos reprovados podem frequentar um
período de acompanhamento extraordinário."
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