no público...
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
a actualidade do dia-a-dia, numa visão pessoal do jornalista...!
Bom dia, este é o seu Expresso Curto |
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29 de Dezembro de 2015 | ||
Paulinho das férias
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O homem que antes disse que ficava e não ficou, que depois tirou o ir ao irrevogável e a vogar continuou, anuncia agora uma “decisão de vida”: Paulo Portas vai deixar a liderança do CDS/PP.
Comunicou-o esta noite à comissão política centrista. Deverá deixar também o Parlamento, antecipa o Expresso. E assim abrir um novo ciclo na sua vida política – e na vida política do seu partido. “Está a ver o Google? Apareceu em 1998, o mesmo ano em que Paulo Portas chegou a presidente do CDS. Já são quase 16 anos de liderança, com dois anos de intervalo pelo meio”, contabilizava o jornalista Filipe Santos Costa: “5727 dias de liderança”, um texto que recorda que, em democracia, só Álvaro Cunhal liderou um partido durante mais tempo (18 anos). É a história e as histórias de PP no PP. É um retrato da política. Não é um obituário político: Paulo Sacadura Cabral Portas, 53 anos, é talvez demasiado velho para sonhador mas ainda demasiado novo para senador. “Portas fez bem em sair, salvaguarda o que ainda lhe resta de margem política”, escreve o editor de Política do Expresso, Bernardo Ferrão. “Continuar seria desgastar-se. A ligação ao PSD na governação é marca profunda demais. Diluiu a identidade ao CDS. E Portas sabe que se ficasse o seu espaço de manobra ficaria comprometido. Os projetos políticos que ainda tem seriam queimados no confronto com o seu passado de governante.” O editor Executivo, Martim Silva, vai mais longe: esta é uma boa notícia sobretudo para o CDS. E “Portas sai, reconhecendo implicitamente que o ciclo de Costa provavelmente vai ser mais longo do que inicialmente se previa”. “A quem ficará entregue o CDS?”, pergunta o Observador. Filipe Santos Costa começa a dar a resposta. “Portas ficará calado e dará o palco a Pedro Mota Soares, Assunção Cristas e João Almeida - apontados como três dos principais nomes para uma futura liderança - e ainda a Nuno Magalhães, Cecília Meireles e Telmo Correia. Na bolsa de apostas para a sucessão de Paulo Portas, só um nome bate todos os outros, e esse não está em São Bento: o eurodeputado Nuno Melo”. As eleições de outubro descerraram uma aliança à esquerda e encerraram a coligação de direita. Portas já não será Paulinho, larga às feiras, deixa as feras e vai de férias. Supõe-se.
OUTRAS NOTÍCIAS
Brevemente falaremos do Novo Banco, como antecipa o Público, que recorda o compromisso que António Costa declarou há dias em entrevista ao Jornal de Notícias: a solução não trará mais custos para os contribuintes. Mas é ainda o Banif que discutimos. Na Renascença, Morais Sarmento mostrou perplexidade: “Até pelo alerta que o caso BES representa, não é crível para ninguém que o supervisor não tivesse – e se não tinha, tinha obrigação de ter – um conhecimento mais próximo e um acompanhamento muito próximo nesta fase do sector bancário”. É preciso “uma auditoria externa independente para que possamos vir a saber o que se passou no Banif, o que explica este imenso buraco de cerca de 3 mil milhões de euros e a forma como o banco foi vendido”, complementou Vera Jardim no “Falar Claro” da Rádio Renascença. O Banif já não escorre como banco mas ainda corre como tinta. O Diário Económico revela que o Montepio apresentou um processo judicial contra o banco nas vésperas da sua resolução, exigindo 20,3 milhões de euros, por operações relacionadas com um fundo de investimento. Ao todo, o Banif foi alvo de 56 processos judiciais este ano, que reclamam um total de 79 milhões de euros. O BPI vai avançar com a proposta de cisão das operações em África. Mesmo sem o apoio da segunda maior acionista, Isabel dos Santos. A cisão será votada em Assembleia Geral. Cisão em África, cisão entre acionistas? No Negócios, Celso Filipe prevê o fracasso da iniciativa. E mostra que ela frisa sobretudo o desentendimento entre os dois maiores acionistas. “Ou o La Caixa sai de cena ou é Isabel dos Santos que o faz”. “Os portugueses estão saturados de ouvir falar de política”, diz Miguel Sousa Tavares na SIC, que diz haver “uma espécie de desmotivação” nas eleições presidenciais, até porque parece que o “desfecho é conhecido”: Marcelo Rebelo de Sousa vai vencendo nas sondagens. Aliás, Sousa Tavares não acredita que “alguém queira ouvir” os 45 debates planeados. O que ainda não saturou (nem suturou) foi o caso do Hospital de São José: os cinco maiores hospitais da Grande Lisboa preparam novo modelo de assistência a doentes urgentes, que deverá estar operacional em fevereiro. A decisão surge depois de cinco mortes por falta de equipa de neurocirurgia vascular ao fim de semana no Hospital de São José, explica a jornalista Vera Lúcia Arreigoso. A Altice reúne-se com Sporting, que quer mais de 300 milhões por um contrato de direitos televisivos, avança o Diário de Notícias. Os dois negócios televisivos de FC Porto e Benfica, com a Meo e com a NOS, superam o valor global da liga holandesa. Fonte próxima da Liga Portugal referiu ao Expresso que os valores vêm confirmar “que o mercado português tem um valor muito elevado e isso mostra a força do futebol profissional em Portugal”. Governo encontra ilegalidades nas concessões dos transportes, avança o Negócios. São as primeiras conclusões da análise técnica que o Ministério do Ambiente está a realizar aos contratos de subconcessão a privados, que podem ser usados como argumentos jurídicos do governo para os anular. O valor fiscal dos prédios subiu 34% desde há cinco anos com a reavaliação geral feita para efeitos de IMI. É mais uma notícia do Negócios: cada imóvel urbano passou a valer em média 64 mil euros. “As receitas das autarquias acompanharam o aumento do valor fiscal dos prédios e subiram 43% no espaço de cinco anos.” Trinta mil crianças espanholas estão a aprender português na escola, avança o Jornal de Notícias. O número de alunos do ensino básico e secundário espanhol a aprender língua Portuguesa triplicou em cinco anos. Em Itália, a circulação de automóveis vai ser limitada por causa da poluição. O Daesh, autoproclamado Estado Islâmico, tem um departamento para “os despojos de guerra”. Documentos apreendidos durante um raide na Síria, em maio, mostram detalhes da organização burocrática do grupo radical. Laura Croix, sobrevivente dos ataques terroristas em Paris no passado dia 13 de novembro, falou ontem pela primeira vez, à sua família, após após semanas de coma induzido. Levou seis tiros e sobreviveu. Chamam-lhe o “milagre do Bataclan”. Um jovem foi detido na Turquia por insultar no Facebook o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan. Hoje o Diário de Notícias faz 151 anos. FRASES “Acho que [o Hospital] São José já não deveria existir”. Miguel Sousa Tavares, na SIC. "Marcelo tenta ser outra personagem". António Sampaio da Nóvoa, no Correio da Manhã. “É difícil escrever sobre a Europa em 2016 sem evitar o catastrofismo”. Bernardo Pires de Lima, no Diário de Notícias. “Parte da nossa banca era um Hércules cujos músculos eram um exercício de cirurgia plástica.” Fernando Sobral, no Negócios. O QUE EU ANDO A LER “Biblioteca dos Rapazes”, de Rui Pires Cabral. É uma edição muito bonita, já com três anos, de poemas inspirados em romances de aventuras dos anos 30 a 70 do ano passado, sobre colagens de imagens retiradas de revistas, postais antigos, fotografias, calendários. “Mas ainda temos tempo - / Somos uma multidão de evadidos / Sob um céu calado que nos estranha. / Aqui estamos. / Caminhemos.” Karl Ove Knausgård foi um dos autores do ano. Se está ou vai ler um dos três livros já editados em Portugal (de um total de seis) sobre a sua vida (sobre “a minha luta”), visite ou revisite esta entrevista que a jornalista Cristina Margato lhe fez em Ystad, na Suécia, que foi originalmente publicada na revista E a 9 de maio, e que republicamos neste fim de ano. Logo o primeiro livro, “A Morte do Pai”, abre com uma descrição da morte tão violenta na sua crueza que é impossível de esquecer. “Karl Ove Knausgård é o homem que não guarda segredos. O escritor que renuncia à possibilidade de ter uma vida dupla para se colocar a contas com a infância, o pai alcoólico, a mulher bipolar, as quatro crianças pequenas. A família de onde vem. A família que está a construir”. Estamos a fechar o ano. Antes disso, amanhã, aqui estará o Bernardo Ferrão para lhe servir o Expresso Curto; e no último dia do ano há semanário Expresso nas bancas, esta semana excecionalmente na quinta-feira, por causa das festas. Que sejam boas. Nós lemo-nos e escrevemo-nos novamente a partir de janeiro. Tenha boas entradas. Tenha um excelente dia. |
continuando o dia... perplexo...!
parece que vamos virar um laboratório de ensaios [científicos]...?
Sociólogo diz que chegada dos próximos refugiados vai testar racismo dos portugueses
a começar o dia... chocado...!
EducaçãoSuspender metas curriculares? Sim, mas não para já |
"PCP pede fim imediato das regras de avaliação dos alunos. Governo diz que só faz mudanças depois de avaliação científica
A
forma como os alunos são avaliados e como os programas são ensinados
não vai mudar antes de haver uma avaliação científica e pedagógica do
atual modelo. A garantia foi dada pelo Ministério da Educação (ME) em
resposta à proposta do PCP que queria ver as metas curriculares do
primeiro ciclo suspensas de imediato. Uma iniciativa que contava com a
oposição das associações de professores que apesar de serem contra as
metas defendem estabilidade na avaliação do alunos.
O
documento do PCP vai ser votado no Parlamento a 8 de janeiro, mas é
apenas uma resolução e, mesmo que seja aprovada, depende sempre do
governo o avançar com a alteração das regras.
O
entendimento do executivo é de que para já deve ser feita uma avaliação
ao sistema e só mais tarde aplicar mudanças. Embora reconhecendo que
"há problemas sinalizados em algumas das metas curriculares em vigor", o
ministério tutelado por Tiago Brandão Rodrigues, garante que "eventuais
alterações serão enquadradas na definição do perfil de saída dos alunos
no final da escolaridade e numa construção de uma verdadeira
articulação curricular". Deixando a "eventual suspensão de documentos
orientadores" dependente do suporte de "uma avaliação científica e
pedagógica".
Esta
era mais uma ação dos deputados da maioria de esquerda para pôr fim às
medidas implementadas por Nuno Crato, ministro da Educação em 2011 e
2015. Miguel Tiago, deputado do PCP, explicou ao DN que a ser decretado o
fim dos atuais objetivos, os alunos passariam a ser avaliados e a
matéria a ser dada de acordo com os critérios que existiam antes dessas
metas. Além disso, o partido comunista defende que se inicie "um
processo de reflexão e debate democrático amplo e alargado a toda a
comunidade educativa, de modo que se definam os objetivos para uma real e
profunda reforma curricular". Porém, como esta será "apenas uma
recomendação" caberá ao governo decretar o fim das metas. "Vai ser
necessário uma circular ou portaria do ministério a suspender as metas,
que podem até suspendê-las só a partir do próximo ano letivo", aponta
Miguel Tiago. Se isso não acontecer, "o governo sujeita-se às críticas
da Assembleia", promete o deputado.
O
DN tentou, sem sucesso, obter uma reação junto do grupo parlamentar do
PS para perceber qual seria o sentido de voto do Projeto de Resolução do
PCP. Do lado do governo, o ME lembra que está analisar os problemas
sinalizados e avança que as associações de professores "serão convidadas
a participar num processo de avaliação destes documentos, para se poder
aferir que medidas tomar".
Associações pedem debate
Entre
associações e sociedades de professores, a análise às metas
introduzidas por Nuno Crato é divergente. Mas num aspeto estão de
acordo: suspender de imediato seria um erro com consequências para os
alunos e para as famílias.
"Ao nível do
Português, as metas são uma aberração. Aliás, nos nossos pareceres,
sempre dissemos que eram muito redutoras e implicaram muitas
transformações que, a nosso ver, são redutoras", disse ao DN Edviges
Antunes Ferreira, da Associação de Professores de Português (APP). "Mas
suspender é uma coisa que tem de ser feita com calma, atempadamente. O
senhor ministro da Educação irá receber-nos e deverá certamente acolher
as nossas recomendações. Mas têm de se acautelar algumas questões. As
metas implicam manuais, que os pais já pagaram", ilustra.
Também
Lurdes Figueiral, presidente da Associação de Professores de Matemática
faz um retrato muito crítico do impacto das metas adotadas por Nuno
Crato: "Fazem parte de um conjunto de medidas do anterior governo que
fizeram retroceder muitos aspetos dos currículos e das avaliações no
ensino básico." "Mas a normalidade no trabalho curricular deve ser
reposta ouvindo os especialistas, ouvindo os professores", defende. "A
alteração deve ser feita com grande cuidado, e de forma articulada, para
que a cura não seja pior do que a doença".
Fernando
Pestana da Costa, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática -
instituição que já foi presidida por Nuno Crato - não subscreve as
críticas. "Achamos que as metas são adequadas, globalmente são um passo
em frente na definição do que os alunos devem saber. Vieram dar um maior
rigor ao ensino", acrescenta, admitindo que "qualquer programa,
qualquer meta, têm de ser avaliados".
Já
a suspensão imediata, avisa, teria consequências negativas. "As coisas
não podem cair no vazio. Se se suspende tem de se substituir por alguma
coisa. E não faz sentido suspender e substituir pelo que estava em vigor
anteriormente", considera, lembrando que "as metas influenciaram
manuais, que teriam novamente de ser alterados. Ao suspender de imediato
cria-se o caos. Não é assim que se procede", avisa."
no dn em linha...
comentário:
é revisionismo a mais para o estado presente da educação...
novamente gestão à bolina...?
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
coisas da educação... ou da deseducação...?
A educação é o antídoto para a radicalização
Gordon Brown
"Nenhum visitante do Médio Oriente pode deixar de notar o fosso entre
as aspirações educacionais, empresariais e profissionais dos jovens da
região e a dura realidade que priva muitos deles de um futuro positivo.
De facto, no Médio Oriente, metade das pessoas com idades entre os 18 e
os 25 anos está desempregada ou subempregada.
A agravar esta
situação está a crise global dos refugiados, que deslocou cerca de 30
milhões de crianças, das quais seis milhões vindas da Síria, sendo muito
poucas as que têm a probabilidade de voltar para casa ainda em idade
escolar. Não deveria ser surpresa o facto de o grupo conhecido na região
como Daesh (o Estado Islâmico) acreditar que pode encontrar um terreno
fértil para o recrutamento nesta vasta população de jovens despojados e
descontentes.
Os propagandistas do Daesh estão a fazer um mau uso
das redes sociais semelhante ao que os seus antecessores e
contemporâneos extremistas têm, por vezes, feito das mesquitas -
utilizando-as como um fórum para a radicalização. O grupo edita
consistentemente conteúdos que contestam a possibilidade da coexistência
entre o Islão e o Ocidente e convida os jovens a juntarem-se à jihad.
Os
vídeos grotescamente violentos produzidos pelo Daesh têm o apelo do
choque. Mas o que realmente atrai os jovens descontentes é o convite
para fazer parte de alguma coisa que parece maior do que eles mesmos e
as sociedades em que vivem. Shiraz Maher do Centro Internacional para o
Estudo da Radicalização (ICSR, sigla em inglês) do King"s College de
Londres identifica uma linha de sentimentos comuns entre os recrutas:
"uma justa indignação, um sentimento de desafio, uma sensação de
perseguição e uma recusa em se conformarem". Como conclui um relatório
recente da Fundação Quilliam, o Daesh joga com o desejo juvenil de se
fazer parte de alguma coisa com significado; é o apelo utópico da
organização o que mais atrai os novos recrutas.
Perante isto,
poucos discordarão de que nos encontramos numa batalha geracional por
corações e mentes que não pode ser vencida apenas por meios militares. O
poder militar pode eliminar os principais líderes do Daesh. Mas vamos
precisar de mais do que isso para convencer os quase 200 milhões de
jovens muçulmanos de que o extremismo é, literalmente, um beco sem
saída.
Há muitos exemplos de operações furtivas para combater o
extremismo em todo o subcontinente indiano e no Médio Oriente: revistas
infantis no Paquistão, vídeos destinados aos adolescentes no Norte de
África, estações de rádio no Médio Oriente e livros e publicações de
oposição à Al Qaeda. Elas podem ajudar a expor a verdade sobre a vida no
Daesh - a brutalidade, a corrupção e a propensão para purgas internas -
de várias maneiras, inclusive chamando a atenção para as deserções.
Como afirma um relatório de 2014, "[a própria existência de desertores]
desfaz a imagem de unidade e determinação que [o grupo] procura
transmitir".
Mas temos de ser mais ambiciosos se quisermos ganhar a
guerra ideológica, apoiando o espaço cultural que o Daesh chama de
"zona cinzenta", que ele almeja destruir. É um espaço em que muçulmanos e
não-muçulmanos podem coexistir, descobrir os seus valores comuns e
cooperar. Peter Neumann, diretor do ICSR, propôs um concurso no YouTube
de vídeos que explicam as falhas do Daesh. "Iríamos receber 5000 vídeos
num instante", diz ele. "Destes, quatro mil são lixo, mas 1000 são
eficazes - 1000 vídeos contra a propaganda do Estado Islâmico."
No
entanto, a melhor ferramenta de longo prazo para combater o extremismo é
a educação. Em Jaffa, Israel, uma escola gerida pela Igreja da Escócia
ensina as virtudes da tolerância às crianças muçulmanas, judias e
cristãs. Em todo o Líbano, um currículo escolar comum que defende a
diversidade religiosa - inclusive a "recusa de qualquer radicalismo e
exclusão religiosa ou sectária" - está a ser ensinado às crianças
sunitas, xiitas e cristãs e começa aos nove anos de idade. O país
introduziu também dois turnos no seu sistema escolar para acomodar cerca
de 200 000 crianças sírias refugiadas.
Se um país como o Líbano,
conturbado e devastado pela violência sectária e pelas divisões
religiosas, pode defender a coexistência e oferecer aos refugiados
sírios a oportunidade de estudar, não há razão para outros países da
região não seguirem o seu exemplo.
A escolha não poderia ser mais
clara. Nós podemos ficar parados e assistir a uma nova geração de jovens
muçulmanos, hábeis utilizadores da internet, ser inundada com falsas
alegações de que o Islão não pode coexistir com os valores ocidentais.
Ou podemos reconhecer que os jovens do Médio Oriente, e do resto do
mundo muçulmano, partilham as aspirações dos jovens de todo os outros
lugares do mundo.
Todas as provas indicam que os jovens da região
querem educação, emprego e a oportunidade para aproveitar ao máximo os
seus talentos. A nossa resolução para 2016 deve ser a de fazer com que
isso aconteça."
( C ) Project Syndicate, 2015.
no dn em linha...
a actualidade do dia-a-dia, numa visão pessoal do jornalista...!
Bom dia, este é o seu Expresso Curto |
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28 de Dezembro de 2015 | ||
Os Emídios Catuns que nos pregaram um calote de 6,3 mil milhões e andam à solta
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Bom dia.
Desculpem, mas não há peru, rabanadas e lampreias de ovos que me façam passar o engulho da fatura que neste final do ano veio parar outra vez aos bolsos dos contribuintes por mais um banco que entrega a alma ao criador, no caso o Banif, no caso mais 3 mil milhões. É de mais, é inaceitável, é uma ignomínia para todos os que estão desempregados ou caíram no limiar da pobreza por causa desta crise e mais uma violência brutal para os que continuam a pagar impostos (e que são apenas cerca de 50% de todos os contribuintes).
Todos nos lembramos do cortejo dos cinco maiores banqueiros portugueses (Ricardo Salgado, Fernando Ulrich, Nuno Amado, Faria de Oliveira e Carlos Santos Ferreira) a irem ao Ministério das Finanças e depois à TVI exigir ao então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, para pedir ajuda internacional. Todos nos lembramos como o santo e a senha da altura era o da insustentável dívida pública portuguesa por erros de gestão do Governo de José Sócrates. Todos nos lembramos das sucessivas reafirmações de que a banca estava sólida por parte do Banco de Portugal e do governador Carlos Costa. Todos nos lembramos dos testes de stress aos bancos conduzidos pela Autoridade Bancária Europeia – e como os bancos nacionais passaram sempre esses testes. E depois disso BPI, BCP, CGD e Banif tiveram de recorrer à linha de crédito de 12 mil milhões acordada com a troika. E depois disso o BES implodiu – e agora o Banif também. E depois disso só o BPI pagou até agora tudo o que lhe foi emprestado. E antes disso já o BPN e o BPP tinham implodido. E a Caixa vai ter de fazer um aumento de capital. E o Montepio é uma preocupação. É de mais! Chega! Basta!
No caso do Banif, é claro que o governador Carlos Costa tem enormes responsabilidades na forma como o problema acabou por ter de ser resolvido. No caso do BES foi ele também que seguiu a estratégia da resolução, da criação do Novo Banco e do falhanço total dessa estratégia – a venda rápida que não aconteceu, a venda sem despedimentos que também não vai acontecer, os 17 interessados que afinal eram só três, as propostas que não serviam, e o banco que era para ser vendido inteiro e agora vai ser vendido após uma severa cura de emagrecimento. É claro também que a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, tem responsabilidades diretas no caso, por inação ou omissão. E é claro que o ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, geriu politicamente o dossiê.
Mas não confundamos os políticos e o polícia com os bandidos, com os que levaram a banca portuguesa ao tapete. E para isso nada melhor do que ler o excelente texto que o Pedro Santos Guerreiro e a Isabel Vicente escreveram na revista do Expresso da semana passada com um título no limite mas que é um grito de alma: «O diabo que nos impariu» - ou como os bancos nacionais destruíram 40 mil milhões desde 2008. Aí se prova que houve seguramente muitos problemas, mas que a origem de tudo está no verdadeiro conúbio lunar que se viveu entre a banca e algumas empresas e alguns empresários do setor da construção. Perguntam os meus colegas: «Sabe quem é Emídio Catum? É um desses empresários da construção, que estava na lista de créditos do BES com empresas que entretanto faliram. Curiosamente, Catum estava também na lista dos maiores devedores ao BPN, com empresas de construção e imobiliário que também faliram». E como atuava Catum? «O padrão é o mesmo: empresas pedem crédito, não o pagam, vão à falência, têm administradores judiciais, não pagam nem têm mais ativos para pagar, o prejuízo fica no banco, o banco é intervencionado, o prejuízo passa para o Estado». Simples, não é, caro leitor?
A pergunta que se segue é: e o tal de Catum está preso? Não, claro que não. E assim, de Catum em Catum, ficámos nós que pagamos impostos com uma enorme dívida para pagar que um dia destes vai levar o Governo a aumentar de novo os impostos ou a cortar salários ou a baixar prestações sociais. Mas se fosse só o Catum… Infelizmente, não. Até as empresas de Luís Filipe Vieira deixaram uma dívida de 17 milhões do BPN à Parvalorem, do Estado, e tinham ainda por pagar 600 milhões de crédito do BES. O ex-líder da bancada parlamentar do PSD, Duarte Lima, deixou perdas tanto no Novo Banco como no BPN. Arlindo Carvalho, ex-ministro cavaquista, também está acusado por ilícitos relacionados com crédito concedido pelo BPN para compra de terrenos. E um dos homens fortes do cavaquismo, Dias Loureiro é arguido desde 2009 por compras de empresas em Porto Rico e Marrocos, suspeita de crimes fiscais e burlas. Mas seis anos depois, o Ministério Público ainda não acusou Dias Loureiro, nem o processo foi arquivado.
Dos 50 maiores devedores do BES, que acumulavam um crédito total de dez mil milhões de euros, «o peso de construtores e promotores imobiliários é avassalador». No BPN, «mais de 500 clientes com dívidas iguais ou superiores a meio milhão de euros deixaram de pagar». E a fatura a vir parar sempre aos bolsos dos mesmos. Por isso, o artigo de Pedro Santos Guerreiro e Isabel Vicente é imperdível. Para ao menos sabermos que o que aconteceu não foi por acaso. Que muita gente não pagou o que devia ou meteu dinheiro ao bolso – e esperou calmamente que o Estado viesse socializar os prejuízos enquanto eles privatizaram os lucros.
OUTRAS NOTÍCIAS
Lá fora, a notícia mais importante é a tomada pelo exército iraquiano do controlo da cidade de Ramadi, ocupada pelo Daesh desde maio deste ano, ao conquistar o antigo edifício governamental que até agora funcionava como centro de operações dos terroristas. É o fim da campanha militar iniciada no dia 22, quando o Exército iraquiano, apoiado por aviões da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, conseguiu alcançar o centro da cidade.
Por seu turno, a NATO vai enviar aviões para proteger o espaço aéreo turco. Os aparelhos de vigilância vão ser transferidos da base aérea alemã de Geilenkirchen para a base de Konya, localizada no sul da Turquia. A decisão implica o envio de soldados alemães para o estrangeiro, mas não vai passar pelo Parlamento do país.
A forma de gerir a questão dos refugiados na Europa continua a dividir os governos do Velho Continente. O presidente da República Checa, Milos Zeman,disse taxativamente: «Estou profundamente convencido de que estamos perante uma invasão organizada e não um movimento espontâneo de refugiados». E acrescentou que, embora seja «possível» sentir compaixão pelas crianças, idosos e doentes que chegam de países em guerra, o mesmo não se pode dizer sobre os refugiados mais jovens: «A grande maioria dos migrantes ilegais são homens jovens, solteiros e de boa saúde. Pergunto-me por que não estão estes homens a pegar em armas e combater pela liberdade dos seus países, enfrentando o Estado Islâmico».
Para a ONU, pelo contrário, «o grande desafio é integrar os migrantes». «É vital investir na educação» dos refugiados que receberam direito de asilo, garante o porta-voz da organização intergovernamental.
Entretanto, o Japão e a Coreia de Sul chegaram a acordo sobre as escravas sexuais coreanas que foram obrigadas a servir os soldados do exército nipónico durante a II Guerra Mundial. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pediu desculpa pelas chamadas «mulheres de conforto» e o Japão vai criar um fundo para indemnizar as sobreviventes e as suas famílias.
Por cá, na guerra dos direitos televisivos para a transmissão dos jogos de futebol, depois da NOS ter chegado a acordo com o Benfica por 400 milhões em dez anos, a MEO subiu a parada: 457,5 milhões para o Futebol Clube do Porto também por dez anos. Contudo, os acordos não são exatamente idênticos e o Jornal de Negócios tenta fazer a comparação. Resta agora saber o que irá o Sporting conseguir. E o Braga. E o Guimarães. E outros clubes. Porque o campeonato não se joga apenas com três e se uns tiverem cada vez mais dinheiro e outro menos, isso quer dizer que será cada vez menos competitivo e menos interessante. O que é mau para o negócio.
Uma boa notícia: só 1% das câmaras vão cobrar mais IMI em 2016. A maioria das autarquias do país optou por manter em 2016 as mesmas taxas de IMI cobradas este ano. Houve 46 que decidiram mesmo descer e apenas três subiram. Quase metade ficaram-se pela taxa mínima, de 0,3%.
Outra boa notícia: três em cada quatro empresas querem contratar em 2016, motivadas pela saída da troika e a queda da taxa de desemprego. Os salários deverão manter-se quase inalterados, mas há uma tendência de aposta em benefícios
O treinador do Sporting, Jorge Jesus, deu uma entrevista ao Jornal da Noite da TVI e considerou Benfica e Porto os favoritos à conquista do título de campeão nacional de futebol, «com o Sporting a entrar também de forma muito séria nesse duelo». E ontem à noite manteve-se uma tradição: um jantar de apoio à recandidatura de Jorge Nuno Pinto da Costa, 77 anos, à presidência do FC Porto. E outra tradição: o humor do presidente, quando as coisas não lhe correm de feição. Sobre os assobios para o treinador Julen Lopetegui, disse: «Se com os assobios chegou a primeiro, então que continuem a assobiar mas logo desde o princípio, porque dá sorte».
E por falar em assobios, se o leitor tem a mania de mandar piropos às mulheres que vê na rua, então cuide-se e mude de comportamento. Desde agosto que uma alteração ao Código Penal, que passou despercebida, criminaliza com penas de prisão até 3 anos os tais piropos ou «propostas de teor sexual», como as caracteriza a lei.
No cinema, o mais recente filme da saga Star Wars tornou-se, nos Estados Unidos, o mais visto de sempre no dia de Natal, e tornou-se, globalmente, o mais rápido a gerar mil milhões de dólares em sala. Agora, é esperado que ultrapasse Avatar e Titanic e se torne recordista absoluto de bilheteira.
Enquanto escrevo, as fortes rajadas de vento fazem-se ouvir através de estridentes assobios. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou 12 distritos sob aviso amarelo, devido à previsão de vento forte entre domingo e segunda-feira,com rajadas de 70 a 100 quilómetros por hora. Lisboa não está na lista. E o mau tempo anda à solta pelo mundo: há cheias na Europa, Ásia e América Latina, onde o «pior El Niño em 15 anos provoca cheias devastadoras».
Lá fora, a notícia mais importante é a tomada pelo exército iraquiano do controlo da cidade de Ramadi, ocupada pelo Daesh desde maio deste ano, ao conquistar o antigo edifício governamental que até agora funcionava como centro de operações dos terroristas. É o fim da campanha militar iniciada no dia 22, quando o Exército iraquiano, apoiado por aviões da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, conseguiu alcançar o centro da cidade.
Por seu turno, a NATO vai enviar aviões para proteger o espaço aéreo turco. Os aparelhos de vigilância vão ser transferidos da base aérea alemã de Geilenkirchen para a base de Konya, localizada no sul da Turquia. A decisão implica o envio de soldados alemães para o estrangeiro, mas não vai passar pelo Parlamento do país.
A forma de gerir a questão dos refugiados na Europa continua a dividir os governos do Velho Continente. O presidente da República Checa, Milos Zeman,disse taxativamente: «Estou profundamente convencido de que estamos perante uma invasão organizada e não um movimento espontâneo de refugiados». E acrescentou que, embora seja «possível» sentir compaixão pelas crianças, idosos e doentes que chegam de países em guerra, o mesmo não se pode dizer sobre os refugiados mais jovens: «A grande maioria dos migrantes ilegais são homens jovens, solteiros e de boa saúde. Pergunto-me por que não estão estes homens a pegar em armas e combater pela liberdade dos seus países, enfrentando o Estado Islâmico».
Para a ONU, pelo contrário, «o grande desafio é integrar os migrantes». «É vital investir na educação» dos refugiados que receberam direito de asilo, garante o porta-voz da organização intergovernamental.
Entretanto, o Japão e a Coreia de Sul chegaram a acordo sobre as escravas sexuais coreanas que foram obrigadas a servir os soldados do exército nipónico durante a II Guerra Mundial. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pediu desculpa pelas chamadas «mulheres de conforto» e o Japão vai criar um fundo para indemnizar as sobreviventes e as suas famílias.
Por cá, na guerra dos direitos televisivos para a transmissão dos jogos de futebol, depois da NOS ter chegado a acordo com o Benfica por 400 milhões em dez anos, a MEO subiu a parada: 457,5 milhões para o Futebol Clube do Porto também por dez anos. Contudo, os acordos não são exatamente idênticos e o Jornal de Negócios tenta fazer a comparação. Resta agora saber o que irá o Sporting conseguir. E o Braga. E o Guimarães. E outros clubes. Porque o campeonato não se joga apenas com três e se uns tiverem cada vez mais dinheiro e outro menos, isso quer dizer que será cada vez menos competitivo e menos interessante. O que é mau para o negócio.
Uma boa notícia: só 1% das câmaras vão cobrar mais IMI em 2016. A maioria das autarquias do país optou por manter em 2016 as mesmas taxas de IMI cobradas este ano. Houve 46 que decidiram mesmo descer e apenas três subiram. Quase metade ficaram-se pela taxa mínima, de 0,3%.
Outra boa notícia: três em cada quatro empresas querem contratar em 2016, motivadas pela saída da troika e a queda da taxa de desemprego. Os salários deverão manter-se quase inalterados, mas há uma tendência de aposta em benefícios
O treinador do Sporting, Jorge Jesus, deu uma entrevista ao Jornal da Noite da TVI e considerou Benfica e Porto os favoritos à conquista do título de campeão nacional de futebol, «com o Sporting a entrar também de forma muito séria nesse duelo». E ontem à noite manteve-se uma tradição: um jantar de apoio à recandidatura de Jorge Nuno Pinto da Costa, 77 anos, à presidência do FC Porto. E outra tradição: o humor do presidente, quando as coisas não lhe correm de feição. Sobre os assobios para o treinador Julen Lopetegui, disse: «Se com os assobios chegou a primeiro, então que continuem a assobiar mas logo desde o princípio, porque dá sorte».
E por falar em assobios, se o leitor tem a mania de mandar piropos às mulheres que vê na rua, então cuide-se e mude de comportamento. Desde agosto que uma alteração ao Código Penal, que passou despercebida, criminaliza com penas de prisão até 3 anos os tais piropos ou «propostas de teor sexual», como as caracteriza a lei.
No cinema, o mais recente filme da saga Star Wars tornou-se, nos Estados Unidos, o mais visto de sempre no dia de Natal, e tornou-se, globalmente, o mais rápido a gerar mil milhões de dólares em sala. Agora, é esperado que ultrapasse Avatar e Titanic e se torne recordista absoluto de bilheteira.
Enquanto escrevo, as fortes rajadas de vento fazem-se ouvir através de estridentes assobios. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou 12 distritos sob aviso amarelo, devido à previsão de vento forte entre domingo e segunda-feira,com rajadas de 70 a 100 quilómetros por hora. Lisboa não está na lista. E o mau tempo anda à solta pelo mundo: há cheias na Europa, Ásia e América Latina, onde o «pior El Niño em 15 anos provoca cheias devastadoras».
FRASES
"Sabe para onde vai o Mourinho? Para o Manchester United! Cheira-me, cheira-me, cheira-me". Marcelo Rebelo de Sousa, em Beja, em pré-campanha presidencial, SIC
"O Estado social é para mim, desde sempre, uma prioridade". Idem
"Arranja-me uma colherzinha para eu provar o puré de batata?". Marcelo Rebelo de Sousa, na escola de apoio a crianças desfavorecidas Vidas Coloridas, Beja, SIC
"Todos temos consciência que é necessário um Serviço Nacional de Saúde a funcionar como um relógio". Maria de Belém, em pré-campanha presidencial na Feira da Brandoa, SIC
"Era evidente que cortes a seguir a cortes acabava por dar mau resultado". Sampaio da Nóvoa em Reguengos de Monsaraz e em pré-campanha presidencial, sobre a morte de um jovem de 29 anos por falta de uma equipa de cirurgia, SIC
"(As medidas do Governo no caso Banif) não são de um tempo novo, são da velha política, são da política do antigamente". Edgar Silva, candidato comunista à Presidência da República, dizendo do Governo aquilo que o PCP não ousou fazer até agora, jornal i
"Sabe para onde vai o Mourinho? Para o Manchester United! Cheira-me, cheira-me, cheira-me". Marcelo Rebelo de Sousa, em Beja, em pré-campanha presidencial, SIC
"O Estado social é para mim, desde sempre, uma prioridade". Idem
"Arranja-me uma colherzinha para eu provar o puré de batata?". Marcelo Rebelo de Sousa, na escola de apoio a crianças desfavorecidas Vidas Coloridas, Beja, SIC
"Todos temos consciência que é necessário um Serviço Nacional de Saúde a funcionar como um relógio". Maria de Belém, em pré-campanha presidencial na Feira da Brandoa, SIC
"Era evidente que cortes a seguir a cortes acabava por dar mau resultado". Sampaio da Nóvoa em Reguengos de Monsaraz e em pré-campanha presidencial, sobre a morte de um jovem de 29 anos por falta de uma equipa de cirurgia, SIC
"(As medidas do Governo no caso Banif) não são de um tempo novo, são da velha política, são da política do antigamente". Edgar Silva, candidato comunista à Presidência da República, dizendo do Governo aquilo que o PCP não ousou fazer até agora, jornal i
O QUE NÃO LI MAS VOU LER
João Lobo Antunes é um dos maiores neurocirurgiões mundiais. Mas é muito mais do que isso. É um pensador. Reflete sobre a vida com a delicadeza mas também a certeza com que usou durante décadas o bisturi. Abriu cérebros, cortou tumores, salvou milhares de vidas. Mas também tem a sua dose de fracassos, como reconhece. «Há um que me vem à memória com frequência. A doente ficou cega e eu percebi no ato cirúrgico que isso estava a acontecer. E não dá para rebobinar o filme». É isso que conta numa magnífica entrevista à minha colega Luciana Leiderfarb, publicada na E, a revista do Expresso, na semana passada, a propósito do lançamento recente do seu livro «Ouvir Com Outros Olhos» (Gradiva).
Conheço Lobo Antunes como pessoa pública. Não mais do que isso. Tenho por ele uma enorme admiração. Mas o seu livro sobre Egas Moniz, o primeiro Nobel português de medicina (e único até agora nesta área) provocou-me, por razões muito pessoais, um enorme desconforto. Lobo Antunes defende os métodos utilizados por Egas Moniz para tratar doentes com disfunções de personalidade ou outras doenças cerebrais – métodos que hoje seriam considerados bárbaros e muito questionáveis. Eu vi o meu pai ser vítima dos métodos de Egas Moniz. Aos 24 anos, após uns súbitos ataques epiléticos, o meu avô e pai dele enviou-o a Portugal (viviam em Angola) para fazer exames médicos com Moniz. Este decidiu fazer uma radiografia de alto contraste ao cérebro, utilizando para isso um medicamento denominado Torotraste, que continha substâncias radioativas. Nada descobriu e os ataques epiléticos passaram. Trinta anos depois, aos 54 anos, o meu pai morreu numa semana. Diagnóstico: cancro no fígado. Ele não bebia nem fumava. O cancro veio do Torotraste, que tinha substâncias radioativas, que passado alguns anos destruíam o fígado dos pacientes sujeitos ao tratamento, provocando tumores. Morreram muitas pessoas por causa do Torotraste. Provavelmente mais de mil. O meu pai foi dos que durou mais: 30 anos. Mas mesmo assim morreu demasiado novo, aos 54 anos. É este o meu desconforto com João Lobo Antunes. Mas não deixarei de comprar este seu novo livro.
E pronto, está servido o Expresso Curto e forte, como convém após uns dias de excessos alimentares e de grande paz de espírito. Amanhã, com a sua pena afiada, a sua inteligência acutilante e o seu estilo inconfundível está cá ao seu dispor o Pedro Santos Guerreiro, com um fantástico Expresso Curto.
João Lobo Antunes é um dos maiores neurocirurgiões mundiais. Mas é muito mais do que isso. É um pensador. Reflete sobre a vida com a delicadeza mas também a certeza com que usou durante décadas o bisturi. Abriu cérebros, cortou tumores, salvou milhares de vidas. Mas também tem a sua dose de fracassos, como reconhece. «Há um que me vem à memória com frequência. A doente ficou cega e eu percebi no ato cirúrgico que isso estava a acontecer. E não dá para rebobinar o filme». É isso que conta numa magnífica entrevista à minha colega Luciana Leiderfarb, publicada na E, a revista do Expresso, na semana passada, a propósito do lançamento recente do seu livro «Ouvir Com Outros Olhos» (Gradiva).
Conheço Lobo Antunes como pessoa pública. Não mais do que isso. Tenho por ele uma enorme admiração. Mas o seu livro sobre Egas Moniz, o primeiro Nobel português de medicina (e único até agora nesta área) provocou-me, por razões muito pessoais, um enorme desconforto. Lobo Antunes defende os métodos utilizados por Egas Moniz para tratar doentes com disfunções de personalidade ou outras doenças cerebrais – métodos que hoje seriam considerados bárbaros e muito questionáveis. Eu vi o meu pai ser vítima dos métodos de Egas Moniz. Aos 24 anos, após uns súbitos ataques epiléticos, o meu avô e pai dele enviou-o a Portugal (viviam em Angola) para fazer exames médicos com Moniz. Este decidiu fazer uma radiografia de alto contraste ao cérebro, utilizando para isso um medicamento denominado Torotraste, que continha substâncias radioativas. Nada descobriu e os ataques epiléticos passaram. Trinta anos depois, aos 54 anos, o meu pai morreu numa semana. Diagnóstico: cancro no fígado. Ele não bebia nem fumava. O cancro veio do Torotraste, que tinha substâncias radioativas, que passado alguns anos destruíam o fígado dos pacientes sujeitos ao tratamento, provocando tumores. Morreram muitas pessoas por causa do Torotraste. Provavelmente mais de mil. O meu pai foi dos que durou mais: 30 anos. Mas mesmo assim morreu demasiado novo, aos 54 anos. É este o meu desconforto com João Lobo Antunes. Mas não deixarei de comprar este seu novo livro.
E pronto, está servido o Expresso Curto e forte, como convém após uns dias de excessos alimentares e de grande paz de espírito. Amanhã, com a sua pena afiada, a sua inteligência acutilante e o seu estilo inconfundível está cá ao seu dispor o Pedro Santos Guerreiro, com um fantástico Expresso Curto.
continuando o dia... não sei se ria ou se chore...!
exactamente porque esta não é [nem nunca foi] a minha onda...!
no dn em linha...
nota - 'crime, disse ela'
Assédio sexual Piropos já são crime e dão pena de prisão até três anos |
no dn em linha...
nota - 'crime, disse ela'
domingo, 27 de dezembro de 2015
sábado, 26 de dezembro de 2015
livros e leitura... é sempre bom ir divulgando estas coisas...!
É muito provável que já tenha ouvido falar no Projeto Gutenberg, mas
se não ouviu ainda vai a tempo, sobretudo se andar à procura de ebooks
gratuitos para diversificar a sua biblioteca digital.
A iniciativa
reúne num mesmo site milhares de conteúdos que já não estão protegidos
por direitos de autor – na maior parte dos casos porque expiraram – e
dá-lhe acesso gratuito. O site tem versões para vários países.
Na versão norte-americana vai encontrar 50 mil livros disponíveis, na versão em português estão contabilizados 38 mil.
Na maioria vai encontrar livros antigos e também vale a pena notar que o ritmo de novidades tem abrandado, mas o site do Projeto Gutenberg continua a ser um local interessante para encontrar algumas relíquias.
Os
livros são disponibilizados no formato ePub e nos formatos suportados
pelo Kindle, o leitor de ebooks da Amazon, e podem ser descarregados ou
lidos online. Se decidir descarregar o conteúdo pode optar entre três
serviços cloud para o fazer: Dropbox, Google Drive ou OneDrive.
O
projeto é colaborativo e por isso toda a ajuda é bem-vinda. Quem quiser
contribuir monetariamente ou digitalizando livros que possam contribuir
para aumentar a oferta disponível.
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hoje, tal como nos outros dias... não há 'pão para malucos'...?
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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
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