Bom dia, este é o seu Expresso Curto |
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18 de Dezembro de 2015 | ||
Mourinho, de Special One a Special Gone
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Bom dia,
Um contrato que termina (o de Mourinho), um prazo que expira (para surgirem comprados do Banif) e uma campanha que chega ao fim (em Espanha). 1. Sobre a saída de José Mourinho do Chelsea anda meio mundo (talvez um pouco mais) a escrever. No palheiro das notícias e textos que fui encontrando e lendo destaco estes: -No Expresso Diário, o Pedro Candeias explica como o estilo conflituoso e belicoso do português está em baixa e acabou por dividir o balneário e colocar a equipa contra si. -No britânico Telegraph, explica-se com detalhe como tudo aconteceu ontem, desde a reunião de dez minutos em que foi despedido, até ao almoço de toda a equipa pouco antes em que ninguém sabia de nada, até às duas horas que Mourinho demorou a arrumar o seu gabinete ou ao Jaguar em que deixou as instalações do Chelsea. -Na tal reunião esteve o diretor técnico do Chelsea, que na TV do clube confirmou a existência de divisões entre o treinador e os jogadores. E tal como o António Tadeia afirma, como não se pode despedir um plantel inteiro... -Piers Morgan considera a decisão de despedir Mourinho tão só a pior decisão da história do futebol. -Para se ter a dimensão de como a notícia é global, até o Financial Times fala do tema com destaque na primeira página desta sexta-feira. -Finalmente, entre os nomes que já vi e li que podem ficar ao comando do Chelsea encontram-se Guardiola (que rejeita renovar com o Bayern e terá recebido um cheque em branco para assinar pelo clube de Abramovitch), Simeone, Hiddink (provisoriamente até final da época), Juande Ramos e os italianos Conte ou Ancelotti. -Já Mourinho vai receber qualquer coisa como 12 milhões de libras por ter sido despedido (embora na impensa os valores apontados oscilem entre os 10,12, 13, 16 ou 18 milhões de euros). Mas como o mundo não pára de girar, agora é em Madrid que se diz que Mourinho pode voltar a aterrar, para treinar o Real. 2. Em Espanha domingo há eleições. Com um resultado mais imprevisível que nunca, depois do bipartidarismo tradicional PSOE PP ter sido estilhaçado pela chegada de Ciudadanos e Podemos. No PP, no poder, acredita-se na possibilidade de ser o Ciudadanos de Albert Rivera a viabilizar um eventual governo liderado por Rajoy. Quem o afirma é o El Pais. Já o El Mundo diz que o PP pode chegar a um acordo com o PSOE (se Sanchez sair). Confuso? Ah pois, ou achava que era só na política portuguesa… Ainda esta semana, no Expresso Diário o Ricardo Costa escrevia como pode estar para acontecer o terceiro governo de perdedores no espaço europeu em 2015. Além disso, o jovem que agrediu Rajoy na Galiza vai ficar sob guarda de um centro de menores (e pode lá permanecer até seis meses). 3. Termina hoje o prazo para surgirem interessados na compra do Banif, banco em que o Estado já enterrou 700 milhões de euros. Ontem, a negociação das acções do banco foi suspensa pela CMVM. Os jornais de hoje não avançam com qualquer solução para o caso (a tónica é mesmo sobre o suspense até ao fim quanto ao que poderá acontecer). O DN avança mesmo que não há propostas portuguesas ou chinesas para a compra do banco, parecendo os espanhóis do Santander e do Popular serem a solução mais provável caso a venda se concretize. |
OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro,
Faz manchete do Jornal de Notícias uma notícia que será seguramente um tema forte do dia. “Terroristas de Paris procurados em Portugal”. Afirma o JN que as autoridades nacionais estão em busca de três jiadistas considerados altamente perigosos e que pelo menos um deles é suspeito de ter sido um dos cabecilhas dos atentados recentes na capital francesa. A notícia vai ao detalhe de apresentar o nome do alegado cabecilha (Samir Bouzid) e de indicar que viaja num Citroen de cor escura e matrícula francesa.
Destaque hoje para duas votações no Parlamento.
A eleição dos cinco representantes para o Conselho de Estado. Que, a menos que haja novo golpe de teatro, serão Carlos César (PS), Francisco Louçã (BE), Domingos Abrantes (PCP), Francisco Pinto Balsemão (PSD) e Adriano Moreira (CDS).
Além disso, os deputados vão votar a proposta socialista que visa a redução no próximo ano da Contribuição Especial de Solidariedade sobre as pensões. Aqui, a novidade não é o facto de não haver propriamente um acordo à esquerda (comunistas e bloquistas queriam acabar com tudo de uma vez) mas o facto de PS, PSD e CDS aparecerem lado a lado na votação. O tema faz manchete do DN de hoje.
Neste esforço tímido, muito tímido mesmo, que Portugal está a fazer para ajudar na crise dos refugiados, chegaram ontem ao nosso país os primeiros 25 recolocados pela União Europeia (vieram da Síria, Eritreia e Sudão, entre outros, e chegaram à Europa por Lampedusa e Grécia).
E neste ponto há que sublinhar que da cimeira europeia, que está a discutir o tema, uma vez mais não vieram boas notícias, mas antes divisões e hesitações. Shame on them. Shame on us.
O ICS fez a experiência, contada aqui, de testar o chamado voto preferencial nas eleições. Algo que já foi falado mas nunca aplicado em Portugal (em que o cidadão vota nas legislativas em listas fechadas, sem possibilidade de escolher qual o deputado que prefere como seu representante). A ideia é muito interessante e pode permitir, por exemplo, que alguém que o partido decide colocar no fim da lista seja ainda assim eleito porque é o preferido dos eleitores.
Silva Carvalho continua a ser ouvido em tribunal e a fazer revelações sobre o verdadeiro manual de malfeitorias que era o funcionamento dos serviços secretos em Portugal.
Carlos César, presidente do PS, foi ao programa “Conselho de Diretores”, da Rádio Renascença. Disse não ter visto a entrevista de Sócrates e garante que o governo socialista “não tem nenhum alibi no início de exercício de funções”.
Lá fora,
A poderosa Christine Lagarde terá mesmo de enfrentar a barra do tribunal em França, por um alegado caso de negligência ocorrido quando era ministra da Economia francesa (em 2008) e que envolveu Bernard Tapie.
Martin Shkreli, que já foi considerado o homem mais odiado dos EUA, foi detido e é acusado de fraude financeira, num caso em que é acusado de ter montado um esquema “ponzi”. Leia aqui o perfil do bad boy da indústria farmacêutica americana.
A ONU aprovou uma resolução que pode vir a revelar-se muito importante, na medida que visa combater o Estado Islâmico através do corte das suas fontes de financiamento.
Ontem, 17 de dezembro, passaram cinco anos precisamente do dia em que Mohamed Bouazizi se imolou pelo fogo na Tunísia, dando origem ao processo que ficaria conhecido como Primavera Árabe. Onde está a Tunísia, passado cinco anos? É a pergunta a que o correspondente do Le Monde no país procura responder.
Em França, e passado o susto Le Pen das eleições regionais, já se equaciona a possibilidade de uma grande aliança entre esquerda e direita num futuro próximo, o que permitiria que o Presidente eleito em 2017 formasse um governo juntando figuras dos dois lados. Isto tudo para evitar, controlar e impedir o crescimento da Frente Nacional.
No Brasil, Dilma Roussef conseguiu uma importante vitória no processo de impeachment que ameaça a sua presidência, com a garantia que o Senado terá a palavra final depois da decisão do congresso.
Naquilo a que eu chamo o cantinho dos tiranetes e doidos, dois destaques:
Putin diz que é fã de Trump, considerando o milionário americano candidato à Casa Branca “brilhante”.
Na Venezuela, Maduro, depois de ter perdido as eleições parlamentares, não perdeu pelo menos a imaginação. E decidiu reagir de forma original. Basicamente, tratou de, de um dia para o outro, criar outro parlamento paralelo, o Parlamento Comunal.
Se ontem passou pela página do Google (e deve mesmo ter passado, quase todos passamos lá quase sempre) reparou que Beethoven estava em destaque. Fez ontem anos que, em 1770, nasceu. Aqui pode ficar a saber cinco coisas que provavelmente desconhecia sobre o compositor.
No desporto, terminou o circuito mundial de surf, no Havai, com a vitória a sorrir ao brasileiro Adriano de Souza. O “Mineirinho”, como é conhecido, torna-se assim o segundo brasileiro a sagrar-se campeão mundial na modalidade, depois da vitória de Gabriel Medina no ano passado.
NÚMEROS
16
De acordo com dados divulgados pela Unicef, qualquer coisa como 16 milhões de criança nasceram no último ano em zonas de conflito e de guerra. Ou seja,uma em cada oito crianças que vieram ao mundo em 2015.
75
Cristiano Ronaldo e Dionísio Pestana aliaram-se para um projecto hoteleiro que envolve a criação de uma marca, a CR7 Pestana. Vão ser lançados quatro hotéis no Funchal, em Lisboa, em Madrid e em Nova Iorque.
628
A partir de Janeiro, todas as pensões abaixo de 628 euros serão actualizadas em linha com a inflação, anunciou o ministro Vieira da Silva.
FRASES
“Marcelo faz o número de Che Guevara da Quinta do Lago”, afirma Daniel Oliveira, para quem o candidato presidencial está na campanha a vestir a pele do cordeiro que não é.
“O Presidente não é uma folha seca”, Jorge Sampaio, em declaração de apoio ao candidato presidencial Sampaio da Nóvoa (embora, olhando-se para Sampaio da Nóvoa, a frase pareça precisamente uma declaração a dizer que não o apoia).
“Ricardo Salgado conta os amigos pelos dedos”, Patrick Monteiro de Barros, no Diário Económico.
“Regulamentos? Ética? Verdade? Dignidade? O presidente dos presidentes acha que são assuntos de pouca importância, que devemos esconder debaixo do tapete”, Bruno de Carvalho, em artigo de opinião na Bola, atirando-se ao presidente da Liga de Clubes, Pedro Proença.
O QUE EU ANDO A LER
Nestes últimos dias do ano, andamos a republicar no Diário um conjunto de textos que representam o melhor que fizemos no Expresso em 2015.
Contámos a história de seis reclusos a quem a prisão mudou a vida. Fomos à sede da empresa que é rainha no mundo das redes sociais, o Facebook, e mostrámos como eles são, como trabalham, como se organizam e como andam a mandar no mundo. Fomos ao Líbano numa reportagem de fôlego da Clara Ferreira Alves que ajuda a perceber muito do que é hoje o Médio Oriente.
Em matéria de colectâneas, esta é das minhas favoritas. Por esta altura, é publicado todos os anos o volume “The Best American Magazine Writting”, que junta alguns dos melhores artigos publicados nas principais revistas norte-americanas. Uma excelente prenda para o sapatinho, acredite. E a de 2015 já está disponível.
Três sugestões de leitura que antecipadamente faço para esta quadra (são pelo menos as páginas que me vão acompanhar nas próximas semanas). Uma estreia nova-iorquina no romance, "Cidade em Chamas", de Garth Risk Hallberg. O novo título de Salman Rushdie, uma versão das 1001 noites intitulada “Dois anos, oito meses e vinte e oito noites”. E o quarto volume da épica e fantástica biografia de Álvaro Cunhal, pela mão de José Pacheco Pereira. Dedicado aos anos 60, e que começam precisamente após a fuga de cunhal de Peniche.
Finalmente, já está nas bancas o habitual número de lançamento do ano seguinte feito pela The Economist.
Estamos em plena época natalícia (aqui pode espreitar fotos com algumas das mais bonitas montras do mundo nesta altura) e a poucos dias do final de 2015.
Eu despeço-me do Expresso Curto por este ano, com os desejos de um excelente Natal e uma entrada em 2016 ainda melhor (ah, e se não faz ideia do que fará no Reveillon, espreite as sugestões do Boa Cama, Boa Mesa).
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