EducaçãoSuspender metas curriculares? Sim, mas não para já |
"PCP pede fim imediato das regras de avaliação dos alunos. Governo diz que só faz mudanças depois de avaliação científica
A
forma como os alunos são avaliados e como os programas são ensinados
não vai mudar antes de haver uma avaliação científica e pedagógica do
atual modelo. A garantia foi dada pelo Ministério da Educação (ME) em
resposta à proposta do PCP que queria ver as metas curriculares do
primeiro ciclo suspensas de imediato. Uma iniciativa que contava com a
oposição das associações de professores que apesar de serem contra as
metas defendem estabilidade na avaliação do alunos.
O
documento do PCP vai ser votado no Parlamento a 8 de janeiro, mas é
apenas uma resolução e, mesmo que seja aprovada, depende sempre do
governo o avançar com a alteração das regras.
O
entendimento do executivo é de que para já deve ser feita uma avaliação
ao sistema e só mais tarde aplicar mudanças. Embora reconhecendo que
"há problemas sinalizados em algumas das metas curriculares em vigor", o
ministério tutelado por Tiago Brandão Rodrigues, garante que "eventuais
alterações serão enquadradas na definição do perfil de saída dos alunos
no final da escolaridade e numa construção de uma verdadeira
articulação curricular". Deixando a "eventual suspensão de documentos
orientadores" dependente do suporte de "uma avaliação científica e
pedagógica".
Esta
era mais uma ação dos deputados da maioria de esquerda para pôr fim às
medidas implementadas por Nuno Crato, ministro da Educação em 2011 e
2015. Miguel Tiago, deputado do PCP, explicou ao DN que a ser decretado o
fim dos atuais objetivos, os alunos passariam a ser avaliados e a
matéria a ser dada de acordo com os critérios que existiam antes dessas
metas. Além disso, o partido comunista defende que se inicie "um
processo de reflexão e debate democrático amplo e alargado a toda a
comunidade educativa, de modo que se definam os objetivos para uma real e
profunda reforma curricular". Porém, como esta será "apenas uma
recomendação" caberá ao governo decretar o fim das metas. "Vai ser
necessário uma circular ou portaria do ministério a suspender as metas,
que podem até suspendê-las só a partir do próximo ano letivo", aponta
Miguel Tiago. Se isso não acontecer, "o governo sujeita-se às críticas
da Assembleia", promete o deputado.
O
DN tentou, sem sucesso, obter uma reação junto do grupo parlamentar do
PS para perceber qual seria o sentido de voto do Projeto de Resolução do
PCP. Do lado do governo, o ME lembra que está analisar os problemas
sinalizados e avança que as associações de professores "serão convidadas
a participar num processo de avaliação destes documentos, para se poder
aferir que medidas tomar".
Associações pedem debate
Entre
associações e sociedades de professores, a análise às metas
introduzidas por Nuno Crato é divergente. Mas num aspeto estão de
acordo: suspender de imediato seria um erro com consequências para os
alunos e para as famílias.
"Ao nível do
Português, as metas são uma aberração. Aliás, nos nossos pareceres,
sempre dissemos que eram muito redutoras e implicaram muitas
transformações que, a nosso ver, são redutoras", disse ao DN Edviges
Antunes Ferreira, da Associação de Professores de Português (APP). "Mas
suspender é uma coisa que tem de ser feita com calma, atempadamente. O
senhor ministro da Educação irá receber-nos e deverá certamente acolher
as nossas recomendações. Mas têm de se acautelar algumas questões. As
metas implicam manuais, que os pais já pagaram", ilustra.
Também
Lurdes Figueiral, presidente da Associação de Professores de Matemática
faz um retrato muito crítico do impacto das metas adotadas por Nuno
Crato: "Fazem parte de um conjunto de medidas do anterior governo que
fizeram retroceder muitos aspetos dos currículos e das avaliações no
ensino básico." "Mas a normalidade no trabalho curricular deve ser
reposta ouvindo os especialistas, ouvindo os professores", defende. "A
alteração deve ser feita com grande cuidado, e de forma articulada, para
que a cura não seja pior do que a doença".
Fernando
Pestana da Costa, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática -
instituição que já foi presidida por Nuno Crato - não subscreve as
críticas. "Achamos que as metas são adequadas, globalmente são um passo
em frente na definição do que os alunos devem saber. Vieram dar um maior
rigor ao ensino", acrescenta, admitindo que "qualquer programa,
qualquer meta, têm de ser avaliados".
Já
a suspensão imediata, avisa, teria consequências negativas. "As coisas
não podem cair no vazio. Se se suspende tem de se substituir por alguma
coisa. E não faz sentido suspender e substituir pelo que estava em vigor
anteriormente", considera, lembrando que "as metas influenciaram
manuais, que teriam novamente de ser alterados. Ao suspender de imediato
cria-se o caos. Não é assim que se procede", avisa."
no dn em linha...
comentário:
é revisionismo a mais para o estado presente da educação...
novamente gestão à bolina...?
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