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29 de Dezembro de 2015 | ||
Paulinho das férias
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O homem que antes disse que ficava e não ficou, que depois tirou o ir ao irrevogável e a vogar continuou, anuncia agora uma “decisão de vida”: Paulo Portas vai deixar a liderança do CDS/PP.
Comunicou-o esta noite à comissão política centrista. Deverá deixar também o Parlamento, antecipa o Expresso. E assim abrir um novo ciclo na sua vida política – e na vida política do seu partido. “Está a ver o Google? Apareceu em 1998, o mesmo ano em que Paulo Portas chegou a presidente do CDS. Já são quase 16 anos de liderança, com dois anos de intervalo pelo meio”, contabilizava o jornalista Filipe Santos Costa: “5727 dias de liderança”, um texto que recorda que, em democracia, só Álvaro Cunhal liderou um partido durante mais tempo (18 anos). É a história e as histórias de PP no PP. É um retrato da política. Não é um obituário político: Paulo Sacadura Cabral Portas, 53 anos, é talvez demasiado velho para sonhador mas ainda demasiado novo para senador. “Portas fez bem em sair, salvaguarda o que ainda lhe resta de margem política”, escreve o editor de Política do Expresso, Bernardo Ferrão. “Continuar seria desgastar-se. A ligação ao PSD na governação é marca profunda demais. Diluiu a identidade ao CDS. E Portas sabe que se ficasse o seu espaço de manobra ficaria comprometido. Os projetos políticos que ainda tem seriam queimados no confronto com o seu passado de governante.” O editor Executivo, Martim Silva, vai mais longe: esta é uma boa notícia sobretudo para o CDS. E “Portas sai, reconhecendo implicitamente que o ciclo de Costa provavelmente vai ser mais longo do que inicialmente se previa”. “A quem ficará entregue o CDS?”, pergunta o Observador. Filipe Santos Costa começa a dar a resposta. “Portas ficará calado e dará o palco a Pedro Mota Soares, Assunção Cristas e João Almeida - apontados como três dos principais nomes para uma futura liderança - e ainda a Nuno Magalhães, Cecília Meireles e Telmo Correia. Na bolsa de apostas para a sucessão de Paulo Portas, só um nome bate todos os outros, e esse não está em São Bento: o eurodeputado Nuno Melo”. As eleições de outubro descerraram uma aliança à esquerda e encerraram a coligação de direita. Portas já não será Paulinho, larga às feiras, deixa as feras e vai de férias. Supõe-se.
OUTRAS NOTÍCIAS
Brevemente falaremos do Novo Banco, como antecipa o Público, que recorda o compromisso que António Costa declarou há dias em entrevista ao Jornal de Notícias: a solução não trará mais custos para os contribuintes. Mas é ainda o Banif que discutimos. Na Renascença, Morais Sarmento mostrou perplexidade: “Até pelo alerta que o caso BES representa, não é crível para ninguém que o supervisor não tivesse – e se não tinha, tinha obrigação de ter – um conhecimento mais próximo e um acompanhamento muito próximo nesta fase do sector bancário”. É preciso “uma auditoria externa independente para que possamos vir a saber o que se passou no Banif, o que explica este imenso buraco de cerca de 3 mil milhões de euros e a forma como o banco foi vendido”, complementou Vera Jardim no “Falar Claro” da Rádio Renascença. O Banif já não escorre como banco mas ainda corre como tinta. O Diário Económico revela que o Montepio apresentou um processo judicial contra o banco nas vésperas da sua resolução, exigindo 20,3 milhões de euros, por operações relacionadas com um fundo de investimento. Ao todo, o Banif foi alvo de 56 processos judiciais este ano, que reclamam um total de 79 milhões de euros. O BPI vai avançar com a proposta de cisão das operações em África. Mesmo sem o apoio da segunda maior acionista, Isabel dos Santos. A cisão será votada em Assembleia Geral. Cisão em África, cisão entre acionistas? No Negócios, Celso Filipe prevê o fracasso da iniciativa. E mostra que ela frisa sobretudo o desentendimento entre os dois maiores acionistas. “Ou o La Caixa sai de cena ou é Isabel dos Santos que o faz”. “Os portugueses estão saturados de ouvir falar de política”, diz Miguel Sousa Tavares na SIC, que diz haver “uma espécie de desmotivação” nas eleições presidenciais, até porque parece que o “desfecho é conhecido”: Marcelo Rebelo de Sousa vai vencendo nas sondagens. Aliás, Sousa Tavares não acredita que “alguém queira ouvir” os 45 debates planeados. O que ainda não saturou (nem suturou) foi o caso do Hospital de São José: os cinco maiores hospitais da Grande Lisboa preparam novo modelo de assistência a doentes urgentes, que deverá estar operacional em fevereiro. A decisão surge depois de cinco mortes por falta de equipa de neurocirurgia vascular ao fim de semana no Hospital de São José, explica a jornalista Vera Lúcia Arreigoso. A Altice reúne-se com Sporting, que quer mais de 300 milhões por um contrato de direitos televisivos, avança o Diário de Notícias. Os dois negócios televisivos de FC Porto e Benfica, com a Meo e com a NOS, superam o valor global da liga holandesa. Fonte próxima da Liga Portugal referiu ao Expresso que os valores vêm confirmar “que o mercado português tem um valor muito elevado e isso mostra a força do futebol profissional em Portugal”. Governo encontra ilegalidades nas concessões dos transportes, avança o Negócios. São as primeiras conclusões da análise técnica que o Ministério do Ambiente está a realizar aos contratos de subconcessão a privados, que podem ser usados como argumentos jurídicos do governo para os anular. O valor fiscal dos prédios subiu 34% desde há cinco anos com a reavaliação geral feita para efeitos de IMI. É mais uma notícia do Negócios: cada imóvel urbano passou a valer em média 64 mil euros. “As receitas das autarquias acompanharam o aumento do valor fiscal dos prédios e subiram 43% no espaço de cinco anos.” Trinta mil crianças espanholas estão a aprender português na escola, avança o Jornal de Notícias. O número de alunos do ensino básico e secundário espanhol a aprender língua Portuguesa triplicou em cinco anos. Em Itália, a circulação de automóveis vai ser limitada por causa da poluição. O Daesh, autoproclamado Estado Islâmico, tem um departamento para “os despojos de guerra”. Documentos apreendidos durante um raide na Síria, em maio, mostram detalhes da organização burocrática do grupo radical. Laura Croix, sobrevivente dos ataques terroristas em Paris no passado dia 13 de novembro, falou ontem pela primeira vez, à sua família, após após semanas de coma induzido. Levou seis tiros e sobreviveu. Chamam-lhe o “milagre do Bataclan”. Um jovem foi detido na Turquia por insultar no Facebook o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan. Hoje o Diário de Notícias faz 151 anos. FRASES “Acho que [o Hospital] São José já não deveria existir”. Miguel Sousa Tavares, na SIC. "Marcelo tenta ser outra personagem". António Sampaio da Nóvoa, no Correio da Manhã. “É difícil escrever sobre a Europa em 2016 sem evitar o catastrofismo”. Bernardo Pires de Lima, no Diário de Notícias. “Parte da nossa banca era um Hércules cujos músculos eram um exercício de cirurgia plástica.” Fernando Sobral, no Negócios. O QUE EU ANDO A LER “Biblioteca dos Rapazes”, de Rui Pires Cabral. É uma edição muito bonita, já com três anos, de poemas inspirados em romances de aventuras dos anos 30 a 70 do ano passado, sobre colagens de imagens retiradas de revistas, postais antigos, fotografias, calendários. “Mas ainda temos tempo - / Somos uma multidão de evadidos / Sob um céu calado que nos estranha. / Aqui estamos. / Caminhemos.” Karl Ove Knausgård foi um dos autores do ano. Se está ou vai ler um dos três livros já editados em Portugal (de um total de seis) sobre a sua vida (sobre “a minha luta”), visite ou revisite esta entrevista que a jornalista Cristina Margato lhe fez em Ystad, na Suécia, que foi originalmente publicada na revista E a 9 de maio, e que republicamos neste fim de ano. Logo o primeiro livro, “A Morte do Pai”, abre com uma descrição da morte tão violenta na sua crueza que é impossível de esquecer. “Karl Ove Knausgård é o homem que não guarda segredos. O escritor que renuncia à possibilidade de ter uma vida dupla para se colocar a contas com a infância, o pai alcoólico, a mulher bipolar, as quatro crianças pequenas. A família de onde vem. A família que está a construir”. Estamos a fechar o ano. Antes disso, amanhã, aqui estará o Bernardo Ferrão para lhe servir o Expresso Curto; e no último dia do ano há semanário Expresso nas bancas, esta semana excecionalmente na quinta-feira, por causa das festas. Que sejam boas. Nós lemo-nos e escrevemo-nos novamente a partir de janeiro. Tenha boas entradas. Tenha um excelente dia. |
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