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"Festas académicas, dias da semana com preços reduzidos, publicidade e promoções potenciam o consumo desregrado
Litradas, happy hours, ladies nights, shots a metro, promoções. Os jovens portugueses têm vindo a adquirir padrões de consumo de álcool próximos dos nórdicos - grandes quantidades na mesma ocasião -, o que, segundo a Sociedade Portuguesa de Alcoologia, está relacionado com o facto de as bebidas serem baratas e o acesso fácil. Só durante o cortejo da latada da Covilhã, no dia 21, 65 estudantes receberam assistência pré-hospitalar e 12 foram transferidos para o hospital devido ao consumo excessivo de álcool, situação que nesta altura se repete por todo o país.
A preferência dos jovens portugueses recai sobretudo na cerveja e nas bebidas espirituosas. "E assiste-se à aquisição de modelos próximos dos nórdicos. Há um consumo intenso e cada vez mais frequente de bebidas destiladas, mais graduadas", disse ao DN Augusto Pinto, presidente da Sociedade Portuguesa de Alcoologia, que debateu o tema nas suas 23.as jornadas, na Universidade da Beira Interior. Na opinião do hepatologista Fernando Ramalho, "há muito tempo que isto acontece. Há mais de uma década que os padrões de consumo são completamente diferentes".
Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Alcoologia, a acessibilidade e o preço são as duas grandes explicações para o problema. "As festividades académicas, promovidas pelas cervejeiras, prologam-se cada vez mais dias e até às seis da manhã, os bares dirigem festas às mulheres e dedicam noites a bebidas destiladas. Também há litradas, bebidas vendidas a metro e outras promoções", exemplifica o responsável. Nas festas académicas, realça, "o preço das bebidas alcoólicas, nomeadamente da cerveja, é francamente mais baixo do que o da água. E, apesar da crise, bebe-se mais porque o álcool é bastante económico".
"O preço das bebidas alcoólicas, nomeadamente da cerveja, é francamente mais baixo do que o da água"
Em Portugal, um dos países com maior consumo de álcool per capita a nível mundial (10,8 litros), a situação pode até tornar-se mais grave do que nos países nórdicos. "Eles consomem preferencialmente ao fim de semana e com intensidade. Aqui, além do consumo tradicional, há o excessivo em alguns dias, nomeadamente nas quintas feiras académicas e ao fim de semana", esclarece Augusto Pinto. Segundo Manuel Cardoso, vice-presidente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD), assiste-se ao consumo de quatro ou cinco bebidas seguidas e "os jovens bebem com o objetivo pré-definido de ficarem alegres".
Num estudo do SICAD feito em 2014 - "Os jovens, o álcool e a lei" -, só 17% dos 1500 jovens entrevistados nunca tinham tomado bebidas alcoólicas. A maioria (63%) começou a beber antes dos 16 anos, sobretudo entre os 13 e os 15, e 70% assumiram que tinham bebido álcool recentemente. Os consumos nocivos surgem, sobretudo, a partir dos 16 anos e, apesar de serem os que bebem mais e até ficarem "alegres", os que têm entre 19 e 24 são os que menos se embriagam de "forma severa".
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no dn em linha.... aqui.
leitura complementar:
Portugal
* devidamente corrigido pelas 18:49
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