segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

ora bem... mas isto é uma 'novidade' (?)... recrutadores chumbam prova... no sol...!

"Uma prova que testa as capacidades cognitivas no domínio linguístico e nos raciocínios lógico e matemático, mas que não serve para distinguir quem tem ou não capacidades para ser professor. É esta a principal conclusão dos vários especialistas em recursos humanos e recrutamento contactados pelo SOL para analisar a componente comum do exame a que terão de se submeter todos os professores sem vínculo à Função Pública que queiram dar aulas no próximo ano lectivo.

“Serve para aferir competências de capacidade reflexiva, de relacionar coisas, de pensar criticamente e interpretar a realidade. Mas deixa de fora todos os aspectos comportamentais, que são essenciais para ser professor”, aponta Paula Tomás, presidente da ANERH (Associação Nacional de Empresas de Recursos Humanos). A psicóloga, que dá também formação a docentes em áreas como a liderança, diz que falta um teste para aferir a inteligência emocional de quem vai dar aulas. “É cada vez mais importante saber como se reage à adversidade, à pressão, e se tem capacidades de autodomínio e automotivação. Nada disso está nesta prova”.

Exame 'facílimo'

De resto, Paula Tomás considera o exame “facílimo”. A prova é composta por 32 itens de escolha múltipla que valem 80% - com questões sobre como organizar uma escala de serviço ou completar uma sequência de letras seguindo um certo padrão - e uma resposta a uma pergunta de desenvolvimento, até 350 palavras.

Paula Tomás explica que, para ser mais eficiente a testar os raciocínios lógico e matemático e as capacidades linguísticas, a prova “deveria ter mais perguntas do mesmo género repetidas”.

Um especialista de uma das maiores empresas de recrutamento do país, que não quis ser identificado, explica que faltam casos práticos para “abordar questões como a resolução de conflitos, a sensibilidade às questões motivacionais, às fases do desenvolvimento e a comportamentos desviantes”. Ou seja, tudo o que associamos a um bom professor fica por testar: “O impacto e influência, a liderança, a empatia, a comunicação e o relacionamento interpessoal não parecem ter sido consideradas suficientemente importantes”.

“Este teste não será útil na identificação dos candidatos com maior potencial para o ensino”, assegura o responsável de outra empresa, que também não quis ser identificado.
Fábio Alves, coordenador da empresa de recursos humanos Go Work, considera que “o exame é redutor” e explica que nunca faria um teste semelhante para seleccionar docentes. “Quando recrutamos um profissional, procuramos referências, olhamos para o currículo académico e profissional. Os testes psicotécnicos nunca podem ser eliminatórios, como neste caso”. Um outro especialista recorda, aliás, que o registo da avaliação do desempenho e uma entrevista poderiam ajudar a tornar a selecção mais eficaz."


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