terça-feira, 13 de maio de 2014

isto é um crime contra a humanidade (?)... a escravatura voltou [e em força]...!


no expresso diário...


"Entre 2011 e 2013 - anos em que Portugal esteve sob assistência financeira internacional - o número de trabalhadores abrangido por convenções coletivas baixou 80%. De acordo com dados oficiais da Direção Geral do Emprego e Relações de Trabalho (DGERT), em 2011 dos cerca de 3 milhões de trabalhadores no ativo, 1 236 919 faziam parte de contratos coletivos de trabalho. Em 2013, restavam apenas 242 239 trabalhadores nessa situação. Destes, cerca de 50 mil (um quinto) são bancários.



É neste quadro que começaram, hoje, a ser debatidas, as propostas do Governo de alteração ao código de trabalho em matéria de contratação coletiva. Em 2011, foram oficialmente publicadas 170 convenções coletivas. Em 2013, apenas 94. A crise 'engoliu' a contratação. O Governo prometeu reanimá-la. Mota Soares propôs reduzir de cinco para dois anos o prazo de vigência dos acordos; limitar as obrigações do patronato apenas ao pagamento da remuneração de base e diuturnidades (isto, sem contar com subsídios de refeição, isenção de horário, etc.) enquanto as negociações para renovação das convenções estiverem a decorrer; prolongar até ao final do ano, os cortes aplicados no pagamento das horas extraordinárias, que deviam terminar em Agosto; e suspender as convenções em caso de dificuldade financeira das empresas.


Os sindicatos recusaram a iniciativa. Para a CGTP a proposta “é um golpe de Estado” e para a UGT “é a prova que o Governo está de cabeça perdida”. Nenhuma das centrais sindicais admitia qualquer negociação sobre este ponto. O Governo acabou por retirar a proposta de redução salarial.
Corte do subsídio de refeição
Na verdade, a questão das convenções coletivas é uma trave mestra das reivindicações sindicais e uma das maiores conquistas em matéria laboral. Em alguns setores, como na banca, ela representa um acréscimo de direitos aos trabalhadores, em função da especificidade do trabalho nesta área. Assim, por exemplo, a cumprir-se a proposta do Governo, os representantes sindicais da banca admitiam que os trabalhadores podiam sofrer cortes salariais entre os 25% e os 40%, referentes à parte da remuneração que corresponde à isenção de horário de trabalho. Nesta situação encontram-se “cerca de 60% dos trabalhadores da banca”, segundo o coordenador do Sintaf, afeto à CGTP, José Cabrita, admitiu ao Expresso. Paulo Alexandre, da Febase, afeta à UGT, não quer admitir que a proposta em discussão com o Governo venha retirar aos trabalhadores o que ganham em contrapartida pela sua isenção de horário de trabalho. Diz mesmo que “foi sempre entendido como fazendo parte do salário esta parcela da remuneração, que é, pela banca e pelos trabalhadores considerada como remuneração mensal efetiva”.
Mas na verdade, nada estava garantido. O Governo apenas fazia menção ao valor da “retribuição base e diuturnidades” na proposta que pôs em cima da mesa. Outra das consequências diretas do documento é que o valor do subsídio de refeição possa também ser retirado, quando as convenções coletivas caducarem e durante toda a fase de negociação até à publicação do acordo em Boletim do Trabalho e do Emprego.
Em conclusão, o Governo acaba por conseguir por a zeros o contador das convenções coletivas, obrigando patrões e sindicatos a negociar - sob maior pressão - as novas regras e diminuindo, entretanto, os salários. Afinal, um dos objetivos da troika contra o qual o Governo sempre prometeu resistir."

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