"FENPROF tem propostas objetivas para responder aos problemas do 1.º ciclo do ensino básico
É necessária uma profunda reorganização do 1º Ciclo do Ensino Básico – esta foi uma das mensagens em
destaque na conferência de imprensa que a FENPROF promoveu esta manhã
(quinta-feira, 2/10), em Lisboa, na qual divulgou os aspetos mais
salientes do levantamento que realizou, a nível nacional, procurando
conhecer a realidade que marcou o início do novo ano letivo neste setor
de ensino.
A amostragem é de 134 agrupamentos de todas as regiões do continente, o que significa perto de 20 por cento do total de agrupamentos. Foram detetados problemas que ameaçam arrastar-se, em particular no que toca à colocação de professores e ao funcionamento das escolas, fruto da incompetência do MEC.
A amostragem é de 134 agrupamentos de todas as regiões do continente, o que significa perto de 20 por cento do total de agrupamentos. Foram detetados problemas que ameaçam arrastar-se, em particular no que toca à colocação de professores e ao funcionamento das escolas, fruto da incompetência do MEC.
“Estão ainda muitos alunos sem professor (134 turmas), situação que afeta em especial as zonas da Grande Lisboa e do Sul do país”, observou o Secretário-Geral da FENPROF.
Além de Mário Nogueira, participaram neste encontro com os profissionais da comunicação social a coordenadora do 1º Ciclo, da FENPROF, Vanda Lima; Albertina Pena (SPGL), Maria José Silva (SPN); Paulo Peralta e Celeste Duarte (SPRC) e Maria Fé Carvalho (SPZS).
Cinco questões fundamentais
A FENPROF chamou a atenção dos jornalistas para cinco questões que marcam a atualidade neste setor de ensino:
1. O abate indiscriminado de escolas,
sem respeito pelas cartas educativas municipais. Nos últimos 12 anos,
fecharam quase 7 000 escolas (a uma média de 500 por ano!).
2. Um terço das turmas são heterogéneas, ou seja, incluem alunos de diferentes anos de escolaridade.
3. É exagerado o número de alunos por turma. Crato levanta a bandeira da redução de crianças a nível nacional, mas aumenta o número de alunos por turma.
4. Neste momento, muitos alunos estão ainda sem professor,
o que tem levantado, como noticia a comunicação social, inúmeros
protestos das famílias e das comunidades locais em diferentes pontos do
país. O ano letivo arrancou próximo do caos, com algumas escolas a verem
chegar os seus professores quase um mês depois de iniciado e sem que
seja possível assegurar que não haverá mais problemas a este nível.
Neste ponto, Mário Nogueira recuperou a proposta da FENPROF que aponta,
"como solução mais adequada", para um concurso de âmbito nacional, na
base de uma lista ordenada pela graduação profissional.
5. Permanece a grave situação dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE).
A lei não está a ser cumprida, alerta a FENPROF. As críticas surgem de
todo o lado, das famílias ao Conselho Nacional de Educação (CNE). Faltam
professores de apoio (situação que o MEC nunca regulamentou) e de
Educação Especial.
6. AECs: "Não
se pode confundir resposta/componente social com mais atividades
escolarizadas", alertou Mário Nogueira, que relembrou estudos recentes
que relacionam o aumento da indisciplina nas escolas com o excesso de
atividades escolarizadas. A ocupação de tempos livres não pode ter um
caráter escolarizante, antes devendo assumir uma forte componente lúdica
e cultural.
Regime de docência
A
FENPROF considera que quaisquer alterações ao regime de docência devem
ser discutidas e definidas com rigor. Como foi sublinhado nesta
conferência de imprensa, "quaisquer alterações nesse sentido, mesmo as
que apontam à coadjuvação, devem passar por um debate prévio".
Eventuais alterações à situação atual terão de ser "devidamente
preparadas e coordenadas na aplicação".
Hoje está instalada a desorganização e cada agrupamento, com o aval do MEC, faz de acordo com a sua interpretação, violando enquadramentos legais, penalizando os docentes e gerando desigualdades entre os alunos. Tudo isto acontece num contexto de completa desregulamentação dos horários e de atropelo de normas do Estatuto da Carreira Docente e de princípios que constam da Lei de Bases do Sistema Educativo.
Hoje está instalada a desorganização e cada agrupamento, com o aval do MEC, faz de acordo com a sua interpretação, violando enquadramentos legais, penalizando os docentes e gerando desigualdades entre os alunos. Tudo isto acontece num contexto de completa desregulamentação dos horários e de atropelo de normas do Estatuto da Carreira Docente e de princípios que constam da Lei de Bases do Sistema Educativo.
Inglês no 1º CEB
Neste encontro com a comunicação social, foi ainda abordada a criação de um grupo específico para o ensino de inglês no 1º ciclo, defendendo o MEC que tal área não deve ser atribuída ao professor do 1º ciclo titular de turma.
Neste encontro com a comunicação social, foi ainda abordada a criação de um grupo específico para o ensino de inglês no 1º ciclo, defendendo o MEC que tal área não deve ser atribuída ao professor do 1º ciclo titular de turma.
A FENPROF continua a alertar para o facto de tal iniciativa abrir
legitimamente campo para a criação de “outros grupos específicos”
substituindo o regime de monodocência por um regime de pluridocência
nos 3 e 4º anos de escolaridade.
A FENPROF sublinha que esta é uma alteração substancial que não se compadece com decisões precipitadas e casuísticas, propondo ao MEC a abertura calendarizada de um debate público envolvendo a comunidade científica (ESE e Universidades) e a comunidade educativa (escolas, professores, pais e sindicatos) de modo a construir um regime de docência no 1º ciclo que seja consensualmente aceite e devidamente fundamentado.
A FENPROF sublinha que esta é uma alteração substancial que não se compadece com decisões precipitadas e casuísticas, propondo ao MEC a abertura calendarizada de um debate público envolvendo a comunidade científica (ESE e Universidades) e a comunidade educativa (escolas, professores, pais e sindicatos) de modo a construir um regime de docência no 1º ciclo que seja consensualmente aceite e devidamente fundamentado.
Asfixia financeira
Com
as medidas que têm vindo a ser tomadas nos últimos anos, alerta a
FENPROF, o Governo visa reduzir o investimento na Educação, encolher o
currículo para algo próximo do saber ler, escrever e contar
e transferir para o poder local despesas e responsabilidades. Mário
Nogueira recordou estudos do CNE e da OCDE que evidenciam as políticas
de asfixia financeira que se têm abatido sobre a Educação, setor que
representa hoje pouco mais de 3 por cento do PIB..."Isto tem
consequências", realçou o dirigente sindical. "Hoje as verbas para a
Educação em Portugal valem menos do que o dinheiro que já entrou no
nosso país para o BES ou para o BPN".
"Temos
um caderno reivindicativo, temos propostas e queremos alargar a
discussão", destacou a coordenadora da FENPROF do 1º Ciclo, que lembrou,
a propósito, a Conferência
que a Federação realizou em 28 e 29 de março passado, envolvendo 250
delegados, eleitos em todas as regiões do país. Nesse sentido, "vamos
pedir audiências ao Ministro, ao Conselho Nacional de Educação e à
Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República".
"É
preciso promover uma discussão séria. Queremos uma melhor escola
pública. Queremos continuar a ouvir os intervenientes no processo
educativo do 1º Ciclo", concluiu Vanda Lima./ JPO "
Peça em atualização
aqui.
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