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Bom dia,
Falou uma vez e não esclareceu. Falou novamente e as dúvidas aumentaram. À terceira a polémica não cessou. Na quarta vez que abriu a boca sobre o tema, a nebulosa manteve-se.
Hoje, Passos Coelho senta-se ao início da tarde no centro da bancada do Governo, no plenário da Assembleia da República. E tem aí, no debate quinzenal com as oposições, a quinta oportunidade para de uma vez por todas esclarecer a polémica com as suas contribuições ao Fisco e Segurança Social. Não
há uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão, mas
será que em matéria de “deslizes” à quinta é mesmo de vez?
Ao
fim de quatro anos no Governo, e a poucos meses de poder deixar de ser
primeiro-ministro, ainda se discute o que Passos fez... antes de chegar
ao Governo. Não deixa de ser irónico.
O debate domina as atenções mediáticas do dia.
O Diário Económico afirma que o PM deve aproveitar a ocasião para
tentar por um ponto final na polémica. O Público segue a pista do
Expresso do último sábado sobre o número de anos que Passos esteve sem
pagar à Segurança Social e o desfasamento entre os anos regularizados e o
total das dívidas. E o DN realça que António Costa esteve ontem no
Parlamento a preparar os seus camaradas para o debate (Costa não é
deputado, relembre-se).
Antes
de espreitar para o que se passa no Parlamento, vale a pena olhar para
estes artigos para perceber o que se anda a escrever e a dizer:
- Paulo Macedo (que até já foi chefe dos Impostos) veio defender
Passos e dizer que há um aproveitamento político do caso. Poiares
Maduro foi outro dos coronéis a vir defender o seu general na praça
pública ontem, na preparação mediática para a batalha de hoje.
-Este é um dos melhores textos
sobre Passos que foram escritos nos últimos dias. Se achar que é elogio
em causa própria, leia ou releia o que Ângela Silva escreveu sobre o passado de Passos.
Nota final para desejar que a onda "memofante" que tem marcado várias das discussões e debates no Parlamento nos últimos tempos (nomeadamente no inquérito ao BES) não passe para o debate de hoje.
OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro,
O PS de Costa promete acabar com a austeridade no País mas agora parece decidido a aplicar austeridade dentro de portas, afirma o i.
No mesmo jornal, um sinal preocupante para o funcionamento das instituições militares é esta notícia, que mostra como para o Exército ser homossexual pode ser um óbice para se poder entrar nas fileiras militares. Aparentemente o erro já foi corrigido, mas esta é matéria a que convém estar atento.
No Público, José António Cerejo escreve que António Costa viveu dois anos num duplex em Lisboa que foi feito contra um parecer da Câmara de Lisboa.
Vale mesmo a pena ler o texto de Nicolau Santos (que antes de vir para o Expresso chegou a ser diretor do Público) sobre o maior empresário português, que agora passa definitivamente a pasta na SONAE.
O Público afirma que Bruxelas quer de volta 143 milhões de euros de fundos agrícolas entregues a Portugal.
No caso Sócrates,
ficámos a saber que o juiz que vai julgar o pedido de habeas corpus
para a libertação do antigo primeiro-ministro... foi afastado por
Sócrates da liderança da PJ quando liderava o Governo.
O DN afirma que erros ortográficos nos exames cortam 25% da nota aos alunos.
Quem não escrever de acordo com a nova grafia pode ser muito
penalizado. O problema é que muitos dos livros utilizados no estudo
ainda têm o português “antigo”.
Em Timor, continua preso sem acusação um cidadão português. Está detido há cinco meses e o Governo português pede celeridade às autoridades timorenses.
Cristiano Ronaldo marcou dois golos
na noite da Champions (e tornou-se recordista de golos e provas
europeias) mas a vitória foi amarga para o Real Madrid. Não só perdeu em
casa com o Schalke (embora se tenha apurado na mesma) como viu aumentar
a contestação dos adeptos à equipa. Furioso, Ronaldo prometeu ficar calado até final da época. É para valer?
No Porto, os dragões esmagaram os suíços do Basileia
e já estão nos quartos de final da mais importante competição de clubes
da Europa. E parecem nesta altura ter potencial para sonhar ir mais além. Preocupação da noite foi a lesão do brasileiro Danilo, mas parece que está tudo ok.
Lá fora,
Esta é uma notícia que vai dar seguramente muito que falar. A Justiça italiana ilibou Silvio Berlusconi no caso das festas bunga-bunga (em que era acusado de pagar a menores por sexo). Será que volta pela enésima vez à tona política?
Este outro artigo
explica como nos últimos meses Berlusconi anda a fazer serviço cívico,
como pena para uma condenação num outro processo, relacionado com fuga
ao fisco. O antigo primeiro-ministro italiano toca e canta em instituições para doentes com Alzheimer.
Também em Itália, causa polémica a missão impossível de uma mulher que tenta salvar um porco... de acabar em toucinho.
Nos Estados Unidos, não passa o caso envolvendo Hillary Clinton e o facto de ter usado um mail pessoal, não protegido, quando liderava a diplomacia americana. Este trabalho óptimo dá-lhe as perguntas e respostas sobre o caso, em modo fact checking. Isto depois das explicações dadas ontem por Hillary não terem conseguido terminar com uma polémica que pode prejudicar a sua mais que certa candidatura à presidência para o ano.
Ao mesmo tempo, senadores republicanos ameaçam revogar todo e qualquer entendimento de Obama com o Irão em matéria nuclear.
No Brasil, o clima político vai ficando pior. No Expresso Diário explicámos como a falta de água, os sucessivos escândalos de corrupção e uma economia aos soluços levam até a que já se fale em impeachment da “presidenta”. E no Parlamento brasileiro há deputados a aderirem ao “panelaço” (a versão brasileira das grandoladas: mas mais barulhentas e menos melodiosas).
Ainda sobre a possibilidade de criação de um exército europeu, como falou Juncker, eis uma boa explicação sobre por que não passa de uma quimera.
Quanto ao Estado Islâmico, vale bem espreitar nesta reportagem esta explicação de um tradutor que
abandonou as fileiras do movimento terrorista e explica alguns pontos
sobre o funcionamento da organização e do porquê dos sequestrados
parecerem tão calmos momentos antes de serem executados.
Debate que existe no Ocidente é sobre como explicar aos nossos filhos o terrorismo. Eis como os políticos dinamarqueses querem resolver o assunto.
FRASES
"Nenhum
país avança se permanecer debaixo de uma eterna suspeita ética. Hoje,
Governo e oposição têm de estar finalmente à altura das circunstâncias", André Macedo, no editorial de hoje do Diário de Notícias, sobre a polémica em torno de Passos Coelho.
"Um
país perdido no mundo é, em primeiro lugar, um país perdido de si
mesmo. Foi a esse país que Cavaco presidiu. Esperemos que o próximo (ou
próxima) Presidente se dê por missão principal procurar o caminho para
que Portugal saiba o que quer para si e para a Europa, e o que quer
fazer no mundo", Rui Tavares, no Público
"É verdade que a emancipação da mulher a masculiniza, desprezando as características femininas", João César das Neves, no Diário de Notícias, num artigo com o título "Destino fora de casa"
"A Guiné Equatorial vai acabar com a CPLP", Ricardo Costa, no Expresso Diário
O QUE EU ANDO A LER
Referência aqui para a série Os Influentes, que ando a ver (e não a ler). No original Les Hommes de l'Ombre, é mais uma série europeia sobre os bastidores da política a ser transmitida pela RTP 2. Ainda há pouco andava viciado com Borgen e os primeiros episódios de Os Influentes, que relata os bastidores da política e a luta entre conselheiros de comunicação e imagem por fazerem eleger um presidente da República, já me agarrou. Merece bem um olhar atento.
A Apple prossegue na sua tentativa de “conquista do mundo”
e em criar necessidades que não sabíamos sequer que tínhamos. Depois do
iPod, iPhone e iPad agora vem o Apple Watch. Vão conquistar os pulsos
do mundo?
Têm surgido inúmeros artigos à volta do tema. E muitos deles a levantarem muitas dúvidas e reticências depois do anúncio de segunda-feira. Será, afinal, que a Apple perdeu o seu encanto? Li este artigo, precisamente com este mote. E no Financial Times também se reflete sobre os efeitos do anúncio para breve do lançamento do Apple Watch. A bateria do novo gadget parece ser um dos pontos de preocupação.
Tenha uma grande quarta-feira.
Hoje é 11 de março e passam exatamente 40 anos
de uma das datas mais marcantes e decisivas (e não propriamente pelas
melhores razões) do período pós-revolucionário em Portugal. A Antena 1
dá e bem grande destaque à data na emissão de hoje. Mas não é em
homenagem ao período em que o PCP quase tomou conta do país que hoje os
jornais diários se pintam de vermelho nas capas (experimente espreitar
um quiosque para perceber o golpe publicitário).
Amanhã, sem nacionalizações pelo meio, regressa o Expresso Curto, tirado com esmero pelo Henrique Monteiro.
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