A palavra de hoje é: desculpa. Mas já lá iremos,
que há uma hierarquia a respeitar. Em primeiro, o Presidente; em
segundo, o Primeiro.
Disse Cavaco Silva que isto que liga Passos Coelho à história da dívida à Segurança Social era uma guerrinha de comentadores em que um PR ajuizado não se devia meter –
mas meteu-se. Cavaco, que tem “muita experiência” e distingue “jogos”
de “matérias” a léguas, escorregou, tropeçou e caiu no comentarismo ao
falar de lutas políticas e partidárias que “já cheiram a campanha
eleitoral”. Que é como quem diz, deixem-se de lérias e vão lá tratar da
vida real. E do país.
Fez mal em não ter estado calado.
Não sei se Cavaco é fã de Mourinho (presumo que sim) e se terá tentado
uma abordagem mourinhesca do estilo estou aqui, critiquem-me a mim mas
deixem o homem em paz; mas desconfio que Cavaco não morre de amores pelo
homem em questão pelo que vê-lo a salvar a pele de Passos só mesmo em nome de uma estabilidade (a sua) e de um mandato presidencial (o seu) que entra hoje no último ano.
Acontece que o assunto Passos-dívida-Segurança Social não é comezinho e
continua vivo uma semana depois de ter nascido no "Público". Ainda
ontem, durante o dia, o PCP de Jerónimo pediu a demissão do Governo falando
de "anormalidades"; e António Costa convidou os portugueses a demitirem
o Primeiro Ministro. E, à noitinha, Marcelo Rebelo de Sousa recuperou
as palavras de sábado de Marques Mendes: se Passos Coelho tivesse
logo pedido desculpa em vez de prolongar no tempo as “numerosas”
explicações, a coisa teria sido gerível. E acrescentou que o Primeiro Ministro devia logo ter pagado o que era devido em 2012.
É que Passos só não o fez porque não quis – e fez mal em não fazê-lo.
OUTRAS NOTÍCIAS
Continuamos na política, mas damos aqui um pulo à vizinhança para percebermos que o bipartidarismo morreu do outro lado da fronteira - e, com ele, as maiorias absolutas. A sondagem do "El Pais" mostra-nos
que o Podemos, o PSOE, o PP e o Ciudadanos estão separados por apenas
cinco pontos e o caminho mais óbvio será o da coligação e das alianças.
Há quem chame a isso política.
E alianças é o que Jean-Claude Juncker propõe entre países europeus para a criação de um novo exército do Velho Continente. Em entrevista ao "Die Welt",
o presidente da Comissão Europeia disse que gostaria de ver os 28 a
marchar a toque de caixa quando e sempre que um dos seus fosse ameaçado.
Ou invadido. Como a Ucrânia foi pela Rússia.
Entre russos há uma história de sangue que começa agora a ser explicada. A polícia prendeu cinco chechenos, suspeitos de terem matado Boris Nemtsov (crítico ao regime Putin). Dois deles, Zaur Dadayev e Anzor Gubashev, foram formalmente acusados de homicídio pelo tribunal (Dadayev terá assumido a culpa) e os restantes continuam detidos. Um sexto suspeito fez-se explodir com uma granada quando já estava cercado pelas autoridades, em Grozny. O "Guardian" escreve que Dadayev tem ligações ao presidente da Chéchénia,
que é um ex-militar, muçulmano; e que disse que "amava o profeta
Maomé" enquanto levantou o indicador na sala do tribunal. Há fotografias
e o tipo parece o mau da fita de um mau filme de Guerra Fria dos anos
80.
Do bom e do melhor é o que as gentes da Apple dizem ter hoje para nos mostrar. Não fizeram a coisa por menos: enviaram um teaser
chamado "Spring Forward" aos jornalistas para que estes guardassem o 9
de março só para eles. A Apple apresenta pela segunda vez (a primeira foi a 14 de setembro) o seu Apple
Watch e é desta que vamos saber o que o dito tem e não tem, quando vai
para o mercado - e, a mãe de todas as perguntas, quanto custa. Por volta das cinco da tarde, dê uma trincadela na maçã e siga o evento em streaming. O Tim Cook será o seu anfitrião.
FRASES
"[O próximo presidente] que
tenha alguma experiência no domínio da política externa e uma formação e
capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os dossiers
relevantes para o país." Cavaco 'La Palisse' Silva
sobre que é preciso para ser-se presidente agora que entra no seu último
ano de mandato. Está na primeira página do "Diário de Notícias" e
refere-se ao balanço que hoje é publicado na site oficial da Presidência.
"Ricardo Salgado liga-me para saber quando é que vai ser ouvido." Fernando Negrão, presidente da comissão de inquérito à gestão do BES e do GES em entrevista ao "Diário Económico" de hoje.
"Sinto-me envergonhado com algumas coisas em que participei no Parlamento." Ribeiro e Castro, do CDS-PP, em entrevista ao "Jornal i"
"Espero
que não se agarrem a mais uma expulsão porque já estávamos a ganhar por
2-1. Temos é de nos agarrar aos factos do jogo. Se calhar devíamos ter
saído daqui com três ou quatro golos porque há duas grandes penalidades
por marcar." Jorge 'diz-que-é-limpinho' Jesus após a
vitória do Benfica por 3-1 em Arouca que mantém o clube da Luz com
quatro pontos de vantagem sobre o FC Porto (venceu em Braga). Hoje, o
Sporting encontra o Penafiel.
"Este é um momento espectacular,
depois de tantos anos de lesões e é um exemplo para todos os que não
acreditavam que era possível. Saltei mais com a cabeça do que com o
coração." Nelson Évora, o novo campeão europeu de triplo salto em pista coberta.
O QUE ANDO A LER
Isto: o jornalista pergunta-lhe como é que ele se sente e ele responde-lhe que se sente capaz de correr uma maratona. Não
há nada de errado com o corpo dele apesar de estar magro e gasto como a
caixa de cartão que segura nas mãos que diz isto: "Perdi o emprego.
Dispensado. Sem casa." Ryan Hoffmann era forte e musculado e tinha a
vida pela frente até que as coisas começaram a ficar confusas. "Eu já fui normal, sabe?" Esta história do NYT é sobre futebol americano e
sobre o que o futebol americano pode fazer a quem o joga. Porque é um
desporto duro e violento. E perigoso. "O meu problema está na cabeça. Há
algo de errado comigo e acho que tem a ver com o futebol."
E não lhe tomo mais tempo. Hoje passe os olhos no Expresso Diário, que sai às 18h00 (siga por aqui,
usando o código da revista E), e amanhã leia no seu correio tudo aquilo
que precisa de saber enquanto toma o seu cafezinho com o Bernardo
Ferrão (no caso dele, um cimbalino), o nosso Editor de Política.
Bom dia. E até já.
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