segunda-feira, 9 de março de 2015

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Expresso
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Pedro Candeias
Hoje por Pedro Candeias
Coordenador
 
9 de Março de 2015
 
Passos, as desculpas e o mau pagador
 

A palavra de hoje é: desculpa. Mas já lá iremos, que há uma hierarquia a respeitar. Em primeiro, o Presidente; em segundo, o Primeiro.

Disse Cavaco Silva que isto que liga Passos Coelho à história da dívida à Segurança Social era uma guerrinha de comentadores em que um PR ajuizado não se devia meter – mas meteu-se.  Cavaco, que tem “muita experiência” e distingue “jogos” de “matérias” a léguas, escorregou, tropeçou e caiu no comentarismo ao falar de lutas políticas e partidárias que “já cheiram a campanha eleitoral”. Que é como quem diz, deixem-se de lérias e vão lá tratar da vida real. E do país.

Cavaco não perdeu pela demora: António Costa achou as declarações “infelizes”; Marques Mendes pediu-lhe para ser “equidistante” na SIC; e Marcelo Rebelo de Sousa lembrou-lhe via TVI que a barafunda entre partidos existe, sim, mas apenas e só porque o PR não “quis marcar eleições mais cedo.” E repetiu: “Fez mal, fez mal”. 

Fez mal em não ter estado calado.

Não sei se Cavaco é fã de Mourinho (presumo que sim) e se terá tentado uma abordagem mourinhesca do estilo estou aqui, critiquem-me a mim mas deixem o homem em paz; mas desconfio que Cavaco não morre de amores pelo homem em questão pelo que vê-lo a salvar a pele de Passos só mesmo em nome de uma estabilidade (a sua) e de um mandato presidencial (o seu) que entra hoje no último ano.

Acontece que o assunto Passos-dívida-Segurança Social não é comezinho e continua vivo uma semana depois de ter nascido no "Público". Ainda ontem, durante o dia, o PCP de Jerónimo pediu a demissão do Governo falando de "anormalidades"; e António Costa convidou os portugueses a demitirem o Primeiro Ministro. E, à noitinha, Marcelo Rebelo de Sousa recuperou as palavras de sábado de Marques Mendes: se Passos Coelho tivesse logo pedido desculpa em vez de prolongar no tempo as “numerosas” explicações, a coisa teria sido gerível. E acrescentou que o Primeiro Ministro devia logo ter pagado o que era devido em 2012.

É que Passos só não o fez porque não quis – e fez mal em não fazê-lo.

OUTRAS NOTÍCIAS
Continuamos na política, mas damos aqui um pulo à vizinhança para percebermos que o bipartidarismo morreu do outro lado da fronteira - e, com ele, as maiorias absolutasA sondagem do "El Pais" mostra-nos que o Podemos, o PSOE, o PP e o Ciudadanos estão separados por apenas cinco pontos e o caminho mais óbvio será o da coligação e das alianças. Há quem chame a isso política. 

E alianças é o que Jean-Claude Juncker propõe entre países europeus para a criação de um novo exército do Velho Continente. Em entrevista ao "Die Welt", o presidente da Comissão Europeia disse que gostaria de ver os 28 a marchar a toque de caixa quando e sempre que um dos seus fosse ameaçado. Ou invadido. Como a Ucrânia foi pela Rússia.

Entre russos há uma história de sangue que começa agora a ser explicada. A polícia prendeu cinco chechenos, suspeitos de terem matado Boris Nemtsov (crítico ao regime Putin). Dois deles, Zaur Dadayev e Anzor Gubashev, foram formalmente acusados de homicídio pelo tribunal (Dadayev terá assumido a culpa) e os restantes continuam detidos. Um sexto suspeito fez-se explodir com uma granada quando já estava cercado pelas autoridades, em Grozny. O "Guardian" escreve que Dadayev tem ligações ao presidente da Chéchénia, que é um ex-militar, muçulmano; e que disse que "amava  o profeta Maomé" enquanto levantou o indicador na sala do tribunal. Há fotografias e o tipo parece o mau da fita de um mau filme de Guerra Fria dos anos 80.

Do bom e do melhor é o que as gentes da Apple dizem ter hoje para nos mostrar. Não fizeram a coisa por menos: enviaram um teaser chamado "Spring Forward" aos jornalistas para que estes guardassem o 9 de março só para eles. A Apple apresenta pela segunda vez (a primeira foi a 14 de setembro) o seu Apple Watch  e é desta que vamos saber o que o dito tem e não tem, quando vai para o mercado - e, a mãe de todas as perguntas, quanto custa. Por volta das cinco da tarde, dê uma trincadela na maçã e siga o evento em streaming. O Tim Cook será  o seu anfitrião.

FRASES
"[O próximo presidente] que tenha alguma experiência no domínio da política externa e uma formação e capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os dossiers relevantes para o país." Cavaco 'La Palisse' Silva sobre que é preciso para ser-se presidente agora que entra no seu último ano de mandato. Está na primeira página do "Diário de Notícias" e refere-se ao balanço que hoje é publicado na site oficial da Presidência.

"Ricardo Salgado liga-me para saber quando é que vai ser ouvido." Fernando Negrão, presidente da comissão de inquérito à gestão do BES e do GES em entrevista ao "Diário Económico" de hoje.

"Sinto-me envergonhado com algumas coisas em que participei no Parlamento." Ribeiro e Castro, do CDS-PP, em entrevista ao "Jornal i"

"Espero que não se agarrem a mais uma expulsão porque já estávamos a ganhar por 2-1. Temos é de nos agarrar aos factos do jogo. Se calhar devíamos ter saído daqui com três ou quatro golos porque há duas grandes penalidades por marcar." Jorge 'diz-que-é-limpinho' Jesus após a vitória do Benfica por 3-1 em Arouca que mantém o clube da Luz com quatro pontos de vantagem sobre o FC Porto (venceu em Braga). Hoje, o Sporting encontra o Penafiel.

"Este é um momento espectacular, depois de tantos anos de lesões e é um exemplo para todos os que não acreditavam que era possível. Saltei mais com a cabeça do que com o coração." Nelson Évora, o novo campeão europeu de triplo salto em pista coberta. 

O QUE ANDO A LER
Isto: o jornalista pergunta-lhe como é que ele se sente e ele responde-lhe que se sente capaz de correr uma maratona. Não há nada de errado com o corpo dele apesar de estar magro e gasto como a caixa de cartão que segura nas mãos que diz isto: "Perdi o emprego. Dispensado. Sem casa." Ryan Hoffmann era forte e musculado e tinha a vida pela frente até que as coisas começaram a ficar confusas. "Eu já fui normal, sabe?"  Esta história do NYT é sobre futebol americano e sobre o que o futebol americano pode fazer a quem o joga. Porque é um desporto duro e violento. E perigoso. "O meu problema está na cabeça. Há algo de errado comigo e acho que tem a ver com o futebol."

E isto: "The Collected Stories of Lydia Davies", uma norte-americana contadora de pequenos contos divertidos e trágicos sobre coisas dela e dos outros que ela vê ou imagina. E é tudo tão bem escrito e simples e preciso e enxuto que o tempo passa um bocadinho mais depressa quando nos sentamos a lê-la. 

E não lhe tomo mais tempo. Hoje passe os olhos no Expresso Diário, que sai às 18h00 (siga por aqui, usando o código da revista E), e amanhã leia no seu correio tudo aquilo que precisa de saber enquanto toma o seu cafezinho com o Bernardo Ferrão (no caso dele, um cimbalino), o nosso Editor de Política.

Bom dia. E até já.

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