FENPROF apresenta propostas urgentes e a curto e médio prazo para o setor da Educação Especial
"A
escola portuguesa está a ficar perigosamente discriminatória", alertou
Mário Nogueira, esta manhã, em Lisboa. O Secretário Geral da FENPROF
falava aos jornalistas na apresentação de um levantamento agora
realizado pela Federação sobre a situação da Educação Especial na
abertura do novo ano letivo 2015-2016. São "retratos" objetivos de um
setor "em que o MEC e o Governo saem muito mal". Só entre 2013 e 2014
cortou o subsídio de Educação Especial a quase sete mil alunos. Hoje,
com docentes da Educação Especial (e essa contabilidade não entra nos 53
milhões já referidos) gasta menos quarenta milhões que há sete anos
atrás.
O estudo foi apresentado por Mário
Nogueira e Ana Simões, coordenadora do departamento da Educação Especial
da FENPROF. Também presentes na Mesa deste encontro com a
comunicação social: Lurdes Martins (SPGL), José Reis (Presidente da
Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes - CNOD) e Joaquim Cardoso (do pelouro da Educação da Associação Portuguesa de Deficientes - APD).
O levantamento, que abrange um universo de 25 por cento das escolas e agrupamentos do continente, inclui um conjunto de propostas para "resolver os problemas existentes" com caráter de urgência e outras a curto e médio prazo.
O levantamento, que abrange um universo de 25 por cento das escolas e agrupamentos do continente, inclui um conjunto de propostas para "resolver os problemas existentes" com caráter de urgência e outras a curto e médio prazo.
Mário Nogueira falou de situações, nas
escolas, de "preocupante segregação" e referiu que hoje são ainda
criadas salas de currículos alternativos que se transformam em
"autênticos “depósitos” de jovens com NEE."
"A discriminação do MEC vai tão longe que, no ensino secundário, no despacho de constituição e turmas, apenas admite a redução para as da via profissional. Os alunos com NEE não têm, na sua ótica, de optar pelo científico-humanístico...", observou o dirigente da FENPROF.
"A discriminação do MEC vai tão longe que, no ensino secundário, no despacho de constituição e turmas, apenas admite a redução para as da via profissional. Os alunos com NEE não têm, na sua ótica, de optar pelo científico-humanístico...", observou o dirigente da FENPROF.
A ponta do iceberg...
"O Governo que agora cessa funções é favorável à elitização do
ensino, daí que, desde cedo, sem apoios adequados, pretenda condenar os
alunos com NEE a percursos alternativos ditados por inúmeros obstáculos
que vão desde as metas curriculares e exames à falta de apoios e medidas
adequadas", realçou Mário Nogueira no diálogo com os profissionais da
comunicação social.
O apuramento conseguido com o estudo da FENPROF é apenas "a ponta do
iceberg", comentou. "Este levantamento tem que continuar. Estes
problemas têm de ser resolvidos.
É fundamental que o Governo que venha a seguir saiba que a escola pública está a afastar-se da educação inclusiva. O Governo PSD/CDS pôs de lado os alunos com dificuldades de aprendizagem", salientou Mário Nogueira.
É fundamental que o Governo que venha a seguir saiba que a escola pública está a afastar-se da educação inclusiva. O Governo PSD/CDS pôs de lado os alunos com dificuldades de aprendizagem", salientou Mário Nogueira.
Ana Simões alertou para "as situações verdadeiramente anómalas" que
se vivem em muitas escolas e agrupamentos, nomeadamente quanto ao número
de alunos com NEE por docente, quanto ao número de alunos por turma
(problema generalizado imposto por lei e por pressão do MEC sobre as
escolas) e também quanto ao número de docentes de educação especial.
A responsável do departamento de EE da FENPROF falou ainda das
questões da precariedade laboral e chamou a atenção dos jornalistas para
o conjunto de propostas contempladas neste estudo.
Ana Simões apontou, em particular, a necessidade de reconstituir as turmas que não respeitam as normas legais vigentes (nomeadamente o Despacho-Normativo 7-B/2015); de integrar a medida de turma reduzida nos cursos científico-humanísticos do ensino secundário e, também, aplicação da mesma a todas as turmas do ensino básico que os órgãos pedagógicos das escolas ou agrupamentos considerem necessários.
Ana Simões apontou, em particular, a necessidade de reconstituir as turmas que não respeitam as normas legais vigentes (nomeadamente o Despacho-Normativo 7-B/2015); de integrar a medida de turma reduzida nos cursos científico-humanísticos do ensino secundário e, também, aplicação da mesma a todas as turmas do ensino básico que os órgãos pedagógicos das escolas ou agrupamentos considerem necessários.
Referiu ainda a necessidade de colocação de docentes de Educação
Especial e outros técnicos, respeitando as necessidades reais de apoio a
alunos com NEE, no sentido de uma resposta de qualidade a estes alunos;
e, de, no atual quadro, reforçar o financiamento dos CRI e rever
critérios de atribuição do subsídio de Educação Especial.
Ana Simões registou ainda um conjunto de matérias que não puderam ser
abordadas nesta conferência de imprensa mas que continuam bem presentes
nas preocupações da FENPROF: a situação e o papel das unidades
especializadas de apoio, a situação no ensino superior ("não há
legislação que proteja estes alunos"), que técnicos são necessários nas
escolas...
"Dimensão anti-democrática
do Governo"
do Governo"
Joaquim Cardoso, da APD, afirmou que na legislatura que agora
terminou as associações representativas dos cidadãos com deficiência não
foram ouvidas e alertou para a dimensão anti-democrática do Governo de
Passos e Portas em matéria de educação inclusiva e de inclusão.
"Todos nascemos com direitos iguais", lembrou o representante da APD,
que comentou noutra passagem: "No nosso país não são respeitadas as
leis, incluindo as que são aprovadas em Bruxelas..."
Joaquim Cardoso, professor aposentado, lembrou ainda que escola
inclusiva "implica políticas coerentes, com docentes, técnicos (de
mobilidade, de linguagem gestual, de novas tecnologias, entre outros) e
com pessoal auxiliar qualificados".
Retrocesso
José Reis acusou o Governo de "insensibilidade para estas situações",
observando que, também em matéria de educação inclusiva, estamos a
viver uma grave situação de retrocesso.
O presidente da CNOD agradeceu "o excelente trabalho da FENPROF", que
retrata com clareza a difícil situação que se vive nas escolas.
Esta conferência de imprensa foi também acompanhada pelo Professor David Rodrigues, da Associação Pró-Inclusão. / JPO
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ABERTURA DO ANO LETIVO 2015-2016
RETRATOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL EM QUE MEC E GOVERNO SAEM MUITO MAL
Números e situações que falam por si
Números e situações que falam por si
A educação inclusiva, em Portugal, é um
desejo e uma obrigação que se sente estar cada vez mais longe de
concretização. Na Legislatura que agora termina, o corte na Educação e
Ciência imposto pela maioria PSD/CDS ultrapassou os três mil milhões de
euros, fazendo sentir em todas as áreas da vida deste setor. A Educação
Especial não ficou de fora. Porém, no que respeita a apoios a crianças e
jovens com necessidades educativas especiais, os cortes não se
limitaram ao que é visível através dos orçamentos para a Educação,
integrados nos OE anuais. Há ainda que considerar as reduções
orçamentais impostas também no âmbito do orçamento da Segurança Social.
- Para que fiquem algumas referências, entre 2011 e 2015, isto é, ao longo da atual Legislatura, as verbas inscritas no Orçamento do Estado para a Educação Especial (apenas considerando o orçamento do MEC, por ações) baixaram 53 Milhões de euros. Só de 2013 para 2014, passaram de 212 289 152 para 198 232 208 euros, baixando 14 056 944 euros (um corte de 6,6%).
- Também de 2013 para 2014, a Segurança Social cortou o subsídio de Educação Especial a quase 7 000 alunos (6 961), reduzindo o número de elegíveis para efeitos de financiamento de 16 107 para 9 146.
As escolas têm vindo a sentir dificuldades acrescidas, de ano para
ano, para conseguirem responder adequadamente às exigências da inclusão.
A perda de técnicos diversos (designadamente, psicólogos e terapeutas
de várias especialidades) foi, de alguma forma compensada, ainda que mal
compensada, pela articulação entre as escolas e os centros de recursos
para inclusão (CRI). Contudo, também estes são vítimas do violento
ataque à inclusão, sofrendo cortes fortíssimos de financiamento.
Paradigmático é o que está a acontecer com o Agrupamento de Escolas
Anselmo Andrade, em Almada. O CRI/APPACDM com quem estabeleceu parceria
viu o financiamento baixar, este ano, de 25 767,80 para 7 957,15
(redução de quase 70%). Também aí, das 16 crianças propostas para apoio,
apenas 10 viram o financiamento aprovado. Outra das razões da
contestação dos CRI é o facto de o governo ter como unidade de tempo de
apoio aos alunos os 30 minutos. Alguns alunos têm, semanalmente, apenas
esta meia hora de apoio. O tempo mínimo imposto pelo MEC faz com que
alguns técnicos, como recentemente denunciaram várias entidades, prestem
apoio a mais de 70 crianças e jovens.
Da história passada fica que, a partir de 2008, com a publicação do
DL 3/2008, a CIF, uma classificação internacional de funcionalidade
adotada pela OMS, em 2001, para fins clínicos, passou a aplicar-se para
efeitos de referenciação dos alunos com necessidades educativas
especiais – NEE. Em 2009/10 (primeiro ano em que os critérios da CIF
foram adotados)foram afastados da Educação Especial, perdendo os apoios
que até aí lhes eram devidos, 15 986 alunos.
Segundo dados do MEC, em 2008/09 havia 49 877 alunos apoiados no
âmbito da Educação Especial. No ano de 2014/2015, segundo a mesma fonte,
serão cerca de 78 000. Isto significa que, após o embate inicial, o
número de alunos aumentou, nestes anos, em quase 50%; o número de
professores, porém, baixou significativamente. Em
2006, antes de serem criados estes quadros, havia cerca de 7 500
professores destacados para estas funções. Hoje são cerca de 6 200,
entre docentes dos quadros e contratados a termo.
Este levantamento, porém, não conta tudo sobre a realidade nas
escolas. Silêncios de pais e medos de professores permitem perceber que
há muito mais do que hoje é aqui referido. Não se falam das salas
sobrelotadas das unidades; nem, dos assistentes operacionais que
acompanham alunos com deficiências graves e que alguns foram colocados
através dos CEI (Contratos Emprego e Inserção), não tendo qualquer
preparação para o trabalho que desenvolvem; também não refere soluções
de recurso, como a constituição de turmas de Percursos Curriculares
Alternativos (PCA) que são autênticos ghettos dentro da escola…
A FENPROF vai apurar ainda mais, porque defende e assume que a escola
tem de ser inclusiva. O aprofundamento do levantamento irá continuar
porque só conhecendo bem toda a verdade se podem propor medidas que a
alterem em sentido positivo.
- NÚMERO DE ALUNOS AUMENTOU, MAS ESSE AUMENTO NÃO FOI ACOMPANHADO PELO DE DOCENTES DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, PELO QUE, EM MUITOS CASOS, O TEMPO MÉDIO DE APOIO DEVIDO A CADA ALUNO TEM VINDO A DIMINUIR
Atualmente, a taxa de incidência aumentou em relação, por exemplo a
2009/2010, situando-se a norma entre os 3% (Ex: ES Joaquim Carvalho, na
Figueira da Foz, com 33 alunos referenciados numa população escolar de
1 100 alunos – 3%) e os 6% (ES D. Dinis, em Coimbra, como 28 alunos
referenciados em 480 – 5,8%; AE de Montemor o Velho e AE Lima de Faria,
Cantanhede, ambos com 5,7%). Excecionalmente, fora desta margem, como
acontece no AE de Arraiolos, atingem-se valores superiores, neste caso
12% (89 alunos referenciados num total de 685) e no AE de
Albergaria-a-Velha, onde a taxa atingida é de 10% (201 alunos
referenciados num total de 2000).
O problema colocado pelas direções das escolas e agrupamentos é que o
número de docentes não aumentou nessa proporção, o que reduz muito os
tempos em que os alunos são apoiados. Confirma-se isso, até pelos dados
da entrada em quadro. Até 2009/2010 tínhamos 3 634, daí para cá, tendo
aumentado significativamente o número de alunos referenciados, em alguns
casos, duplicando, entraram nos quadros apenas mais 1 381.
Para percebermos a evolução negativa da situação, uma vez mais se
recorre aos números: em 2006, antes de serem criados os quadros da EE,
havia cerca de 7 500 docentes destacados para esta resposta; hoje temos,
no total de docentes do quadro e contratados, 6 255!
É por este motivo que encontramos situações verdadeiramente anómalas,
em que o número de alunos por docente atinge valores muito elevados.
Exemplos:
AE Marques Castilho, Águeda – 25/1
ES Quinta das Flores, Coimbra – 21/1
AE Oliveira de Frades – 20/1
AE Souselo – 20/1
ES Viriato, Viseu – 20/1
AE Penedono – 23/1 (único docente existente para os 23 alunos)
AE Arraiolos – 22/1
AE Castelo de Vide – 23/1
AE Sousel – 20/1
ES D. João II, Setúbal – 22/1
ES c/ 3.º Ciclo de Pedro Nunes, Lisboa – 33/1
ES c/ 3.º Ciclo Poeta Al Berto, Lisboa – 23/1 (único docente existente para os 23 alunos)
ES Camarate, Lisboa – 20/1 (único docente existente para os 20 alunos)
AE D. Dinis, Odivelas – 24/4
ES Dr Augusto César Silva Ferreira, Rio Maior – 30/1 (único docente existente para os 30 alunos)
AE Mães D’Água, Lisboa – 25/1
O horário letivo semanal dos docentes da Educação Especial é, em
limite, de 22 horas, o que significa que um professor que apoie 22
alunos terá, em média, uma hora por semana para cada um.
A norma – sendo esse o ratio estabelecido pelo MEC – é que cada docente tenha, em média, um grupo de 12 a 17 alunos para apoiar.
Portanto, o ratio implícito situa-se nos 15 alunos por docente. Este é um dos problemas que vive o setor: a existência de um ratio ou norma, quando as situações são muito diferentes.
Por exemplo, não é indiferente a existência de uma unidade ou a distribuição dos alunos pelas turmas, o AE ter várias escolas e jardins-de-infância por onde se distribuem os alunos ou ser uma escola não agrupada ou, sendo AE, os alunos do 1.º ciclo concentrarem-se num centro escolar. Também não é indiferente o tipo de dificuldade existente, pois o tempo que o docente deverá despender com cada aluno, depende sempre da necessidade que o mesmo apresenta. Esta é, por essa razão, uma área em que as escolas deveriam poder exercer a autonomia que tão propalada é pelo MEC. Só que, quando tentam fazê-lo, são, de imediato, travadas pelo MEC na sua ousadia.
Portanto, o ratio implícito situa-se nos 15 alunos por docente. Este é um dos problemas que vive o setor: a existência de um ratio ou norma, quando as situações são muito diferentes.
Por exemplo, não é indiferente a existência de uma unidade ou a distribuição dos alunos pelas turmas, o AE ter várias escolas e jardins-de-infância por onde se distribuem os alunos ou ser uma escola não agrupada ou, sendo AE, os alunos do 1.º ciclo concentrarem-se num centro escolar. Também não é indiferente o tipo de dificuldade existente, pois o tempo que o docente deverá despender com cada aluno, depende sempre da necessidade que o mesmo apresenta. Esta é, por essa razão, uma área em que as escolas deveriam poder exercer a autonomia que tão propalada é pelo MEC. Só que, quando tentam fazê-lo, são, de imediato, travadas pelo MEC na sua ousadia.
Os responsáveis do MEC afirmam que aumentou o número de alunos
referenciados como tendo necessidades educativas especiais, o que é
verdade. O que escondem são as condições em que o apoio é prestado aos
alunos e o seu tempo de duração semanal.
- EXCESSIVO NÚMERO DE ALUNOS POR TURMA É PROBLEMA GENERALIZADO IMPOSTO POR LEI E POR PRESSÃO DO MEC SOBRE AS ESCOLAS
As normas relativas à constituição de turmas incluem-se em despacho
específico. Este ano regem-se pelo Despacho normativo n.º 7-B/2015, de 7
de maio. Nele se verifica que para a Educação Pré-Escolar e o Ensino
Básico há uma norma que estabelece limites à constituição de turmas que
integrem alunos com necessidades educativas especiais: “As turmas
que integrem alunos com necessidades educativas especiais de caráter
permanente, cujo programa educativo individual o preveja e o respetivo
grau de funcionalidade o justifique, são constituídas por 20 alunos, não
podendo incluir mais de dois alunos nestas condições”.
Já de si, esta norma é restritiva ao impor que as necessidades
educativas especiais deverão ter caráter permanente e que o programa
educativo individual do aluno o preveja, mas, mesmo assim, é
desrespeitada. Quanto ao ensino secundário, é de registar o facto de o
MEC apenas prever a medida “turma reduzida” para cursos profissionais,
dando aqui um sinal muito negativo quanto ao que considera serem as
possibilidades de um jovem com necessidades educativas especiais. Se
optar por curso da via científico-humanística, integrará uma turma que,
muitas vezes, chega a ter mais de 30 alunos.
O número de alunos com necessidades educativas especiais que integram
turmas reduzidas ou com limite de dois alunos com NEE chega a ser
impressionante. Para tal contribuem diversos fatores, sendo mais
relevantes: i) as restrições legalmente impostas e atrás referidas; ii)
as pressões da administração educativa (leia-se DGEstE, delegações
regionais e serviços centrais sobre as escolas); iii) o encaminhamento
dos alunos para as unidades de apoio especializado e mesmo instituições,
retirando-os das turmas que, aparentemente, frequentam por nelas
estarem matriculados.
(Maus) Exemplos são muitos e difícil é escolhê-los, destacando-se os seguintes:
- AE Oliveira do Bairro: 161 NEE, apenas 63 em turmas com redução;
- AE Águeda: 87 NEE, nenhum em turmas com redução;
- AE Fundão: 120 NEE, apenas 73 em turmas com redução;
- ES Quinta das Palmeiras: Covilhã, 35 NEE, apenas 17 em turmas com redução;
- AE José Sanches e S. Vicente da Beira: 70 NEE, apenas 47 em turmas com redução;
- ES Joaquim Carvalho, Figueira da Foz: 33 NEE, apenas 6em turmas com redução;
- ES D. Dinis em Coimbra: 28 NEE, nenhum em turmas com redução;
- AE de Monforte: 37 NEE, apenas 1 em turmas com redução;
- AE Martinho Árias, Soure: 120 NEE, apenas 15em turmas com redução;
- AE Avelar Brotero, Coimbra: 60 NEE, nenhum em turmas com redução;
- AE Lima Faria, Cantanhede: 74 NEE, apenas 46 em turmas com redução;
- AE Condeixa: 64 NEE, apenas 44em turmas com redução;
- AE Teixoso, Covilhã: 35 NEE, nenhum em turmas com redução;
- AE Afonso Paiva, Castelo Branco: 88 NEE, apenas 55em turmas com redução;
- AE Fornos de Algodres: 27 NEE; apenas 11 em turmas com redução;
- AE Adolfo Portela, Águeda: 18 NEE, apenas 2 em turmas com redução;
- AE Aveiro: 98 NEE, apenas 16 em turmas com redução;
- AE Pombal: 58 NEE; apenas 32 em turmas com redução;
- AE Figueiró dos Vinhos: 64 NEE, apenas 34 em turmas com redução;
- AE Sátão, Viseu: 126 NEE, apenas 89 em turmas com redução;
- ES Damião de Goes, Lisboa: 170 NEE; apenas 68 em turmas com redução;
- ES Pedro Nunes, Lisboa: 65 NEE, nenhum em turmas com redução;
- ES Poeta Al Berto, Lisboa: 23 NEE, apenas 10 em turmas com redução;
- AE Raul Proença, Lisboa: 5 NEE: apenas 4 em turmas com redução;
- ES Maria Amália Vaz de Carvalho: 27 NEE; apenas 6 em turmas com redução;
- AE Loures N.º 2: 162 NEE, apenas 66 em turmas com redução;
- AE D. Dinis, Odivelas: 95 NEE, apenas 47 em turmas com redução;
- AE Marcelino Mesquita, Cartaxo: 130 NEE, apenas 52 em turmas com redução;
- ES D. João II, Setúbal: 66 NEE, apenas 6 em turmas com redução;
- ES Dr. José Afonso: 42 NEE, apenas 3 em turmas com redução;
- ES Quinta do Marquês: 29 NEE, nenhum em turmas com redução:
- AE Carlos Gargaté: 45 NEE, nenhum em turma com redução;
- AE do Bonfim, Portalegre: 133 NEE, apenas 61 em turmas com redução;
- AE Campo Maior: 127 NEE, apenas 73 em turmas com redução;
- AE N.º e de Elvas: 101 NEE, apenas 64 em turmas com redução;
- AE Gavião: 37, apenas 25 em turmas com redução;
- AE Moura: 93 NEE, apenas 53 em turmas com redução;
- AE Mértola: 47 NEE, apenas 30 em turmas com redução;
- AE Alandroal: 32 NEE, apenas 2 em turmas com redução;
- ES Estremoz: 41 NEE, apenas1 em turmas com redução;
- AE N.º 3 de Évora: 81 NEE, apenas 47 em turmas com redução;
- AE Viana do Alentejo: 63 NEE, apenas 38 em turmas com redução;
- AE Dr. Francisco Fernandes Lopes, Olhão: 137 NEE; apenas 86 em turmas com redução;
- AE Pinheiro e Rosa, Faro: 128 NEE, apenas 78 em turmas com redução;
- AE Pd. José Coelho Cabanita, Loulé: 132 NEE, apenas 73 em turmas com redução;
- AE Albufeira Poente: 77 NEE, apenas 1 em turmas com redução;
- AE Vila do Bispo: 28 NEE, apenas 1 em turmas com redução;
Noutro registo, temos ainda que:
- AE Fernando Pessoa, em Santa Maria da Feira:há 27 turmas com alunos com NEE mas que ultrapassam os 20 alunos.
- AE Santa Maria da Feira: há 12 turmas com alunos com NEE mas que
ultrapassam os 20 alunos. Há uma com mais que 2 alunos com NEE.
- AE Miguel Torga, Lisboa: há 7 turmas com alunos com NEE mas que
ultrapassam os 20 alunos. Há ainda 11 turmas com mais do que 2 NEE,
algumas coincidentes com as anteriores.
- AE Olaias, Lisboa: há 21 turmas com alunos com NEE mas que
ultrapassam os 20 alunos. Há 38 turmas com mais que 2 alunos com NEE.
- AE Chamusca: há 21 turmas com alunos com NEE mas que ultrapassam os 20 alunos. Há 16 turmas com mais que 2 alunos com NEE.
- AE Almeirim: há 21 turmas com alunos com NEE mas que ultrapassam os 20 alunos. Há 38 turmas com mais que 2 alunos com NEE.
- ES Dr. Augusto César Silva Ferreira, Rio Maior: há 1 turma com
alunos com NEE mas que ultrapassam os 20 alunos. Há 4 turmas com mais
que 2 alunos com NEE.
- AE Moinhos da Arroja, Odivelas: há 10 turmas com alunos com NEE mas
que ultrapassam os 20 alunos. Há 15 turmas com mais que 2 alunos com
NEE.
- AE Terras de Larus, Seixal: há 7 turmas com alunos com NEE mas que
ultrapassam os 20 alunos. Há ainda 10 turmas com mais do que 2 NEE.
INSUFICIÊNCIA DE DOCENTES É PROBLEMA QUE SE MANTÉM
E, EM ALGUNS CASOS, ATÉ SE AGRAVOU ESTE ANO
- Há escolas ou agrupamentos em que o número de alunos aumenta e o de docentes se mantém ou reduz e outras em que, a uma ligeira redução no número de alunos corresponde um injustificado corte no de docentes
Paulatinamente, o MEC tem vindo a afastar alunos dos apoios que
deveriam ter no âmbito da Educação Especial. Inicialmente, a estratégia
passou por alterar a legislação, aplicando a CIF na referenciação de
alunos. A CIF, recorda-se, é um instrumento criado em 2001 pela OMS que
não se destinava a servir fins pedagógicos, mas clínicos.
Com a aplicação da CIF, de acordo com o DL 3/2008, de 7 de janeiro, o
MEC conseguiu reduzir muito o número de alunos abrangidos. Por exemplo,
logo no seu primeiro ano de aplicação (2009/2010) ficaram sem os apoios
necessários, que lhes eram prestados no quadro da Educação Especial,
15 986 alunos, segundo dados divulgados pelo próprio Ministério da
Educação. Uma quebra de cerca de 1/3, mais precisamente de 32%.
Nessa altura, a taxa de incidência de alunos com Necessidades
Educativas Especiais, nas escolas portuguesas, situou-se nos 2,85%. Um
número extremamente baixo, se tivermos em conta que as autoridades
portuguesas nesta matéria, como é o caso da Sociedade Portuguesa de
Pedopsiquiatria, calculam que essa taxa se situará entre 8 e 10%. Porém,
à altura, uma taxa elevada, pois pretendia-se que a mesma, com
aplicação da CIF, se situasse em 1,8%.
Ultimamente, o número de alunos referenciados tem vindo a aumentar e,
segundo o próprio MEC, serão cerca de 78 000. O problema é que os
recursos não cresceram e, por isso, a este aumento do número de alunos
não correspondeu um aumento significativo e, por vezes, até houve
redução, dos recursos existentes.
Como tal, a resposta que era dada, por vezes, diariamente, passou a ser de apenas um ou dois dias por semana, havendo mesmo situações mais extremas em que o apoio, em média, não chega a uma hora semanal. Há casos em que o professor da Educação Especial até já deixou de trabalhar diretamente com os alunos, passando apenas a apoiar o professor da turma, sendo essa a única forma possível de, dentro do seu horário, dar resposta a tantas solicitações.
Como tal, a resposta que era dada, por vezes, diariamente, passou a ser de apenas um ou dois dias por semana, havendo mesmo situações mais extremas em que o apoio, em média, não chega a uma hora semanal. Há casos em que o professor da Educação Especial até já deixou de trabalhar diretamente com os alunos, passando apenas a apoiar o professor da turma, sendo essa a única forma possível de, dentro do seu horário, dar resposta a tantas solicitações.
Relativamente ao número de docentes, temos situações em todo o país
que, mesmo sabendo-se que a situação em 2014/2015 já era de
insuficiência, o número de professores baixou este ano, não obstante
nada o justificar. Alguns exemplos:
|
NÚMERO DE
|
ALUNOS |
NÚMERO DE
|
DOCENTES |
ESCOLA / AGRUPAMENTO |
2014/15
|
2015/16
|
2014/15
|
2015/16
|
AE Martinho Árias, Soure |
129
|
120
|
10
|
7
|
ESCOLA / AGRUPAMENTO |
2014/15
|
2015/16
|
2014/15
|
2015/16
|
ES Joaquim Carvalho, F. Foz |
28
|
33
|
3
|
2
|
AE Alvaiázere |
33
|
37
|
4
|
3
|
AE1 Évora |
116
|
119
|
21
|
20
|
AE Olaias, Lx |
98
|
108
|
8
|
7
|
ES Damião de Goes, Lx |
162
|
170
|
11
|
10
|
AE Francisco Fernandes Lopes, Olhão |
117
|
137
|
8
|
8
|
AE F. Pessoa, Sta Maria da Feira |
52
|
55
|
9
|
9
|
AE Ovar Sul |
76
|
86
|
5
|
5
|
AE Crato |
19
|
26
|
2
|
2
|
AE Almodôvar |
60
|
72
|
5
|
5
|
AE Oliveira de Frades |
104
|
100
|
7
|
5
|
AE Lima de Faria, Cantanhede |
80
|
76
|
7
|
5
|
AE Vila de Rei |
20
|
16
|
2
|
1
|
Se considerarmos que, entre 2008 e 2015, o número de professores
baixou em 1 300; que o salário dos docentes não aumentou devido ao
congelamento das progressões e que até foi reduzido pelos cortes
salariais; que um docente da EE, pelo seu tempo de serviço, estará em
escalão intermédio/superior da carreira; considerando, como média, o 5.º
escalão que, atualmente, vale 2 063,46 EUR, este docente tem um custo
anual de 28 900 EUR. Tal significa que, só em docentes (houve também
cortes em assistentes operacionais e em outros recursos humanos) o
governo gasta hoje menos 37 Milhões de euros na Educação Especial do que
há 7 anos atrás. As consequências para as crianças e jovens, como se
sabe, são as piores.
- O RECURSO À PRECARIEDADE NA COLOCAÇÃO DE DOCENTES PARA RESPONDER A NECESSIDADES PERMANENTES É UM PROBLEMA AGRAVADO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Os grupos de recrutamento da Educação Especial foram criados, em sede
de concursos, em 2006. Nestes grupos, que são três (910, 920 e 930,
respetivamente, multideficiência, surdez e cegueira ou baixa visão), a
esmagadora maioria dos docentes encontra-se no 910. Ao longo dos anos, o
grupo foi crescendo, mas sempre muito abaixo das necessidades reais das
escolas, calculando-se que, nos quadros (escola, agrupamento e de zona
pedagógica) haja 5 015 professores e educadores.
As entradas e transferências de docentes para os quadros dos grupos
da Educação Especial deram-se, de acordo com o seguinte quadro:
Ano letivo a que se destinou o concurso |
Novas entradas
|
Transferências de outros grupos
|
TOTAL
|
2006/2007 |
0
|
2 155
|
2 155
|
2009/2010 |
1 024
|
455
|
1 479
|
2013/2014 |
162
|
101
|
263
|
2014/2015 |
110
|
0
|
110
|
2015/2016 |
286
|
722
|
1 008
|
TOTAL |
1 582
|
3 433
|
5 015
|
Assim, o número de docentes nos quadros, nos três grupos de
recrutamento da Educação Especial, a esmagadora maioria no 910, é de 5
015.
Este ano, para efeitos de contratação, através da Contratação inicial e das três colocações a partir da Reserva de Recrutamento, já foram colocados 908 docentes nos três grupos. Face a este número e aos indicadores que decorrem da retirada de candidatos da RR, que, através de BCE e CE, tenham sido colocados mais 330 docentes. Isto significa que já terão sido contratados, para este ano letivo, 1 240 docentes para a Educação Especial, o que traduz um elevado nível de precariedade, da ordem dos 19,8%.
De acordo com dados divulgados pela Pordata e referentes a 2014,
havia 120 784 docentes nos estabelecimentos públicos da educação
pré-escolar e ensinos básico e secundário. Estando contratados, neste
momento, cerca de 10 300 professores para essas escolas, a taxa de
precariedade é de 8,5%. Ou seja, na Educação Especial a taxa de precaridade dos docentes mais que duplica a global.
Mas na Educação Especial há ainda outro registo a fazer, é que a esmagadora maioria dos docentes contratados satisfazem necessidades permanentes das escolas.
A confirmar isso, temos que, dos 908 contratados na sequência de CI e
RR, 705 foram para horários completos e anuais, o que significa uma taxa
de 77,6%. Na totalidade, incluindo BCE e CE, dos 1 240 contratados, 960
foram para horários completos e anuais.
- INVESTIR NA INCLUSÃO É FUNDAMENTALPROPOSTAS DA FENPROF PARA RESOLVER OS PROBLEMAS EXISTENTES
Face à situação negativa que se está a viver na Educação Especial,
ilustrada pelo que antes se referiu, a FENPROF apresenta o seguinte
conjunto de propostas que entregará a todos os grupos parlamentares e ao
governo que saírem das eleições do próximo domingo, dia 4 de outubro de
2015:
- Para, com caráter de urgência, serem adotadas ainda no presente ano letivo:
. Reconstituição das turmas que não respeitam as normas legais vigentes (Despacho-Normativo 7-B/2015);
. Integração da medida de turma reduzida nos cursos
científico-humanísticos do ensino secundário e, também, aplicação da
mesma a todas as turmas do ensino básico que os órgãos pedagógicos das
escolas ou agrupamentos considerem necessários;
. Colocação de docentes de Educação Especial e outros técnicos,
respeitando as necessidades reais de apoio a alunos com NEE, no sentido
de uma resposta de qualidade a estes alunos;
. No atual quadro, reforçar o financiamento dos CRI e rever critérios de atribuição do subsídio de Educação Especial.
- A curto / médio prazo:
. Aplicação da medida “turma reduzida” a todas as que integrem alunos com NEE devidamente referenciados;
. Revisão e alargamento dos atuais lugares de quadro de
escola/agrupamento sempre que a complexidade/especificidade dos
problemas dos alunos com NEE assim o exija;
. Revisão do DL 3/2008, com vista, nomeadamente, ao alargamento dos
critérios de referenciação que não podem limitar-se aos impostos pela
CIF;
. Fim da aplicação da CIF como instrumento único para a elegibilidade
dos alunos para apoio da Educação Especial. A avaliação deve assentar
em critérios pedagógicos e não clínicos;
. Dotação das escolas/agrupamentos de equipas multidisciplinares,
salvaguardando a continuidade pedagógica de todos os profissionais
(docentes e técnicos);
. Transformação das escolas de referência e de unidades
especializadas em centros de recursos para a inclusão para apoio
especializado em todas as escolas. Estes centros de recursos impedirão o
afastamento das crianças/jovens dos seus grupos/turmas das escolas da
sua área de residência.
Lisboa, 30 de setembro de 2015
O Secretariado Nacional da FENPROF
O Secretariado Nacional da FENPROF
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