Do autor das petições ao Parlamento de Portugal e ao Parlamento
Europeu e respetiva queixa ao Tribunal de Justiça da UE, Jorge Costa
"Os novos tempos mudaram radicalmente o
paradigma da intervenção cívica dos cidadãos anónimos, nomeadamente em
causas públicas de grande alcance. De facto, as redes sociais e a
blogosfera vieram alterar o panorama ao nível da intervenção das pessoas
até então relegadas ao silêncio ou à reduzida interatividade com outros
elementos em idênticas circunstâncias. Trouxeram a queda de regimes
ditatoriais no norte de África e têm vindo a alterar a relação de poder
entre governantes e governados um pouco por todo o mundo. É com esta
nova realidade que, também as organizações sindicais, em particular as
de professores, devem contar. Por isso, nunca mais será fácil não agir!
Caso não atuem, as organizações sindicais que façam perdurar atitudes de
negligência em relação à defesa de quem representam, correm o risco de
serem rapidamente descredibilizadas em praça pública por essa inação.
Portanto, a intervenção passou a fazer-se em ambos os sentidos, deixando
vislumbrar uma atmosfera democrática mais intensa entre governantes e
governados, entre representantes e representados. Penso que algo vai
mudar muito rapidamente, em concreto no panorama sindical. A
problemática associada à precaridade professores contratados, que agora
ganha força nos blogs e nas redes sociais, nunca mais será tratada num
registo de “faz de conta” por algumas organizações sindicais, pois os
tempos mudaram e quem não quiser ou não puder perceber esta nova
realidade depressa ficará relegado irremediavelmente para segundo plano,
correndo o risco de se tornar irrelevante.
Cabe às organizações sindicais a defesa
de todos os professores. Todos sem exceção, mesmo os que se encontravam
até agora numa posição mais frágil – os professores contratados.
Professores que encontraram um novo instrumento que lhes possibilita
fazerem-se ouvir e exigir respostas efetivas à sua justa pretensão de
estabilidade profissional. Que exigem serem tratados como pessoas e não
números, que exigem a sua plena dignidade profissional.
Nunca mais quero ver professores
contratados a entrarem cabisbaixos numa sala de professores por ganharem
muito menos, trabalharem muito em condições por vezes mais agrestes,
por estarem longe dos filhos e não saberem nunca o que os espera no ano
seguinte!
É preciso agir agora, para acabarmos com esta “escravidão laboral” dos tempos modernos!
A indignidade não deve caber nas
relações laborais. Mas, há muitos anos que os professores contratados
estão para lá desse limite, sofrendo em silêncio, como convinha a certos
setores.
Conto com organizações sindicais que
queiram mudar de rumo em relação aos professores contratados de
Portugal. Sem subterfúgios, com ações concretas e visíveis para todos,
honestas, sem compromissos duvidosos, com verdade!
É por isto que luto!"
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