"Professores em protesto, apelos à demissão do ministro da Educação, lágrimas e tensão entre o ministério e a Federação Nacional de Professores (Fenprof). É este o clima no dia em que decorre a prova de avaliação de docentes contratados com menos de cinco anos de serviço.
Em Lisboa, no Liceu Padre António Vieira, alguns manifestantes forçaram a entrada na escola e tentaram impedir a realização do exame, gritando “não há prova”. A polícia fechou, entretanto, os portões da escola.
Em Coimbra, depois de alguma indecisão sobre as acções a desenvolver, os docentes do movimento Boicote&Cerco que estão em frente à escola secundária D. Maria optaram por dificultar apenas a entrada na escola. Para já são os professores do quadro, potenciais vigilantes da prova, que têm de ziguezaguear entre os manifestantes que estão sentados em frente ao portão. “Vigiar é humilhar, vigiar é humilhar”, ouviram aqueles.
Às 9h44, saídos das indecisões, foi a vez de dezenas de docentes abrirem caminho fila indiana, para fazerem a prova. Subiram a escadaria, ouvindo gritos dos colegas que lhes chamaram fascista e os acusaram de estarem a quebrar a união contra a prova.
À porta da escola, havia docentes a chorar. Sónia Barbosa critica os colegas: “Devíamos ter ficado todos lá fora, isto é que é união? Se não entrasse ninguém eu também não tinha de estar aqui”, grita, a chorar. Uns baixam a cabeça. Outra professora que vai fazer a prova sugere que lá dentro peçam aos professores do quadro para não aceitarem vigiar a prova: "Tínhamos de entrar, se não não podemos candidatar-nos a dar aulas , mas está nas mãos deles ajudar-nos. Podem fazer greve”, diz.
Ao lado, Maria Ferreira chorava convulsivamente: “Não acredito que passei por cima dos meus colegas que estão a manifestar-se por nós, que estão a defender-nos". Diz que” partir do momento em que um entra têm de entrar todos” mas garante que não se perdoará.
Fenprof ameaça com tribunal
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) anunciou na terça-feira que o Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Funchal deferiu uma providência cautelar interposta por sindicatos, para impedir a realização da prova de avaliação dos professores. Mas a tutela garantiu ao PÚBLICO que não recebeu qualquer notificação e acrescentou que até recebeu uma outra sobre um indeferimento liminar de um pedido que tinha dado entrada no TAF de Coimbra.
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, ameaça recorrer ao tribunal. "Se até à hora de início da prova, o ministério da Educação não tiver accionado os mecanismos legais, que os tem, para apresentar essa resolução fundamentada nos tribunais, iremos junto do próprio tribunal suscitar o incidente, o que pode levar a uma multa ou até à própria anulação da prova”, avisou o sindicalista que se encontra frente à escola Marquesa de Alorna onde vários professores protestam, em Lisboa."
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