no observador...
"A Prova de Avaliação de Conhecimentos e Competências (PACC) foi realizada em quase todas as escolas onde estava previsto realizar-se, um saldo que constitui um claro triunfo político para Nuno Crato.
Contra o empenho de muitos activistas que ansiavam – mais ou menos
explicitamente – por “sarilhos”, a prova realizou-se mesmo. É certo que
houve alguns episódios verdadeiramente lamentáveis, como o verificado na
Escola Secundária Rodrigues de Freitas,
no Porto, onde cerca de duas dezenas de manifestantes entraram à força
na escola com apitos, tachos e megafones, para tentar inviabilizar a
realização da prova. Mas a vergonhosa imagem deixada por manifestantes –
ainda para mais alegadamente professores – dispostos a protagonizar a
invasão de uma escola em dia de prova acaba por reforçar o simbolismo e o
significado do sucesso conseguido na realização da PACC.
Para um observador mais distanciado da realidade portuguesa causará
certamente espanto que, quarenta anos depois do 25 de Abril de 1974, a
realização bem sucedida de uma mera prova para professores possa ser
classificada como um triunfo político, mas a verdade é que é mesmo. Ou
não fosse Portugal um país em que figuras como o “professor”
sindicalista Mário Nogueira (há quantos anos não dá uma aula?) continuam
a gozar de um protagonismo político-mediático quase absoluto.
Sem compreender o papel dos sindicalistas – em especial dos
sindicalistas que se encontram ao serviço da agenda política comunista –
torna-se difícil compreender a contestação gerada em torno da PACC.
Recorde-se que a prova foi inicialmente instituída no longínquo ano de
2007 por um executivo socialista que, no entanto, não a chegou a
aplicar. A sua realização na actual legislatura estava explicitamente
prevista no Programa do Governo. Ora, por muito que isso custe à
FENPROF, à CGTP, ao PCP e aos seus compagnons de route, Portugal é uma democracia e Mário Nogueira não é o ministro da Educação.
O activismo político dos sindicalistas comunistas explica uma boa
parte da contestação organizada à PACC. Mas seria errado negar que
existe também em alguns professores uma estranha aversão à realização de
exames. Se se pretende promover a qualidade do ensino e se há muitos
candidatos para um reduzido número de lugares no Estado, é lógico que se
tente seleccionar os melhores por meio de uma prova. Aliás, tendo em
conta os vícios tristemente habituais nos concursos públicos em
Portugal, a realização de exames nacionais para acesso a posições na
administração pública é provavelmente dos meios menos injustos para o
efeito. Mais ainda se tivermos em conta que as médias obtidas no ensino
superior são influenciadas pelos diferentes critérios e graus de
exigência das instituições que conferem o diploma.
Assim sendo, a principal crítica que se pode fazer à PACC é a de não
ter aplicação mais generalizada. À semelhança do que acontece em muitas
áreas em Portugal – em especial no Estado – o sistema protege quem está
instalado, mesmo que seja incompetente, e coloca máxima exigência aos
outsiders. O que não invalida que o princípio subjacente à realização da
PACC seja de saudar.
Podem ser feitas várias críticas ao desempenho de Nuno Crato – como
não ter promovido a liberdade de educação ou deixar praticamente
inalteradas na esfera do Ministério da Educação e Ciência estruturas
centralistas de tipo soviético – mas a implementação da PACC é uma marca
positiva que fica."
Professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa
aqui.
seria bom que dessem uma vista de olhos por alguns dos comentários por lá proferidos...
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