"Mais um episódio da teimosia e do revanchismo de um ministro que não tem condições para o ser
A
FENPROF saúda todos os docentes que participaram nas muitas reuniões
sindicais convocadas para a manhã de hoje em dezenas de escolas do
continente. Saúda todos os que, mesmo perante as pressões ilegítimas de
que foram alvo por parte do MEC, rejeitaram vigiar colegas compelidos a
realizar uma prova dita de avaliação que não tem qualquer justificação
séria. Saúda também todos aqueles que, tendo sido convocados para
fazerem a prova, recusaram a praxe humilhante a que Nuno Crato, a sua
equipa e o seu governo os quis, mais uma vez, submeter, afrontando e
desrespeitando toda a profissão docente.
Escolas públicas estiveram hoje vigiadas e ocupadas pela polícia,
situação inaudita no Portugal Democrático. Por ordens do MEC, foram
dificultadas e impedidas reuniões sindicais, em flagrante violação de
direitos constitucionalmente garantidos. Coação e intimidação serviram
para forçar professores a cumprir a injustificada vontade do MEC. Mais
uma vez, foi escandaloso o desrespeito do MEC pelas normas que ele
próprio estabeleceu e a completa indiferença por regras mínimas de
equidade. Registou-se a exclusão, até agora não explicada pelo MEC, de
candidatos, assim como muitos outros atropelos e irregularidades. Estas
são marcas indeléveis da prova que Nuno Crato voltou a querer aplicar a
professores profissionalizados, muitos já com anos de serviço,
sucessivamente avaliados no seu desempenho e repetidamente sujeitos a
períodos experimentais nos contratos a termo que têm celebrado com o
MEC.
Depois de um agendamento furtivo que violou prazos legais e que se
socorreu de expedientes como o da produção de efeitos de um despacho em
data anterior à sua publicação, tudo valeu para que, num ato de teimosia
e revanchismo sobre os professores, Nuno Crato voltasse à carga com a
sua PACC. No entanto, a luta dos professores respondeu de novo à
provocação, tornando claro que não se deixarão subjugar mesmo perante o
despotismo desta equipa ministerial.
Um ministro que assim se comporta, que atua com evidente falta de ética democrática, não tem condições para ocupar o cargo. Por maioria de razão, Nuno Crato deveria demitir-se.
As situações que ocorreram em muitas escolas são, de facto,
ilustrativas da falta de rigor e até de bom senso de quem quis que, a
todo o custo, a prova se realizasse. De norte a sul, as situações foram
as mais absurdas, algumas graves do ponto de vista legal e mesmo
democrático, pelo que a FENPROF irá, em muitos casos, agir no sentido de
ser desencadeada ação disciplinar, apresentando queixa na Inspeção
Geral de Educação e Ciência, e, em outros, junto do ministério público.
A prioridade, neste domínio, será apresentar queixa-crime contra o
diretor da DGEsT, tendo em conta o teor da circular que fez chegar às
escolas na segunda-feira, dando ordem aos diretores para que tomassem
medidas que, na prática, inviabilizariam a realização de reuniões
sindicais devidamente comunicadas.
Relativamente ao que se passou nas escolas destaca-se, desde logo, a
elevada participação de professores nas reuniões sindicais – em algumas
escolas como, há muito, não se via –, mas também, como antes se alude, a
coragem de quantos, estando convocados para a PACC, decidiram não se
submeter a mais esta humilhante prova.
Nas escolas, houve de tudo, desde salas praticamente vazias a
professores que foram tornados “reféns”, por vezes, à guarda da polícia.
Exemplos são muitos como se confirma pelo que a seguir se descreve:
Exemplos de Escolas onde as reuniões foram proibidas:
Escola Secundária S. Pedro (Vila Real)
Escola Secundária Inês de Castro (Gaia)
Escola Secundária Almeida Garrett (Gaia)
Escola Secundária de Valadares (Gaia)
Escola Secundária Filipa de Vilhena (Porto) (Nesta escola os professores elaboraram abaixo-assinado: “(…)os
direitos dos professores foram completamente desrespeitados pelo MEC,
pelo que os professores, coagidos pelas práticas antidemocráticas que se
estão a tornar recorrentes, vêm, por esta forma manifestar a sua
indignação e exigir a demissão desta equipa ministerial”).
Escola Básica Pêro da Covilhã (Covilhã)
Escola Secundária Quinta das Palmeiras (Covilhã)
Escola Secundária Fernão Mendes Pinto (Almada)
Escola Secundária D. Pedro V (Lisboa)
EB 2.3 Mário Beirão (Beja)
EB 2.3 Santa Maria (Beja)
Escola Secundária D. Manuel I (Beja)
Escola Secundária Diogo Gouveia (Beja)
Escola Secundária de Valadares (Gaia)
Escola Secundária Gabriel Pereira (Évora)
Escola Secundária André de Gouveia (Évora) – neste caso houve mesmo
agressão física e verbal por parte de agentes policiais contra os quais
foi apresentada queixa no DIAP
NOTA: Por norma, nestas escolas foram
identificados os responsáveis pela proibição de realização das reuniões e
chamados os agentes policiais para anotarem a ocorrência. Serão agora
desencadeados os necessários procedimentos legais.
Exemplos de escolas onde provas não se realizaram:
Secundária de Oliveira do Douro – Todos os vigilantes foram para a reunião sindical. Prova não se iniciou.
Agrupamento D. Afonso Henriques, Guimarães - Vigilantes
insuficientes; 38 professores convocados – 37 participaram na reunião
sindical, só 1 se apresentou. 3 salas, 1 vigilante por sala. O local da
prova foi mudado para a cantina; houve muito barulho fora da escola
(caixas e buzinas) e dentro da mesma (arrastar de mesas). Os colegas
foram de novo para as salas. Depois das 12 horas, foi comunicado que a
prova decorreria das 12h20 às 14h30. Professores recusaram, na sua
maioria, esta solução, pelo que, pouco depois a Direção, reconhecendo a
falta de condições, decide que a prova não pode ser realizada.
Escola Secundária de Santo André, Barreiro – Todos os vigilantes foram para a reunião sindical. Prova não se iniciou.
Escola B/S Santo António, Barreiro. Em quatro salas só funcionou uma porque os vigilantes participaram na reunião sindical.
Exemplos de escolas onde as provas se realizaram em condições irregulares:
Escola Secundária de Amares. Só foram convocados os
vigilantes estritamente necessários. Houve deslocação de examinados de
salas para a cantina e com a direção da escola a garantir a vigilância
da prova. A prova iniciou-se depois das 11 horas. Alguns colegas
contratados recusaram-se a fazer a prova nestas condições.
Escola Secundária Afonso de Albuquerque, Guarda.
Iniciou-se com atraso significativo e com protestos por parte de muitos
professores contratados. Os professores que protestavam foram isolados
dos seus colegas e mantidos numa sala até ao final da prova, À guarda de
agentes policiais.
Escola Secundária da Sé, Guarda. Houve intervenção
da direção da escola nas salas onde se realizava a PACC, intimidando
professores que reclamavam. As provas decorreram com a escola ocupada
por agentes policiais. Os professores que não puderam realizar a prova
em dezembro, foram impedidos de entrar na escola não constando os seus
nomes em qualquer lista.
EB 2.3 de Mundão, Viseu. A prova realizou-se com 3
vigilantes para 4 salas que deveriam ter 8 vigilantes. Deveu-se o facto à
participação dos professores na reunião sindical.
EB 2.3 de Abraveses, Viseu. Início tardio da prova.
Os professores foram convocados para “serviço de exames” e ameaçados de
falta injustificada, caso não respondessem à convocatória, exceto se
justificassem a ausência com atestado médico. O diretor ainda pretendeu
impedir e, depois, alterar o local de realização da reunião sindical,
mas perante a iminência de ser identificado pela polícia recuou nesse
intento.
Escola Secundária Alves Martins, Viseu. Professores
que não puderam realizar a prova em dezembro, foram impedidos de entrar
na escola por não sido notificados para a sua realização.
Escola Secundária Pinheiro e Rosa, Faro – Das 4
salas, em 2 a prova realizou-se com apenas 1 vigilante. Numa das salas a
prova só se iniciou às 10.50 horas saindo os últimos professores
contratados às 14 horas.
Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja – A prova só se iniciou já depois das 11 horas
Exemplos de baixa adesão por parte dos professores contratados à realização da prova. Alguns abandonando as salas outros não comparecendo à chamada, de que são exemplo as seguintes escolas:
Esc. Sec. Camilo Castelo Branco (Vila Real)
Esc. Sec. Morgado Mateus (Vila Real)
Esc. Básica 2,3 Diogo Cão (Vila Real)
Esc. Sec. Fernão de Magalhães (Chaves)
Esc. Sec. Dr. Júlio Martins (Chaves)
Esc. Sec. António Granjo (Chaves)
EB 23 do Viso (Viseu) – 80% dos docentes que deveriam realizar a prova não compareceu.
Esc. Sec. de Viriato (Viseu)
Esc. Sec. Alves Martins (Viseu)
EB 2.3 da Carreira (Leiria)
Esc. Sec. Pinheiro e Rosa (Faro)
Esc. Sec. Diogo de Gouveia (Beja)
O Secretariado Nacional da FENPROF
22/07/2014"
22/07/2014"
aqui.
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