no público...
"O vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, Jorge Buescu, considerou esta segunda-feira “surpreendente” que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) não tenha revelado ainda qual a segunda fórmula matemática que vai utilizar para ordenar os professores na Bolsa de Contratação de Escola. “Antes de publicar as listas, o MEC devia vir a público explicitar como está a resolver o problema da harmonização das escalas, por uma questão de transparência de um processo que se tem caracterizado pela opacidade”, frisou, em declarações ao PÚBLICO.
Em causa está a fórmula matemática usada para listar por ordem decrescente os 40 mil professores sem vínculo que se inscreveram na BCE, candidatando-se a dar aulas nos 304 agrupamentos de escolas com autonomia ou em Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP). Nos restantes concursos de colocação de professores a lista está ordenada com base na graduação profissional (a nota de curso, mais os anos de serviço mais uma bonificação pela avaliação de desempenho). Neste concurso em particular, designado por BCE, a legislação determina que a classificação é feita com base na graduação profissional (com a ponderação de 50 %) e com a avaliação curricular. Acontece que a lei não indica qual a fórmula matemática a utilizar e o MEC não adianta o que vai fazer. Apenas revelou, este sábado, que pretende " harmonizar as duas escalas, ambas com valores entre zero e vinte, numa regra de proporcionalidade”.
Em declarações ao PÚBLICO, o vice-presidente da SPM, Jorge Buescu, disse-se surpreendido com “a opacidade de que o MEC faz rodear este processo quando apenas existe uma forma matematicamente correcta de redefinir a escala da graduação profissional para zero a 20 mantendo, como se exige, a proporcionalidade e a ponderação de 50%".
E explica: “Verificando-se que uma das escalas (a relativa à graduação profissional) é aberta (porque não tem limite superior) e a outra é fechada (sempre entre 0 e 20), a única solução é procurar, no universo de todos os professores concorrentes, quais os valores máximo e mínimo de graduação profissional; tomar o valor mínimo de graduação profissional para zero da escala e o valor máximo como 20; converter proporcionalmente as notas graduação profissional de todos os professores para esta nova escala de 0 e 20; e, finalmente, calcular a média aritmética (com estas harmonizações) das notas da graduação profissional e da avaliação curricular”.
“Todas as alternativas provocam distorções nos resultados, pelo que a solução tem de ser esta. Não vejo, por isso, que razões possa ter o MEC para não a divulgar, assim como não entendo a demora na reelaboração das listas – com computadores isto resolve-se numa hora”, afirmou Jorge Buescu, frisando que a matéria “faz parte de um bem estabelecido ramo da Matemática e Teoria da Decisão, a Análise Multicritério, desenvolvido precisamente para concursos em que é necessário ponderar vários critérios”."
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