Dizia-se que só há uma maneira de acabar uma vida honesta com uma pequena fortuna: é começar-se com uma grande.
Hoje, sabe-se que o cândido Ricardo Salgado, líder do BES, desobedeceu 21 vezes ao Banco de Portugal, segundo as conclusões da Auditoria Forense encomendada à Deloitte. 21 vezes, entre Dezembro de 2013 e Julho de 2014, uma média de três desobediências por mês. Além disso, praticou atos de gestão ruinosa. Pergunta certeira do Pedro Santos Guerreiro: no BES eram todos muito inteligentes, ou muito burros? A
minha resposta seria: eram todos muito impunes... pelo menos até
agora. Daqui para a frente ver-se-á se são descobertos e como são
tratados todos os autores dos crimes indiciados pela auditoria: burla. fraude, manipulação de contas, falsificação de documentos, enfim um largo cardápio. Está tudo no site do Expresso.
Ainda sobre o BES, mas agora na vertente em que a PT foi destruída, após Zeinal Bava foi ontem a vez de o meu homónimo Granadeiro ir à Comissão Parlamentar de Inquérito. Como ele, também eu juro por Deus (mas não pelo Espírito Santo) que não sei de nada… nem disto nem de nove mulheres grávidas ou uma mulher grávida de nove meses. Mas menos ainda compreendo como se põem 897 milhões de euros numa única empresa,
ainda por cima… hum… seriamente prejudicada, para não dizer falida. O
que me diferencia dele, é que eu também não sei se a culpa foi de Amílcar Morais Pires, ou se Bava conhecia o negócio de trás para a frente. E presumo que, no fim da Comissão, ficaremos todos na mesma. Pessimismo meu, com certeza.
É natural que isto ainda vá dar muito que falar. Até no BPN, dizem os respetivos advogados, nem caso de burla devia haver, pelo menos no que toca ao ex-ministro de Cavaco Silva Arlindo Carvalho, um entre os oito arguidos de um dos processos relacionados com aquele banco que começou ontem a ser julgado,
Já Salgado, sabendo que tudo o que um homem deixa é a sua reputação, há de ter uma explicação convincente para o que se passa. José Sócrates, por exemplo, já a deu, ao explicar a razão da sua detenção e das suspeitas que sobre ele recaem: trata-se de um caso político. Ele é um preso político (e não um político preso) e acusa Passos Coelho de estar "próximo da miséria moral". A carta de quatro parágrafos do ex-primeiro-ministro foi difundida pela TSF e publicada esta manhã nos dois jornais do mesmo grupo de media presidido pelo seu advogado Daniel Proença de Carvalho - DN e JN.
O ataque do ex ao atual é assumido como uma resposta a um discurso do
atual em que o nome do ex não é referido. Mas a vida é assim e sobre as trapalhadas com a Segurança Social na vida de Passos Coelho, convenhamos que o atual primeiro-ministro mais parece um parafuso: quanto mais voltas dá, mais se enterra.
Não sei se pelo facto de o ex já estar mesmo quase todo enterrado com
as voltas que deu, o certo é que o atual líder da Oposição, António Costa, também anda com mau feitio, como se constata pela reação a uma repórter da SIC que lhe pedia para reagir aos processos de Passos na Segurança Social
Mas há mais: depois dos 'Vistos Gold', surge agora um esquema de falsificação de documentos sobre dívidas de empresas; e em Lisboa o perdão ao Benfica ainda dá que falar... enfim, há de tudo para investigar, esclarecer e julgar. Hoje é daqueles dias que a vida pública portuguesa nos enoja...
OUTRAS NOTÍCIAS
Paulo Pereira Cristóvão só vai ser ouvido hoje. Se os indícios que
lhe apontam são verdade é um bom motivo para a PJ se interrogar como
teve tal personagem nas suas fileiras. E, já agora, o Sporting (que
começa hoje a discutir um lugar na final da Taça de Portugal), além de
se demarcar, podia também repudiar o seu comportamento...
O Euro atingiu ontem a sua cotação mais baixa
face ao dólar, nos últimos 11 anos. Bom para as exportações, mau para
as importações. Como tudo na vida, há sempre dois pontos de vista.
A propósito de notas, o Banco do Canadá pede que deixem de adaptar a cara de Wilfrid Laurier, que consta na nota de cinco dólares, à figura de Mr Spock, da série e filme Star Trek.
E há um português (há sempre um português), José Neves, que conseguiu pôr uma empresa tecnológica virada para o luxo a valer mil milhões de dólares. É a Farfetch. A história lê-se no Expresso e no Financial Times
FRASES
“A
Espanha e Portugal não tiveram um plano maléfico para derrubar o
governo grego. Se Mariano e Pedro tivessem esse plano, eu interviria,
mas as suas intenções são boas", disse Jean Claude Juncker. É sempre bom saber que Jean, se preciso for, põe o Mariano e o Pedro na ordem.
“Passos deve pedir desculpa aos portugueses” afirmou Santana Lopes
na SIC. É verdade, não só da trapalhada da Segurança Social como da
ideia que pôs a correr segunda a qual podia apoiar Santana para Belém.
“Estamos a devolver o sentimento de ambição ao sistema financeiro português” afirmou o porta-voz de Isabel dos Santos,
filha do presidente angolano, a propósito da fusão BPI/BCP. Sempre me
pareceu que isto tinha mais a ver com amor por Portugal do que com
interesses financeiros…
"A senhora não pode aparecer de trás de um carro e começar a fazer perguntas", afirmou António Costa
a uma repórter que, na rua. lhe pedia uma reação ao caso do
primeiro-ministro com a Segurança Social. Por aqui se vê que há regras
que só se aplicam quando convém...
O QUE DIZEM OS NÚMEROS
Em Portugal, 2013, diz o Pordata, houve 31693 casamentos heterossexuais e 305 homossexuais. Já divórcios, houve, ao todo 22525, no mesmo ano. Ou seja há 70,4 divórcios por cada 100 casamentos, percentagem, mesmo assim, inferior à registada em 2011.
Outro dado – as mulheres, que nos anos 60 se casavam, em média com 24,3 anos, casaram-se em 2013 com uma média de 30,2 anos. Nesse ano, o último em que há dados fechados, foi a primeira vez que a idade média de casamentos nas mulheres ultrapassou os 30 anos. Quanto aos homens, passaram de 26,6 anos em média, em 1970, para 31,7 em 2013. A fonte continua a ser o Pordata.
O QUE EU ANDO A LER
Um livro que comecei há tempos, interrompi, e agora voltei a ele. De Thomas Sowell, Economic Facts and Fallacies (o que pode ser traduzido por Factos e Falácias Económicas). Sowell, um economista de Stanford, descreve uma série de falácias e factos que se tornaram lugares-comuns mesmo entre os economistas. Dois exemplos, um de factos e outro de falácias. Facto: “A mais importante razão para as mulheres terem salários inferiores ao dos homens
não está no facto de receberem menos para fazerem as mesmas coisas, mas
sim no facto de não fazerem as mesmas coisas, estarem distribuídas de
forma diferente pelos empregos e trabalharem, no geral, menos horas”.
Falácia: Se a desigualdade aumenta é porque a pobreza aumenta.
Ora a desigualdade pode aumentar com os mais pobres a ficarem menos
pobres. Se um rico ganha 100 e um pobre 10 e o rico for aumentado 10% e o
pobre 20, a desigualdade, que era de 90, passa a ser de 98 e o pobre
está menos pobre.
O livro é provocatório e bom para mentes abertas. Infelizmente só há em inglês, mas tem aqui um resumo em português.
E é tudo esta manhã.
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