Resultados da Sondagem: É a favor dos trabalhos de casa?by Alexandre Henriques |
Ficam os resultados da sondagem semanal e o comentário exclusivo do Paulo Guinote.
Trabalhos Esforçados
Com
o passar dos tempos e a evolução que as coisas tiveram em matéria de
quotidiano nas escolas e na vida das famílias deixei de ter – se alguma
vez tive – uma crença muito forte e inabalável nas vantagens ou
desvantagens dos trabalhos de ou para casa.
Acho
que alguns são úteis, até podem ajudar a envolver os pais/encarregados
de educação na vida familiar dos seus filhos/educandos, e discordo
daqueles anátemas que os pretendem banir a todo o custo. Mas também acho
que, em diversas situações, me parecem desnecessários ou irrelevantes
para as aprendizagens dos alunos. Assim como acho que há disciplinas que
ganham alguma coisa com a realização de exercícios fora das aulas,
desde que depois devidamente verificados em aula (ocorre-me o caso da
Matemática) ou com a realização de algumas pesquisas adicionais sobre
temas que é mais complicado abordar de forma mais aprofundada no tempo
disponível com 30 alunos. Mandar fazer a cópia de páginas de manuais a
alunos do 3º ciclo ou tarefas cuja complexidade ultrapassa em muito as
competências dos alunos do 1º ciclo, exigindo obrigatoriamente a
intervenção de adultos, são extremos ridículos que só revelam a falta de
bom senso de quem as manda. Até porque há trabalhos que se justificam
num ciclo de escolaridade e não em outros e tudo exige alguma atenção e
coordenação, quando são exigidos de um dia para o outro trabalhos para 3
ou mais disciplinas diferentes, cruzando-se com testes, etc, etc.
O
que escrevi pode parecer óbvio, mas a verdade é que bom senso anda a
escassear e um certo egoísmo a imperar, quase como reacção ao que se
percepciona como um crescente desinteresse e irresponsabilidade dos
alunos, fenómeno que (afinal) é recorrente de geração em geração. O que
significa que nem saberia muito bem como responder à questão desta
semana.
Por
tudo isto, prefiro dizer o que faço nestas matérias, como estratégia
pessoal e não como fórmula mágica e generalizável. Lecciono Português e
História nos 2º e 3ºciclo, pelo que não pretendo ensinar o que fazer a
colegas do 1º ciclo ou a quem leccione Geologia ou Geometria Descritiva
no Secundário. Mesmo se algumas ideias possam er úteis, nem que seja
para serem contraditadas.
Como
regra, não envio trabalhos de casa aos meus alunos, muito menos de um
dia para o outro, a menos que seja completar qualquer tarefa que não
conseguiram terminar na sala de aula (uma composição que ficou a meio,
por exemplo). Os trabalhos que peço são normalmente com prazos mais ou
menos alargados, a realizar em uma ou duas semanas. Procuro saber se já
têm outros, de outras disciplinas, no mesmo período e vou consultar a
tabela de testes marcados. Agora é tudo digital, é rápido colhermos a
informação sem depender do simples testemunho dos alunos. Claro que
parto do princípio que todos os colegas registam essas coisas e não as
andam a mudar.
As
tarefas que solicito, para além das tais tarefas por acabar, são quase
sempre destinadas a consolidar ou aprofundar um determinado conteúdo ou
são das diversas opções. Algumas podem tornar-se mini-trabalhos em
pequeno grupo (2-3 alunos). O seu peso na avaliação final da disciplina é
pouco significativo, servindo mais como informação complementar à
observação directa em aula acerca do envolvimento dos alunos no
acompanhamento das aulas e realização das tarefas. No caso de Português,
com 3 blocos semanais de 90 minutos, que me desculpem, mas julgo que há
tempo para resolver quase tudo o que há a resolver, salvo casos
excepcionais. No caso de História, com 3 tempos de 45 minutos, é
claramente mais complicado quando se tentam transmitir conhecimentos
sobre vários séculos e desenvolver competências ligadas à exploração de
diversos tipos de fontes e documentos.
Mas,
como já escrevi, os trabalhos para casa são, para mim, um recurso
secundário. Até porque eles de pouco ou nada servem se não forem
verificados e eu não gosto de ser daqueles que apenas faz a cruzinha na
agenda por ver umas linhas escritas no caderno sem as analisar. E, para
isso, prefiro realizar e acompanhar a tarefa toda na sala de aula. São
formas de encarar as coisas que eu já tinha antes de ser encarregado de
educação e estar do “outro lado” a apreciar as diversas práticas neste
particular.
Em
resumo… nem veto aos tpc, nem fé cega na sua imposição a qualquer
preço. Como escrevi, prefiro o bom senso que – sei que é feio avaliar em
causa própria – ainda não me abandonou por completo nestes tempos de
alguma desorientação e frustração sobre o sentido profundo da Educação.
Nas escolas e nas famílias.
no com regras...
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