"Esta semana, o Eurostat divulgou os valores do
desemprego para o mês de novembro. Em Portugal, manteve-se nos 16,3% do
mês anterior. Numa leitura superficial dos dados, até nos podemos sentir
tranquilizados porque os desempregados não aumentaram.
Contudo,
os dados do Eurostat não são animadores. O número dos desocupados
continua a ser o mais alto atingido em Portugal, e o nosso país continua
a ser o terceiro, logo a seguir à Espanha e à Grécia, com a maior taxa
de desemprego. Mesmo uma leitura mais aprofundada dos números não nos dá
conta das pessoas nem dos dramas que eles escondem.
Há
dias foi-me relatado o caso de um engenheiro que aos cinquenta anos se
vê confrontado com a situação, igual à de tantos, de ser demasiado novo
para ir para a reforma e demasiado idoso para ser contratado. Perdeu o
emprego, a esperança e até a vontade de viver. Readquiriu um novo alento
ao aceitar a hipótese de sair do País para trabalhar.
No
início da semana, um professor com 35 anos de carreira, até ao ano
passado efetivo numa escola do Nordeste Transmontano, viu-se obrigado,
aos 57 anos, a abandonar a família e a emigrar para Timor-Leste, onde
conseguiu uma colocação. São dois dos muitos portugueses que se veem
obrigados a sair do País, contribuindo para o aumento da taxa de
emigração.
Bento XVI, na Mensagem para a Jornada
Mundial do Migrante e do Refugiado, que a Igreja celebra no próximo
domingo, diz que "antes do direito a emigrar há que reafirmar o direito a
não emigrar, isto é, a ter condições para permanecer na própria terra".
As estatísticas escondem as inúmeras famílias desfeitas, filhos que
crescem longe dos pais.
Está na hora de os nossos
políticos olharem para as taxas de desemprego e de emigração e lerem
nelas o sofrimento que as políticas levianas da austeridade, "do custe o
que custar", estão a provocar. A questão não é ideológica, muito menos
partidária: a austeridade é válida se, no final, ajudar a diminuir o
défice e a dívida – mas não é isso que está a acontecer. Está na hora
dos partidos se entenderem em pactos de regime que – respeitando os
compromissos assumidos – tornem de novo possível a fixação de recursos e
a criação de riqueza."
aqui.
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