"Há relatos de dezenas de escolas aonde não foi possível realizar a prova de avaliação de conhecimentos de professores contratados. A greve, os protestos e os boicotes lançaram o caos nas escolas. O Ministério da Educação e Ciência (MEC) garante que haverá nova data para quem não fez o exame hoje.
A prova estava marcada para as 10h30, mas pouco depois das 11h já circulavam pela internet fotografias do enunciado e no Barreiro as folhas passavam de mão em mão à porta da escola. A essa mesma hora, muitos professores não tinham ainda começado o exame. Alguns recusavam-se a entrar nas salas, outros deparavam-se com salas sem vigilantes suficientes.
Foi o caso da Escola Filipa de Vilhena, no Porto, onde, segundo o relato feito no Blog de Ar Lindo, ao início da manhã havia 100 docentes na cantina à espera de começar a prova. Sem vigilantes suficientes, a solução passou por juntar os professores em mesas redondas de quatro.
Noutros locais do país, a prova simplesmente não se realizou ou por falta de comparência dos destacados para a vigilância – a Fenprof reclama uma adesão à greve superior a 90% - ou por boicote dos docentes com cinco ou menos anos de experiência que, apesar de inscritos, recusaram-se a realizar o exame.
Em Faro a imagem de uma sala vazia, com a as mesas deitadas no chão com as pernas para cima, colocada no Blog de Ar Lindo, ilustra bem o que aconteceu: a prova não se realizou.
O Agrupamento de Escolas de Ponte de Lima – com uma adesão à greve de 100% -, os Agrupamentos Sebastião da Gama e Barbosa do Bocage em Setúbal, a Marquês de Alorna (Lisboa), o Restelo (Lisboa), os Olivais (Lisboa) e Santa Maria Maior (Viana do Castelo) são apenas alguns dos exemplos de escolas onde não se realizou a prova, recolhidos pelos blogues de Paulo Guinote e Arlindo Ferreira.
Em Mirandela, 90% dos professores inscritos acabaram por não entrar na escola para fazer o exame. E em várias escolas do Porto, Gaia, Coimbra e Lisboa a prova realizou-se em apenas algumas das salas previstas.
Os protestos realizados em frente à Escola Infanta Dona Maria, em Coimbra, e da Marquesa de Alorna, em Lisboa, levaram mesmo à intervenção da polícia, para ajudar os contratados que iam entrar para fazer a prova a passar pelos que à porta se manifestavam.
Há relatos de professores a entrar nas escolas em lágrimas por romper os protestos dos colegas e mães que levaram os bebés de meses para a sala da avaliação por estarem em licença de maternidade e o Ministério da Educação não ter dado outra solução a quem estava nesta situação.
O facto de a prova não se ter iniciado à mesma hora em todo o país, de não haver vigilantes em número suficiente e de o enunciado circular antes da hora de fim do exame são irregularidades que podem pôr em causa a validade desta avaliação.
MEC vai anunciar nova data para a prova
Às 13h, o secretário de Estado João Grancho fez uma breve declaração sem direito a perguntas para anunciar que haverá uma nova data, ainda por definir, para todos os professores que, querendo, não conseguiram realizar a prova esta quarta-feira.
Grancho explicou que a prova pretende «valorizar» a profissão docente e recordou que esta apenas se destina a professores não pertencentes aos quadros do Ministério com cinco ou menos anos de experiência.
Apesar da confusão que se viveu hoje de norte a sul do país, João Grancho usou a expressão «normalidade» para descrever o dia da prova e garantiu que esta se realizou na maioria das escolas do país.
O secretário de Estado recusou-se, porém, a responder a qualquer pergunta e não avançou números sobre quantos docentes terão hoje feito o exame."
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