"Nas faculdades, estudam-se textos e obras que são como mesas ou cadeiras sem pernas que as sustentem. No mercado, no meio literário e na comunicação social, promovem-se autores que mais valia serem carpinteiros. O mundo da verdadeira originalidade está a desabar? Nem tanto. Se “o estudo da mediocridade gera mediocridade”, a celebração dos génios gera respeito pela genialidade. Ainda há guerreiros que sustentam em ombros os cumes literários mais sublimes, povoados por gigantes: Shakespeare, Dante, Cervantes, Proust, Joyce, Milton, Goethe, Tolstói, Stendhal, Homero e companhia.
Aos 72 anos (hoje tem 83), o norte-americano Harold Bloom publicou Génios: os 100 autores mais criativos da história da literatura. Na sequência do majestático Cânone Ocidental (1994), fica para a história como o papa da crítica literária classicista deste e do século passado.
Bloom é, como George Steiner, um judeu, educado numa veneração disciplinada da palavra, hoje raríssima. A sua cultura livresca é abrangente, esmagadora, mas nunca se negou a pôr-se de joelhos, por exemplo, perante Shakespeare, “o génio supremo”, capaz até de influenciar a rota da natureza humana. Interessa-lhe “o uso da literatura para a vida”, a capacidade das mentes criativas mais exemplares aumentarem a percepção dos comuns mortais. À revelia dos muitos académicos que se “converteram em niveladores culturais imunes ao espanto”, Bloom garimpa a essência da originalidade mais arrebatadora, sempre vital, “sempre canónica, na medida em que reconhece e se concilia com os seus precursores”.
Génio pede tempo de digestão para cada raciocínio, referência ou ligação. O autor inicia-nos na sua “religião da literatura”. Arruma os cem criadores seleccionados (todos mortos) segundo as dez Sefirot da Cabala, metáforas herméticas para o trabalho da criação. No altar, não há nem religiões, nem igrejas, nem historicismos, nem biografismos, nem estruturalismos; só a influência de mentes geniais sobre si mesmas. O “génio é o Deus interior”, transcendência que nasce com alguns homens e permanece depois deles, como luz reflectida; uma “entidade desconhecida para quase todos os nossos actuais explicadores”, mas independente e inviolável."
O génio do livro - Cultura - Sol
Aos 72 anos (hoje tem 83), o norte-americano Harold Bloom publicou Génios: os 100 autores mais criativos da história da literatura. Na sequência do majestático Cânone Ocidental (1994), fica para a história como o papa da crítica literária classicista deste e do século passado.
Bloom é, como George Steiner, um judeu, educado numa veneração disciplinada da palavra, hoje raríssima. A sua cultura livresca é abrangente, esmagadora, mas nunca se negou a pôr-se de joelhos, por exemplo, perante Shakespeare, “o génio supremo”, capaz até de influenciar a rota da natureza humana. Interessa-lhe “o uso da literatura para a vida”, a capacidade das mentes criativas mais exemplares aumentarem a percepção dos comuns mortais. À revelia dos muitos académicos que se “converteram em niveladores culturais imunes ao espanto”, Bloom garimpa a essência da originalidade mais arrebatadora, sempre vital, “sempre canónica, na medida em que reconhece e se concilia com os seus precursores”.
Génio pede tempo de digestão para cada raciocínio, referência ou ligação. O autor inicia-nos na sua “religião da literatura”. Arruma os cem criadores seleccionados (todos mortos) segundo as dez Sefirot da Cabala, metáforas herméticas para o trabalho da criação. No altar, não há nem religiões, nem igrejas, nem historicismos, nem biografismos, nem estruturalismos; só a influência de mentes geniais sobre si mesmas. O “génio é o Deus interior”, transcendência que nasce com alguns homens e permanece depois deles, como luz reflectida; uma “entidade desconhecida para quase todos os nossos actuais explicadores”, mas independente e inviolável."
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