no expresso diário...
"Resultados da prova de avaliação para docentes
contratados foram conhecidos ontem. Chumbaram 15% dos 10.200 que a
realizaram. No exercício de escrita, um terço deu três ou mais erros
ortográficos
TEXTO JOÃO MIGUEL SALVADOR e ISABEL LEIRIA
Sem se conhecer em detalhe em que tipo de
exercícios se saíram melhor ou pior os 10.200 candidatos à docência que
estrearam a prova de avaliação de conhecimentos para professores
contratados, há uma fragilidade que ficou desde já à vista. Escrever um
texto sem erros, ainda que relativamente pequeno (entre 250 a 350
palavras), não é fácil para um número significativo de professores.
...
“Os resultados não me surpreendem nada. O que não quer
dizer que não me deixem triste. Mas já estava à espera. Vejo alguns
manuais escolares com erros; leio textos na imprensa com erros; e vejo
por alguns estudantes que passam na minha licenciatura de Jornalismo e
que têm dificuldades na escrita”, comenta Ana Teresa Peixinho,
professora de Língua Portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade
de Coimbra.
Conhecedora da realidade dos jovens que chegam ao
ensino superior (os candidatos que tiveram de fazer a prova podem não
ser recém-licenciados, mas têm todos menos de cinco anos de serviço),
Ana Teresa Peixinho critica o nível de preparação com que chegam à
universidade e interroga-se como é que alguns dos estudantes conseguem
ingressar com médias elevadas, ter boas notas no exame de Português do
12º e apresentar depois tantas dificuldades na construção de um texto.
“Não estou a falar só de erros ortográficos, que são
graves, ou da utilização de siglas e abreviaturas. Estou a falar de uma
incapacidade cada vez maior de construir um texto. Os jovens
habituaram-se a escrever em registo de SMS, Twitter ou Facebook, em que
usar 30 palavras já é muito. Uma pergunta que exige uma resposta mais
desenvolvida muitas vezes é dada em três parágrafos, quando há
parágrafos. E têm depois dificuldade em apresentar e aprofundar um
pensamento por escrito. Há uma grande superficialidade nos textos. Outro
problema grave é a pobreza lexical e o domínio do vocabulário”, aponta
ainda."
aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário