de catarina fernandes martins... no observador...
"Num ranking de
eficiência educativa divulgado no início de setembro pela consultora
GEMS Education Solutions, que analisou dados sobre despesa em educação
nos últimos 15 anos, Portugal aparece em 24º lugar num total de 30
países e é considerado um país “mais eficaz do que eficiente”.
Este “índice de eficiência” analisou o impacto dos gastos em Educação
nos resultados obtidos pelos países nos testes PISA, que avaliam a
performance matemática, científica e as competências de leitura de
estudantes de 15 anos. O objetivo foi perceber quais são as componentes
do sistema educativo que têm um impacto mais significativo no desempenho
dos alunos, representando, desta forma, um melhor investimento para os
governos.
Utilizando a posição no PISA para medir a performance dos alunos, as
conclusões parecem, à primeira vista, não surpreender. Países como a
Finlândia e a Coreia do Sul que, ano após ano, surgem nos primeiros
lugares do ranking, aparecem aqui como os mais eficientes. O Brasil e a
Indonésia, que surgem normalmente mal colocados nos testes, mostram-se
pouco eficientes.
Mas o objetivo deste ranking de eficiência era fazer uma comparação entre a posição dos países no PISA e os recursos disponíveis
nesses países para a Educação. Assim, e tendo em consideração os
salários dos professores e o rácio de alunos por professor (indicadores
que, de acordo com a consultora responsável pelo estudo, são os únicos
com um impacto material nos resultados no PISA), países como a República
Checa e a Hungria aparecem no topo da tabela da eficiência. Surgem
mesmo à frente de países como a Suíça ou a Alemanha, onde os salários
pagos aos professores são mais elevados.
De uma forma geral, os países mediterrânicos são pouco eficientes,
com a Itália, a Espanha, a Grécia e Portugal a surgirem em lugares
próximos no ranking. Entre aqueles que mais gastam em Educação, os
Estados Unidos surgem em primeiro lugar, canalizando cerca de cinco
vezes mais recursos para o setor do que qualquer outro país analisado.
No entanto, isto não se traduz numa maior eficiência, de acordo com o
ranking da GEMS, onde os EUA surgem em 19º lugar.
O estudo concluiu que, nos últimos 15 anos, o sistema educativo
finlandês foi consecutivamente o mais eficiente, acabando por ser
considerado o padrão a partir do qual se devia definir a eficiência
máxima. Imediatamente a seguir está a Coreia do Sul que, de acordo com o
relatório, apresenta dados semelhantes à Finlândia. Ambos os países
estão no topo da lista nos testes PISA, pagam salários moderados aos
seus professores e apresentam rácios de professor por aluno
relativamente elevados.
Partindo do exemplo finlandês, a GEMS acredita que todos os países
poderiam melhorar o seu sistema educativo, aumentando ou diminuindo os
salários dos professores, ou alterando o rácio de alunos por professor. Para Portugal, a consultora sugere uma redução salarial de 10,8%
no salário médio anual dos docentes portugueses (que ronda os 26,713
euros e que poderia, de acordo com as sugestões do estudo, baixar para
23,817 euros), ou um aumento do número de alunos por turma,
modificando o rácio de alunos por professor de 7,6 para 10,6. De acordo
com as características do país, a solução ideal para Portugal seria
esta última, preferível em termos de eficiência, à redução salarial dos
docentes. Apesar de estes números terem sido apresentados em 2014, os
últimos dados foram recolhidos em 2011. Um relatório divulgado pela
OCDE no dia 9 de setembro revelou que em Portugal já há um professor
para cada 10 alunos, um valor que se aproxima significativamente da
sugestão feita pelo estudo da GEMS.
A última secção do estudo sobre eficiência educativa debruça-se sobre
a oposição entre qualidade e eficiência, tentando encontrar a resposta
para a seguinte pergunta: “Deviam os sistemas lutar pela eficiência,
pela qualidade, ou pelos dois?”. A resposta não é óbvia e varia de país
para país, dependendo dos contextos específicos. Neste sentido, o estudo
coloca Portugal no grupo de países que são mais eficazes do que
eficientes e que acabam por ter gastos excessivos com a Educação, seja
porque dão prioridade aos resultados em detrimento dos custos, ou porque
as vantagens desses sistemas podem não ser detetadas nos testes PISA.
Para além de Portugal, países como a Áustria, a Bélgica, a Dinamarca, a
Alemanha, a Irlanda, a Itália, a Holanda, a Espanha e a Suíça fazem
parte deste grupo."
aqui.
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