|
|
Por Martim Silva
Editor-Executivo
|
|
|
2 de Julho de 2015 |
|
Vaga de calor atinge pico no domingo
Bom dia,
As fichas para as voltinhas na montanha-grega não chegam ao fim e as emoções sucedem-se. As reuniões frenéticas dos últimos dias foram interrompidas até ao referendo de domingo. Foram mesmo? Tsipras fez saber que aceitava as exigências dos credores mas depois insistiu no referendo, e no “não” na consulta, no que foi secundado pelo seu ministro Varoufakis. Ao mesmo tempo, depois das sondagens que davam a vitória ao “não”, agora surge outra a colocar o “sim” na frente. Gregos e instituições europeias não se entendem mas as divisões já não ultrapassam os 600 milhões de euros. Por cá, referência breve para Passos, que ontem jurou aos santinhos todos que não foi Portugal a colocar dificuldades à Grécia nas reuniões do Eurogrupo. O Público secunda a tese, dizendo que os países mais duros foram Eslovénia, Eslováquia e Letónia.
Na vertigem dos acontecimentos, e feito este mini-resumo do que se passa, hoje proponho um exercício diferente: Deixo-lhe seis artigos essenciais para perceber o que se está a passar e, sobretudo, o que ainda poderá acontecer (e não recorro a ajudas de cartomantes). São leituras menos imediatas, menos noticiosas, mas seguramente não de menor valor.
1. Um pequeno “roadmap” feito pela Bloomberg explica o que pode acontecer com o referendo. Se ganhar o não e houver negociações; se ganhar o não e houver grexit; se ganhar o sim e houver negociações e um acordo; ou até se ganhar o sim mas não houver acordo. Simples, fácil de ler, imperdível.
2. Os três cenários para a Grécia e a Zona Euro, feitos pelo Wall Street Journal, dos mais optimistas (tudo regressa à normalidade) até aos mais apocalípticos.
3. A Vanity Fair propõe uma espécie de guia prático de frivolidades para perceber a crise.
4. Quem é verdadeiramente Alexis Tsipras e quais as facetas que o compõem?
5. As tensões na coligação de governo crescem e os cortes militares são uma das razões. O ministro da Defesa, Kammenos, é também o líder dos Gregos Independentes, que se aliou ao Syriza.
6. Quem é Kaminis, o autarca de Atenas que está a ser o verdadeiro general da campanha pelo “sim” no referendo?
O que se passa por cá com os socialistas merece ainda um destaque particular. Porque a agitação é grande.
O DN titula hoje na capa “A noite em que Costa quase avançou para a liderança do PS”, a propósito de uma biografia do secretário-geral. E o i entrevista Sousa Pinto, da direcção socialista, que diz que votaria não no referendo grego (mais uma acha para a divisão interna). António Costa garante que não vai haver “limpeza” de seguristas nas listas de deputados. Ao mesmo tempo, perante toda a poeira, procura afastar o debate dos temas mais polémicos (Grécia e caso Sócrates) e começa a preparar o debate do Estado da Nação no Parlamento, já para a semana.
Mas eis que, ontem, surgiu mais uma daquelas declarações que se tem como objetivo fazer assentar a poeira, tem como resultado levantá-la ainda mais: Mandando às urtigas aquele princípio da prudência de que não se deve legislar a quente nem para responder em curso, Carlos César, presidente do PS, veio defender na Antena 1 a alteração da lei para impedir que alguém seja detido sem que a acusação judicial esteja pronta... hummmmm, será que há alguém nestas condições nesta altura?
OUTRAS NOTÍCIAS
CÁ DENTRO,
-As temperaturas vão subir, e muito nos próximos dias. Mas será ou não caso para falarmos de nova vaga de calor em Portugal?
-Depois de Balsemão ter anunciado o apoio a Rui Rio para as Presidenciais, quem é que se picou e reagiu? Adivinhem… o prof. Marcelo, claro está.
-A nova lei do álcool, que proíbe o consumo a menores, ainda ontem entrou em vigor mas já é criticada. A Associação de Bares diz que só vai servir para aumentar o fenómeno do botellon.
-A Porsche bate recordes de vendas em Portugal.
No desporto,
-Ontem foi o dia de apresentação do novo treinador do Sporting, que até se comoveu com as imagens do pai que apareceram nos ecrãs de Alvalade. Além disso, Jesus prometeu que a partir de agora há três candidatos ao título.
-Destaque para a primeira parte da reportagem sobre Vieira e o Benfica, que ontem foi para o ar na SIC.
-A UEFA designou o melhor jogador do Europeu de Sub-21, que Portugal perdeu na final. É português, usa bigode, falhou um pênalti. Quem é?
-A final do Mundial feminino de futebol vai jogar-se entre os EUA e o Japão.
-O novo treinador do Braga vai ser Paulo Fonseca, ex- Porto e ex-Paços.
LÁ FORA,
-O histórico reatar de ligações entre Cuba e os EUA já tem data marcada: dia 20 de julho, com John Kerry a visitar Havana.
-A Ucrânia lidera o ranking mundial das economias com pior performance este ano. Na tabela estão também países como a Rússia e o Brasil.
-O antigo presidente do governo espanhol Felipe Gonzalez anunciou a intenção de regressar à Venezuela (a última visita foi muito polémica) ainda antes das eleições de dezembro.
-Depois da decisão da semana passada nos EUA, agora são os australianos que se preparam para alterar a legislação sobre o casamento gay.
-Nas presidenciais americanas, ou melhor, no folclore que antecede a luta a sério, Donald Trump causa sucessivas polémicas. Sejam declarações sobre imigrantes, sejam frases a sublinhar que o golf deve ser deixado para as elites ricas.
-A 1 de julho (eu sei, foi ontem) de 1979 era comercializado o primeiro walkman da Sony. Quem nunca teve um?
- E há 150 anos surgiu Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol.
NÚMEROS
1,6
milhões de euros é o valor pelo qual foi licitado um quadro de Paula Rego, um novo recorde para a pintora portuguesa.
640
O filho de Leonard Nimoy, o célebre Spock, já angariou os 640 mil dólares necessários para poder concluir o documentário sobre o pai, que deve estar pronto para o ano.
45
milhões de dólares angariados por Hillary Clinton nos primeiros três meses como candidata presidencial nos EUA. Um valor que é um recorde absoluto e supera em 4 milhões a anterior marca, de Obama. Um sinal auspicioso para a sra. Clinton, sabendo-se da importância do dinheiro nas campanhas americanas.
9
Nove por cento é a taxa inacreditavelmente baixa de aprovação da presidente Dilma Rousseff nesta altura no Brasil, com a estagnação económica e os escândalos de corrupção a minarem o seu consulado.
60
milhões de dólares é quanto vale Gordon Ramsey, o chef melhor colocado (21ª posição) no ranking da Forbes das celebridades que mais ganharam no último ano.
FRASES
“Não sou corrupto e um dia vou parar ao céu”, Sepp Blatter, o ainda presidente da FIFA
"Era importante a Grécia poder demonstrar que a vida existe fora do euro", Sérgio Sousa Pinto, em entrevista ao i
"Se o referendo fosse em Portugal também não gostaria que os líderes gregos se pronunciassem", António Costa, no Jornal de Negócios
"O governo grego está a usar o seu povo como arma contra a Zona Euro", Helena Garrido, no Jornal de Negócios
O QUE EU ANDO A LER
David Axelrod, The Axe, é hoje, fruto da eleição de Obama para Presidente dos EUA em 2008, considerado um dos grandes gurus da comunicação política e de campanhas (é dele o marcante slogan Yes We Can, criado para uma campanha estadual anterior de Obama). Acaba de lançar "The Believer, My 40 Years in Politics”. Em altura de pré-campanha das legislativas, é bom mergulhar na cabeça, ideias e percurso de alguém que durante décadas teve como missão fazer passar a mensagem de políticos para os eleitores, construir campanhas, criar imagens, vender candidatos. Do que já li, deixo estas duas notas (que o leitor pode adaptar como entender ao que se passa por cá):
-“Quando um incumbente deixa o lugar, os eleitores raramente votam em réplicas do que já tiveram, mesmo que o político cessante tenha sido muito popular”.
-“A campanha vencedora é normalmente aquela que consegue ditar os termos da escolha (em qual candidato votar) através da definição do terreno em que a disputa se joga”.
Por hoje, o Expresso Curto fica por aqui.
|
|
Sem comentários:
Enviar um comentário