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Por Henrique Monteiro
Redator Principal
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17 de Setembro de 2015 |
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O último round do combate dos chefes
No canto vermelho, António Costa, que aparentemente, e por votação do júri, ganhou o primeiro round na semana passada e tem esperanças de repetir o feito. No canto azul, Pedro Passos Coelho, que espera virar as coisas a seu favor, ou pelo menos equilibrá-las, vai ter de jogar ao ataque. Ninguém acredita num KO. Nenhum deles tem argumentos – apesar dos ganchos, esquerdas, direitas e uppercuts – para levar o competidor ao chão. Aqui não há palmas nem relatos em direto. Todos os comentários serão feitos no fim. O combate propriamente dito, através de palavras e interjeições, será transmitido em direto (também nos sítios de Internet, entre os quais o live blog do Expresso – link ativo a partir das 9h15) e em simultâneo por Antena 1, Rádio Renascença e TSF e repetido depois por canais de televisão. Começa já daqui a pouco, às 10 horas, e dura hora e meia. Ótimo para quem tem uma viagem longa pela frente.
Ontem, como aquecimento, António Costa debateu com Jerónimo de Sousa. O PCP está disposto a aliar-se ao PS se o PS concordar com o PCP. O debate foi na SIC Notícias.
Ah! Por pouco não me esquecia da grande, momentosa e frutuosa polémica sobre quem chamou a troika.Por cá, temos duas teorias: Pedro Santos Guerreiro diz que foi ele; eu digo que não fui, mas gostava de ter sido.
OUTRAS NOTÍCIAS
Um terramoto com magnitude de 8,3 na escala de Ritcher e epicentro a 232 km a noroeste de Santiago fez-se sentir por todo o Chile. A presidente Michelle Bachelet já decretou o estado de emergência e houve um alerta de maremoto, ou tsunami, até à Nova Zelândia, que já ficou sem efeito. Para já contam-se oito mortos, mas há ainda um milhão de pessoas deslocadas das zonas costeiras.Relatos aqui (Expresso), aqui (BBC) e aqui (SIC).
A Europa parece de rastos com os refugiados. Ninguém se entende e cada vez mais países fecham fronteiras. Na Hungria, onde o racismo, xenofobia e a retórica anti-refugiados foi mais longe, as autoridades usaram gás lacrimogéneo e canhões de água contra os migrantes, algo que deixou chocado o secretário-geral da ONU.Neste momento, a pressão dos refugiados faz-se sobre a Croácia, onde novos muros se levantam. Bashar Al Assad, uma das fontes do problema (para além do ISIS) diz que não larga o poder na Síria sob pressão (e que pressão será necessária quando o seu país tem 12 milhões de refugiados?). Esta é questão que ocupará o futuro da Europa e do Mundo. De tal modo que quase ninguém se lembra que há eleições na Grécia, já no domingo.
A revista Visão criou uma hashtag #portugalacolhe para incentivar a discussão e a troca de ideias sobre soluções para acolher refugiados. Na edição desta semana, que está hoje nas bancas, conta-se a história de sete refugiados que há anos vivem em Portugal, de como se integraram e fazem hoje parte da sociedade. Uma bósnia, dois somalis, dois iraquianos, um costa-marfinense e um palestiniano afirmam que depois de aprenderem português estão bem integrados.
E a propósito de eleições gregas, anda tudo empatado. Aqui, no The Guardian, pode ter quase toda a informação necessária.
Menos empatados, mas com uma panóplia interessante de murros e rasteiras andam os candidatos republicanos. A BBC diz que no debate desta noite Trump foi esmurrado e que a candidata Carly Fiorina descobriu a kriptonite do bilionário. Pode ver aqui os principais lances desse combate.
Voltando a Portugal, o Jornal de Notícias diz que cada português já pagou 1950 euros para salvar bancos; o Diário de Notícias escreve que a ajuda aos bancos custou 19,5 mil milhões a Portugal; o Jornal de Negócios afirma que o Novo Banco já custou 17 milhões ao BdP e o Público diz que Portugal é dos que mais demoram a recuperar apoios aos bancos.
E o PCP tem uma segurança feroz, que não brinca em serviço (nem deixa brincar). Apanharam uns moçoilos divertidos e modernos, para mais do mesmo sexo (ou será do mesmo género? deve ser as duas coisas) e bateram-lhes. Um médico espanhol que viu um dos rapazes, um galego que praticava sexo oral homossexual em plena Festa, diz que há marcas de cordas no pescoço do moço. O PCP não comenta...Fosse com outro partido e não lhe faltariam palavras. E ainda há o caso de Elton John que diz ter falado com Vladimir Putin por causa dos direitos dos homossexuais. Só que o Kremlin desmente. Qualquer coisa ficou da antiga União Soviética que não joga bem com os gays.
A propósito de contradições: um Bispo, ainda que emérito, deve apelar ao voto? Ou isso é uma intromissão indevida da igreja no estado laico, no terreno de César? Que dirão o PS, o PCP, o Bloco? Nada, porque o Bispo é contra a Coligação e apela ao voto no PS. Fosse ele a favor da direita e outro(s) galo(s) cantariam.
E, finalmente, o futebol. Depois da vitória do Benfica sobre o Astana por 2-0, o Porto, quando parecia que ia ganhar em Kiev (esteve a perder 1-0 e perto do fim do jogo tinha dado a volta para 2-1) deixou-se empatar. Não foi bom, mas não foi mau. Foi um empate. embora Lopetegui se queixe do árbitro por este ter validado o segundo golo do Dìnamo de Kiev com um jogador fora de jogo. Hoje, na Liga Europa (SIC, 20:05) joga o Sporting, em casa, contra mais um russo, o Lokomotiv de Moscovo (depois de ter sido afastado da Liga dos Campeões pelo CSKA da mesma cidade), e ainda, fora de casa, o Braga contra os checos do Slovan Liberec e o Belenenses contra os polacos do Lech Poznan. Domigo, às 19:15, na SportTv, Porto e Benfica encontram-se para o campeonato nacional.
O QUE DIZEM OS NÚMEROS
Em 1995, há 20 anos, um aposentado da Caixa Geral de Aposentações recebia a reforma, em média, durante 11,8 anos. Em 2014 (últimos dados) recebe-a durante 18,4 anos, quase mais sete anos (Pordata)
Em 1993, eram 1 190 838 os beneficiários da ADSE. Em 2013, 20 anos depois, eram mais 100 mil – 1 290 816 (Pordata)
Em 1993 recebiam mais de mil euros como pensões de velhice do regime geral da Segurança Social 3016 pessoas. Em 2013 (últimos números) recebem-na 109309 pessoas.
FRASES
“O tempo está a acabar”, Ângela Merkel, a propósito da aprovação das quotas de refugiados na Europa
“Gostávamos de ser parte da solução do problema, mas isso não pode ser em nosso detrimento. A Sérvia não consegue lidar com isto” Ivica Dacic, ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, referindo o afluxo de migrantes ao seu país depois de os húngaros terem fechado a fronteira.
"Andar a discutir quem chamou a troika é, mais uma vez, iludir aquilo que deveria estar a ser discutido nesta campanha: porque é que ela veio e o que fazer para que não volte", João Miguel Tavares, na sua crónica hoje no Público.
“Querem ser grandes de mais para os poderem banir” anónimo ouvido por Murad Ahmed, Jeevan Vasagar e Tim Bradshaw no Financial Times a propósito da guerra do Uber com os taxistas.
“Os vossos amigos e as pessoas querem poder expressar-se que compreendem e que se relacionam convosco, por isso acho importante dar-lhe mais opções do que um simples ‘like’ como uma forma rápida de expressarem as suas emoções e sentimentos acerca de um post”. Mark Zuckerberg, patrão do Facebook, a explicar por que razão vai haver também um botão de ‘dislike’
O QUE EU ANDO A LER
Ando a ler um livro lançado ontem ao fim da tarde (e já aqui disponível), mas que eu tenho na minha posse há uns dias. Chama-se Quem disse que era fácil? e reconstitui os caminhos de António Costa para chegar ao poder (para já dentro do PS, dentro de 15 dias logo se verá). O livro, que tem prefácios dos dois companheiros de Costa no programa ‘Quadratura do Círculo’, António Lobo Xavier e José Pacheco Pereira, começa, depois de uma aturada cronologia da vida do biografado, com a falsa partida de Costa em janeiro de 2013. Está cheio de revelações interessantes e capítulos com nomes sugestivos, como “Babush” (menino no dialeto de Goa, nome pelo qual era conhecido em criança) ou “Uma Costela no Bloco Central ou uma Quadratura do Círculo” (no qual se revela a boa relação, embora desconfiada, entre Costa e… Miguel Relvas). Muitos destes episódios são desconhecidos de quem não vive os meandros da política (como eu) e tudo isto apesar de António Costa ter recusado colaborar e pedir a quem o contactou para que também não o fizesse (isto mesmo é revelado pelos autores na introdução). De leitura fácil e agradável dá-nos um perfil cuidadoso do líder do PS no tom exato – nem apologético, longe disso -, nem destrutivo. Os testemunhos de inúmeros amigos de Costa, a começar por Jorge Sampaio, António Guterres, Manuel Alegre, Francisco de Assis e muitos mais, identificados ou que não permitiram ser nomeados, garante o rigor e o cuidado da obra. Ah! Falta dizer quem são os autores: Bernardo Ferrão, atual editor de Política no Expresso, e Cristina Figueiredo, que também já teve esse cargo neste jornal. Jornalistas de confiança, trabalhadores, e que merecem que lhes comprem o livro.
Como este livro é curto, menos de 200 páginas com letra generosa e fotografias interessantes, deixo outra sugestão, esta para o fim de semana: a partir de sábado o Expresso distribui gratuitamente a Obra Essencial de Fernando Pessoa. O Bernardo e a Cristina não levarão a mal se eu disser que o poeta é um dos melhores do mundo, um dos poucos considerados no cânone essencial da literatura ocidental. A obra tem nove volumes, será distribuída ao longo de nove semanas, e trata de quase tudo o que Pessoa escreveu: Mensagem (única poesia publicada em vida), poemas ortónimos (assinados Fernando Pessoa); Correspondência e artigos de Imprensa; Livro do Desassossego, do heterónimo Bernardo Soares; os outros mais famosos heterónimos - Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Álvaro Campos, ainda Prosa Crítica e Ensaística e… vejam lá se não é completo, Contos Policiais. Os textos seguem a fixação de Ivo de Castro para a Imprensa Nacional Casa da Moeda e cada volume tem o prefácio de um especialista: Fernando Pinto do Amaral, Richard Zenith, Nuno Júdice, António M. Feijó, Ana Luísa Amaral, Rita Patrício, Clara Ferreira Alves, Miguel Tamen e Pedro Mexia. Tendo em conta que é tudo de graça, só alguém mais distraído e longe do mundo do que Fernando Pessoa perderia esta oferta.
E por hoje é tudo.
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